Uma promotora de saúde de MSF dá pastilhas potabilizadoras de água a uma mulher no vilarejo de Magama, estado de Bauchi. Nigéria, setembro de 2021. © Hussein Amri/MSF

Na Nigéria, atendemos pessoas afetadas pela violência e pelos deslocamentos e respondemos a vários problemas de saúde, como desnutrição grave e surtos de doenças recorrentes.

 

Desnutrição

Nas regiões Nordeste e Noroeste da Nigéria, uma combinação de fatores, incluindo a escalada da violência, os deslocamentos, os preços elevados dos alimentos, as mudanças climáticas e as epidemias, contribuiu para uma grave crise de saúde e de desnutrição.

Em 2022, em resposta a essa situação alarmante, Médicos Sem Fronteiras (MSF) ampliou suas atividades, trabalhando em 32 centros de nutrição terapêutica ambulatorial e 10 centros de nutrição terapêutica intensiva nos estados de Kano, Katsina, Kebbi, Sokoto e Zamfara, na região Noroeste do país.

Na região Nordeste, durante o verão (abril a outubro), o número registrado de crianças com desnutrição em nosso projeto em Maiduguri, no estado de Borno, foi muito maior do que havíamos previsto, o que nos levou a triplicar nossa capacidade de leitos e ajustar nossa intervenção para atender a uma emergência em larga escala.

Também respondemos à desnutrição em outros estados, como Bauchi, lançando uma intervenção emergencial em Toro.

 

Violência e deslocamento

Nordeste da Nigéria

No nordeste da Nigéria, especialmente no estado de Borno, a população enfrenta mais de uma década de conflito armado entre o governo e grupos armados não estatais. Cerca de um milhão de pessoas permanecem deslocadas em todo o estado. Em 2022, as autoridades continuaram fechando os acampamentos para pessoas deslocadas internamente na capital do estado, Maiduguri, restando apenas três na cidade e em seus arredores até o final do ano. A maioria das pessoas deslocadas agora vive em comunidades anfitriãs e em assentamentos informais.

Nossas equipes continuaram a oferecer atendimentos médicos especializados essenciais a crianças menores de 15 anos no hospital pediátrico de Gwange, única unidade que oferece serviços gratuitos de internação pediátrica na região.

MSF suspendeu as atividades em Gamboru/Ngala e Rann em maio e, em dezembro, tomou a difícil decisão de fechar o projeto em razão dos riscos inaceitavelmente altos enfrentados por nossas equipes.

Noroeste da Nigéria

Os níveis de violência contra as pessoas na região noroeste da Nigéria aumentaram significativamente durante 2022, com grupos armados frequentemente matando, saqueando e sequestrando em troca de resgate, e fazendo com que mais de 1 milhão de pessoas abandonassem suas casas. Devido à insegurança, em Anka, Zamfara, tivemos que reduzir de 130 para 40 o número de leitos em nosso hospital. No entanto, continuamos a oferecer atendimento médico na cidade, tanto para os residentes locais quanto para as pessoas deslocadas. Também trabalhamos em dois hospitais e 10 centros de saúde em Shinkafi e Zurmi, respondendo às consequências dessa violência.

Nigéria Central

Confrontos intercomunitários entre pastores e fazendeiros levaram a novas ondas de deslocamento no estado de Benue. Em 2022, mais de 443 mil pessoas viviam em condições terríveis em acampamentos informais1, com acesso limitado a cuidados de saúde, alimentos, água e saneamento. Para atender às enormes necessidades, apoiamos as vítimas da violência em nossas clínicas gerais de saúde nos acampamentos de Mbawa e Ortese. Em três outros, mantivemos serviços gerais de saúde estruturados na comunidade.

Violência sexual e de gênero

Outra consequência alarmante da violência em algumas partes do país foi o aumento do número de sobreviventes de violência sexual, inclusive no campo de Ortese, em Benue, onde intensificamos nossa resposta para apoiar o grande número de mulheres que chegam às nossas unidades de saúde. Em Zamfara, também oferecemos consultas ambulatoriais para sobreviventes de violência sexual e de gênero.

