Foto: Julie Remy/MSF

Exclusão do Acesso a Cuidados de Saúde

As equipes de Médicos Sem Fronteiras levam cuidados a populações que, por quaisquer motivos, estejam privadas do acesso a serviços de saúde.

São diversos os fatores que podem inviabilizar esse acesso: em meio a conflitos armados, a insegurança limita os deslocamentos e o receio da violência representa uma ameaça; por vezes, as mesmas insegurança e violência motivam, também, a fuga massiva de profissionais de saúde de uma determinada localidade; a inexistência de um sistema de saúde público institucionalizado e a escassez de profissionais de saúde é comum em diversos países em desenvolvimento; desastres naturais podem destruir instalações de saúde; a falta de recursos financeiros pode impossibilitar o uso de quaisquer tipos de transporte para se chegar às poucas estruturas de saúde disponíveis em regiões de difícil acesso; e, por vezes, a cobrança de taxas referentes às consultas e aos medicamentos pode restringir o acesso à saúde.

Na tentativa de oferecer serviços essenciais e superar tais obstáculos, equipes de MSF avaliam o contexto a fim de implementar a solução que melhor se adapte ao cenário encontrado. A organização pode investir na construção de instalações de saúde permanentes ou provisórias, de acordo com a demanda de saúde identificada em campo, e atuar por meio de clínicas móveis, que tem por objetivo levar cuidados até as regiões e comunidades mais remotas.

Um bebê com suspeita de doença do sono realiza o segundo teste para conclusão do diagnóstico. No hospital local de Mboki, MSF conduziu uma segunda rodada de testes para doença do sono e tratou pacientes com a enfermidade.

 

No sistema de saúde da República Centro-Africana, por exemplo, é os pacientes precisam pagar, de seus próprios bolsos, para bancar o custo que seus atendimentos representam. O sistema não funciona. Não para os pacientes, e não para o sistema de saúde. Na realidade, em um país como a República Centro-Africana, onde o Estado é fraco, a população é pobre e a prevalência de doenças é grande, o sistema da política de contrapartida contribui para o abandono dos cuidados de saúde primários para a maioria da população. As taxas bloqueiam o acesso a cuidados de saúde. No entanto, em muitos países, elas ainda existem.

Violência social e exclusão

A violência urbana presente no cotidiano de diversos países também pode significar uma limitação para o acesso a cuidados. Muitas pessoas não conseguem ter acesso à saúde simplesmente por causa de quem são. Elas podem ter medo de procurar ajuda ou são excluídas porque são forçadas a viver à margem da sociedade.

Entre as pessoas excluídas estão migrantes sem documentos, crianças de rua, profissionais do sexo, pessoas privadas de liberdade, dependentes químicos ou pessoas com transtornos mentais. Algumas vezes, comunidades inteiras são sistematicamente negligenciadas pelas autoridades relevantes. Estas podem ser pessoas que vivem em favelas ou comunidades atingidas pela violência criminosa e pela guerra de gangues. Nossas equipes fornecem apoio médico, psicológico e social a pessoas isoladas dos serviços de saúde. Nosso trabalho também envolve chamar a atenção para os obstáculos que os pacientes enfrentam no acesso à saúde.

Acesso a medicamentos

Inacessíveis, indisponíveis, não adaptados. Pessoas em todo o mundo enfrentam estes desafios no acesso a medicamentos que salvam vidas.

Durante os anos 90, as equipes de MSF fizeram uma constatação desagradável: não estávamos tratando alguns de nossos pacientes que sofriam de doenças infecciosas, enquanto, nos países desenvolvidos, um progresso notável estava sendo feito no campo da saúde. Duas décadas depois, os medicamentos nos países em desenvolvimento ainda são muito caros, não são adequados para serem usados em muitos dos contextos em que trabalhamos (por exemplo, em condições quentes, úmidas ou onde há falta de eletricidade), ou simplesmente não existem para as doenças que precisamos tratar.

Em 1999, lançamos a Campanha de Acesso a Medicamentos Essenciais, agora conhecida como Campanha de Acesso. Sua missão se concentra em três áreas: superar as barreiras ao acesso a medicamentos essenciais, estimular a pesquisa e o desenvolvimento de doenças negligenciadas e promover isenções de saúde aos acordos comerciais globais.

Em 2003, MSF se uniu a vários institutos de pesquisa, incluindo o Institut Pasteur, para criar a iniciativa Medicamentos para Doenças Negligenciadas (DNDi), uma organização sem fins lucrativos de pesquisa e desenvolvimento engajada na pesquisa e no desenvolvimento de novos tratamentos para doenças negligenciadas.

 

Esta página foi atualizada em novembro de 2021.