Foto: Seigneur Yves Wilikoesse/MSF

Desastres naturais e socioambientais

Terremotos, tsunamis, inundações ou ciclones podem ter um impacto devastador em comunidades inteiras. Centenas ou mesmo milhares de pessoas podem ficar feridas, com casas e meios de subsistência destruídos. O acesso à água potável, serviços de saúde e transporte também pode ser interrompido

 

Inundações ou tsunamis podem causar muitas mortes, mas, em comparação, menos feridos. Terremotos podem deixar um grande número de pessoas feridas em questão de minutos, esmagadas em casas e edifícios destruídos. Em alguns casos, hospitais também são danificados, como no Paquistão, em 2005, e no Haiti, em 2010, enquanto dezenas de milhares de pessoas ficam feridas.

Em outros desastres, o sistema de saúde ainda pode permanecer funcional, com uma forte capacidade de resposta a desastres, como no Sri Lanka após o tsunami de 2004. Todas essas diferenças influenciarão o nível e o tipo de resposta que desenvolvemos.

 

Primeiras respostas

Os esforços de resgate nas primeiras horas são realizados principalmente por pessoas que já estavam no local, incluindo membros da comunidade e quaisquer autoridades locais e organizações de ajuda já presentes quando o desastre ocorreu.

Atendemos nosso primeiro paciente logo após o terremoto no Haiti, pois já estávamos prestando atendimento médico por meio de programas no país.
A prioridade urgente é resgatar as vítimas e restabelecer rapidamente os meios de comunicação, transporte e rotas de abastecimento para o envio de ajuda externa.

Implantação emergencial

De catástrofes em grande escala a emergências locais, nossa rede de profissionais humanitários em mais de 80 países e nossos centros de abastecimento em todo o mundo nos possibilitam responder rapidamente a desastres.

Com mais de 40 anos de experiência trabalhando em desastres naturais, desenvolvemos ferramentas para implantar ajuda rápida e assistência para salvar vidas. Isso pode incluir kits cirúrgicos, itens de socorro ou até hospitais móveis inteiros. Nossa equipe de resposta primária pode ser reforçada com equipes adicionais se uma resposta maior for necessária.

Acessando uma zona de desastre

Quanto mais as rotas de transporte forem interrompidas e as comunidades isoladas, mais tempo levará para a ajuda externa chegar. Acessar áreas isoladas pode ser uma corrida contra o tempo, especialmente para as pessoas que precisam ser resgatadas, os feridos que necessitam de tratamento médico e aqueles que vivem em péssimas condições sem nenhum abrigo.

No Nepal, em 2015, muitos vilarejos ficaram isolados por deslizamentos de terra ou simplesmente inacessíveis por estrada, então nossas equipes voaram de helicóptero para avaliar as necessidades e fornecer socorro.

Tratando os feridos

Uma de nossas prioridades é avaliar se há muitos feridos e se as capacidades locais de saúde foram atingidas pelo desastre. Se as pessoas que sofrem de ferimentos e fraturas não têm acesso ao tratamento, incluindo cuidados pós-operatórios adequados, suas feridas podem infeccionar rapidamente.


Enviamos unidades médicas para realização de procedimentos cirúrgicos, atendimento pós-operatório e fisioterapia. Podemos implantar hospitais móveis, como um hospital inflável, que é particularmente apropriado quando há tremores secundários após um terremoto.

Restaurando serviços de saúde e fornecendo itens de socorro

A destruição de casas geralmente significa que as pessoas são deslocadas e forçadas a se reagrupar em assentamentos improvisados. A superlotação, o acesso insuficiente à água potável e a falta de tratamento médico podem estimular a propagação de doenças infecciosas comuns. Dormir ao ar livre e em abrigos temporários pode causar infecções respiratórias, especialmente em crianças.


Nesses casos, o restabelecimento dos serviços de saúde de rotina e o fornecimento de abrigos e artigos de socorro básico também estão entre as prioridades. Também é necessário fornecer suporte de saúde mental para ajudar as pessoas na recuperação do trauma do evento.

Coordenação com esforços nacionais de ajuda

A nossa resposta desenvolve-se através de uma ampla colaboração com os atores nacionais, tendo em conta a importância dos esforços e estratégias locais e as limitações de uma intervenção internacional em termos de tempo, qualidade e pertinência.


Analisamos o valor acrescentado da assistência que podemos proporcionar e questionamos regularmente a pertinência da nossa presença continuada. Nosso objetivo é “devolver” quaisquer atividades médicas às autoridades locais ou parceiros, uma vez que eles não precisem mais do nosso apoio.

Financiamento de emergência

Como organização, temos orgulho do incrível apoio de nossos doadores. Nossa estrutura de financiamento depende de muitas doações regulares de centenas de milhares de indivíduos em todo o mundo, que nos dão recursos financeiros todos os meses. Isso nos dá a flexibilidade e a disponibilidade de recursos para responder às emergências conforme elas acontecem, em vez de criar quantias de financiamento individuais para cada crise separadamente.

Em 2004, após o tsunami no Oceano Índico, MSF se viu rapidamente superfinanciada para o trabalho que precisávamos fazer (pessoas morreram ou não tinham grandes necessidades médicas e a resposta pública global foi incrivelmente generosa).

Isso ocorreu apesar de encerrarmos nosso apelo em apenas alguns dias.

Decidimos entrar em contato com nossos doadores, pedindo permissão para que suas doações direcionadas à resposta ao tsunami pudessem ser usadas em outras emergências e crises esquecidas, como na República Democrática do Congo, Níger ou Sudão do Sul. A resposta de nossos doadores foi extremamente positiva. De todas as pessoas contatadas, apenas um 1% pediu que seu dinheiro fosse devolvido em vez de redirecionado.

Agora, somos muito cautelosos quanto a combinar o financiamento “reservado” com os orçamentos operacionais. Julgamos com muito cuidado quanto precisaremos para nosso trabalho e quanto o público pode nos dar. Em uma emergência, isso é difícil de fazer e às vezes erramos, por exemplo, com o terremoto do Haiti em 2010, quando acabamos precisando e gastando muito mais do que nos permitimos levantar. Mas nossos doadores podem ter certeza de que pensamos muito sobre pedir qualquer apoio extra. Se solicitarmos fundos adicionais para uma crise, é porque a escala das necessidades e a nossa resposta realmente justificam o apelo.

 

Esta página foi atualizada em novembro de 2021.