 

Cuidados maternos

Nossas equipes administram os departamentos de maternidade e neonatologia do hospital geral de Jahun, no estado de Jigawa, e uma clínica dedicada ao tratamento de mulheres afetadas por fístula obstétrica, condição causada por danos ao canal vaginal durante o trabalho de parto prolongado ou obstruído. Também apoiamos os serviços básicos de obstetrícia em quatro centros de saúde para contribuir na redução de complicações durante a gravidez.

No estado de Kano, continuamos a prestar suporte a dois centros de saúde gerais e uma clínica voltada para cuidados materno-infantis. Além disso, em nosso projeto recém-inaugurado em Cross River, passamos a apoiar dois ambulatórios, serviços gerais de saúde, atendimentos básicos obstétricos e neonatais de emergência e sistemas de referência para atendimento de emergência vitais. O treinamento é um elemento chave em nossas atividades neste estado. Em 2022, realizamos capacitações para a equipe de saúde sobre a febre de Lassa, nutrição, habilidades laboratoriais e água e saneamento.

 

Noma

Em Sokoto, apoiamos o tratamento do noma, doença negligenciada que afeta principalmente crianças pequenas. Os sintomas iniciais são uma infecção das gengivas que destrói o osso e o tecido da bochecha e do nariz. Se não for tratado, o noma mata até 90% das pessoas afetadas em semanas. Aqueles que sobrevivem ficam severamente desfigurados. Nossa equipe oferece cirurgia reconstrutiva, fisioterapia, serviços de nutrição e atendimento em saúde mental, além de realizar atividades de conscientização para a detecção precoce de casos. Também conduzimos uma campanha de engajamento internacional, pedindo que o noma seja incluído na lista de Doenças Tropicais Negligenciadas da OMS em 2023.

 

Surtos de doenças

Em 2022, as equipes de emergência de MSF trabalharam lado a lado do Ministério da Saúde para controlar os surtos de cólera nos estados de Borno, Kano, Bauchi e Cross River. Nosso apoio incluiu o tratamento de infectadas, apoio nos pontos de reidratação oral, campanhas de vacinação e promoção de saúde, além de melhoria dos serviços de água e saneamento.

No estado de Ebonyi, a febre de Lassa, uma doença hemorrágica aguda, é endêmica. Em Abakaliki, no Hospital Universitário Federal Alex Ekwueme, reforçamos a capacidade médica para combater a doença por meio do treinamento de profissionais da área médica, para a detecção precoce e o encaminhamento de casos, e gestão de casos durante a alta temporada da doença. Também conduzimos atividades de conscientização comunitárias para sensibilizar as pessoas acerca dos sintomas da febre de Lassa, modos de transmissão e mitigação dos riscos, bem como para combater o estigma em torno da doença.

 

Respostas a emergência

MSF continuou pronta para responder a emergências médicas ou surtos de doenças na Nigéria. Em 2022, nossas equipes de emergência lançaram intervenções nos estados de Zamfara, Katsina, Bauchi, Borno, Kano e Ebonyi para responder a várias necessidades urgentes, incluindo desnutrição, febre de Lassa e cólera. No estado de Kogi, fornecemos água potável, fizemos doações de medicamentos e oferecemos treinamento técnico em gestão de saúde e purificação de água para a equipe médica.

 

Dados referentes a 2022

945.500

Consultas ambulatoriais

116.800

Pessoas internadas no hospital

23.100

Crianças com sarampo tratadas

348.100

Casos de malária tratados

36.900

Crianças internadas em programas de nutrição intensiva

12.200

Consultas individuais de saúde mental

185.400

Admissões de crianças em programas de nutrição ambulatorial

25.000

Partos assistidos

3.800

Pessoas tratadas por cólera

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