Equipes de MSF se deparam com barcos de migrantes no Rio Darien. Panamá, junho de 2021. © Sara de la Rubia/MSF

Em 2022, Médicos Sem Fronteiras (MSF) ofereceu cuidados de saúde a migrantes que cruzavam região de Darién, uma área remota de selva na fronteira entre a Colômbia e o Panamá.

O número de migrantes que viajam pela região de Darién aumentou enormemente durante o ano, com quase um quarto de milhão de pessoas registradas na travessia. Apesar das tentativas de obter permissão para trabalhar nos pontos de chegada do lado panamenho da fronteira em 2022, nossas equipes só puderam oferecer assistência às pessoas nos centros de recepção de migrantes de San Vicente e Lajas Blancas – para onde os migrantes são transferidos pelas autoridades depois de cruzarem a região de Darién. Esse atraso pode ser problemático, especialmente para os casos de violência sexual, pois é fundamental que os pacientes recebam atenção médica o mais rápido possível para garantir o tratamento emergencial adequado.

A grande maioria das pessoas que cruzaram a região de Darién em 2022 eram venezuelanos que decidiram deixar outros países latino-americanos, onde haviam se estabelecido, e seguir para o norte, em direção ao México e aos EUA, na esperança de encontrar segurança e melhores oportunidades. Muitas pessoas fizeram a perigosa jornada com suas famílias, incluindo parentes idosos, crianças pequenas e gestantes.

Dependendo da rota, a travessia pela selva de Darién pode levar até 10 dias e é extremamente perigosa. O terreno é traiçoeiro: há penhascos íngremes e os rios estão sujeitos a inundações repentinas. Ouvimos muitos relatos sobre pessoas que morreram afogadas ou por conta de quedas. No percurso, os migrantes também ficam vulneráveis a ataques de gangues criminosas que podem sujeitá-los a emboscadas.

Nossas equipes trabalharam com o Ministério da Saúde para oferecer atendimento médico e apoio à saúde mental aos muitos sobreviventes de violência e violência sexual, inclusive crianças. Muitos sobreviventes de violência sexual não têm acesso a cuidados médicos nas primeiras 72 horas críticas após a ocorrência, o que garantiria um tratamento eficiente. Durante todo o ano, continuamos defendendo publicamente a necessidade de abrir rotas de migração seguras e pedimos aos governos da região que tomassem medidas para proteger as pessoas em movimento.

Dados referentes a 2022

43.100

Consultas ambulatoriais

2.600

Consultas individuais de saúde mental

180

Pessoas tratadas por causa de violência sexual

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