Doença do sono
A Tripanossomíase Humana Africana (HAT, na sigla em inglês), ou doença do sono, é uma infecção parasitária encontrada na África subsaariana e transmitida pela mosca tsé-tsé.
Geralmente conhecida como doença do sono, a Tripanossomíase Humana Africana é uma infecção parasitária transmitida por moscas tsé-tsé. Essas moscas podem ser encontradas em 36 países da África subsaariana, colocando em risco cerca de 60 milhões de pessoas.
A infecção ataca o sistema nervoso central, causando distúrbios neurológicos graves. Pode levar ao coma e, se não tratada, é fatal.
Definição
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 97% dos casos reportados são causados pelo parasita trypanosoma brucei gambiense, encontrado nas regiões oeste e central da África. O restante dos casos é causado pelo trypanosoma brucei rhodesiense, encontrado nas regiões leste e sul da África. Os casos de tripanossomíase humana africana foram reduzidos de 37 mil novos casos em 1999 para menos de 3 mil casos em 2015.
Causa
O parasita que causa a doença do sono é transmitido para humanos por moscas tsé-tsé infectadas, que procriam em regiões quentes e úmidas. Habitando a vasta savana da África subsaariana, as moscas entram em contato com as pessoas, com o gado e com animais selvagens, todos agindo como hospedeiros dos parasitas trypanosoma.
Embora a doença seja transmitida principalmente através da mordida de uma mosca tsé-tsé infectada, há outras maneiras pelas quais as pessoas são infectadas:
- Infecção de mãe para filho: o trypanosoma pode atravessar a placenta e infectar o feto.
- É possível a transmissão mecânica através de outros insetos sugadores de sangue, porém é difícil avaliar seu impacto epidemiológico.
- Ocorreram infecções acidentais em laboratórios devido a picadas com agulhas contaminadas.
- A transmissão do parasita através do contato sexual já foi documentada.
Sintomas
Os sintomas geralmente aparecem de 1 a 3 semanas após a infecção. Entretanto, podem ser mínimos ou intermitentes durante os primeiros meses, dependendo da região onde a infecção ocorreu, pois a tripanossomíase do leste da África tem período de incubação diferente daquele da tripanossomíase da África Ocidental.
No primeiro estágio da doença do sono, o paciente apresenta sintomas não específicos, como febre, dores de cabeça, fraqueza, coceira e dores nas articulações. Nessa fase, a doença é facilmente tratável, mas de difícil diagnóstico. Sem tratamento, o parasita chega ao sistema nervoso central da pessoa infectada, iniciando-se assim o segundo estágio da doença.
No segundo estágio, os sintomas são mais específicos, podendo ocorrer confusão mental, comportamento violento ou convulsões. A doença tem o nome de seu sintoma mais marcante: os pacientes vivenciam a inabilidade de dormir durante a noite, mas são frequentemente vencidos pelo sono durante o dia.
Diagnóstico
É difícil diagnosticar a doença do sono antes do segundo estágio devido aos sintomas não específicos do estágio inicial. Uma vez que o parasita é detectado, é necessário fazer uma punção lombar para examinar o líquido cérebro-espinhal do paciente. Isso vai determinar a presença do parasita, o estágio da doença, e fornecerá a informação sobre o tipo de tratamento necessário.
Tratamento
Por muito tempo, o tratamento da doença do sono foi feito com um medicamento derivado do arsênico que, de tão tóxico, leva à morte um a cada 20 pacientes.
Um estudo encabeçado pela Iniciativa de Medicamentos para Doenças Negligenciadas (DNDi), iniciado em 2012, permitiu o desenvolvimento do novo medicamento fexinidazol, totalmente oral e sem graves efeitos colaterais. Seu uso foi aprovado em novembro de 2018, representando uma nova página no tratamento da doença do sono.
Médicos Sem Fronteiras é membro-fundadora da DNDi, uma organização sem fins lucrativos dedicada à pesquisa e ao desenvolvimento de novos tratamentos para doenças negligenciadas.
Atividades de MSF
MSF é um dos principais responsáveis pelo suprimento e pela distribuição de medicamentos utilizados para combater a doença do sono no mundo. Os esforços de prevenção, como o controle vetorial, são cruciais para manter a doença do sono sob controle. No entanto, os testes exaustivos demandam um grande investimento em recursos humanos e materiais.
Em 2017, MSF ofereceu tratamento para a doença do sono a 90 pessoas.
Esta página foi atualizada em janeiro de 2019.
Atividades Médicas
O trabalho de MSF envolve uma grande variedade de atividades, desde a organização de campanhas de vacinação até cirurgias reconstrutivas. MSF também pressiona para que medicamentos de qualidade cheguem às populações que não podem arcar com os altos custos de certos tratamentos.