MSF nurse Ahmed is taking care of a patient who was injured in the school where he is currently displaced, at the clinic in Gaza City.

Em 2024, as equipes de MSF ampliaram suas atividades na Palestina para prestar assistência às pessoas feridas e deslocadas pela guerra brutal de Israel em Gaza.  

 

Faixa de Gaza 

Ao longo do ano, Israel intensificou sua campanha destrutiva em Gaza em resposta ao terrível ataque do Hamas e à tomada de reféns em 7 de outubro de 2023. Até o final de 2024, mais de 45 mil palestinos foram mortos,1 e a infraestrutura civil e o sistema de saúde na Faixa de Gaza foram dizimados. Além do profundo trauma físico e psicológico da guerra, 90% dos habitantes de Gaza vivenciaram a experiência angustiante de serem repetidamente deslocados. A maioria das pessoas procurou refúgio em uma área cada vez menor ao longo da costa sul e do centro de Gaza. Nenhuma parte de Gaza foi poupada da ofensiva de Israel, nem mesmo as áreas que haviam sido declaradas “zonas humanitárias seguras”, que foram repetidamente bombardeadas.  

Em maio, a ofensiva sobre a cidade de Rafah, no sul da Faixa de Gaza, marcou um ponto de virada. Mais de 1 milhão de pessoas, incluindo colegas de MSF, foram forçadas a fugir novamente depois de serem deslocadas para tendas superlotadas e abrigos improvisados. Com o início da ofensiva terrestre, as forças israelenses tomaram o controle da passagem de fronteira de Rafah, cortando um dos principais pontos de entrada de ajuda humanitária.  

A maioria dos hospitais em Gaza foi destruída, parcial ou completamente, deixando as pessoas com poucas opções de cuidados de saúde, especialmente na parte norte da Faixa. Entre outubro de 2023 e dezembro de 2024, nossas equipes e pacientes foram vítimas de cerca de 45 incidentes violentos e tiveram que abandonar um total de 17 unidades de saúde. Esstes incidentes incluíram ataques aéreos, incursões em centros médicos e ataques de tanques contra abrigos e comboios protegidos por acordos de não ataque. Quatro dos nossos funcionários foram mortos em 2024, elevando para 12 o número total de funcionários mortos durante a guerra, até o momento desta publicação. 

Ao longo do ano, ampliamos e adaptamos nossas atividades médicas, oferecendo uma ampla gama de serviços. Entre eles, destaca-se o atendimento multidisciplinar a pacientes com queimaduras e lesões traumáticas — incluindo cirurgia, fisioterapia e apoio psicossocial —, além de cuidados maternos e neonatais, assistência básica em saúde, serviços de saúde sexual e reprodutiva, apoio em saúde mental e tratamento de doenças não transmissíveis. Também contribuímos para o acesso à água potável, por meio da distribuição de água, instalação de sistemas de tratamento e construção de instalações sanitárias. 

Embora as equipes internacionais de MSF tenham sido forçadas a deixar o norte da Faixa em outubro de 2023, nossos colegas palestinos permaneceram e continuaram a prestar cuidados às pessoas necessitadas. As equipes no sul e centro de Gaza ampliaram suas atividades nas regiões de Khan Younis e Deir Al-Balah, especialmente na área de Al-Mawasi, onde mais de 1 milhão de pessoas deslocadas foram amontoadas em tendas. A maioria dos pedidos de evacuação médica foi recusada, deixando sem opções aqueles que necessitavam de cuidados médicos especializados.  

O bloqueio de suprimentos humanitários e médicos causou uma escassez crítica de medicamentos e outros bens essenciais. A população ficou isolada, sem acesso a serviços básicos, como água e alimentos, o que agravou drasticamente suas necessidades médicas. Nossas equipes trataram inúmeros recém-nascidos e crianças menores de 1 ano com condições graves, incluindo desnutrição e infecções do trato respiratório. Essas condições estavam ligadas às suas péssimas condições de vida a que estavam expostos. Ambientes superlotados e insalubres e a falta de água potável, sabão ou chuveiros aumentaram a incidência de doenças de pele, distúrbios gastrointestinais e surtos de doenças, como demonstrado pelo ressurgimento da poliomielite.  

No norte de Gaza, o cerco e os ataques incessantes realizados pelas forças israelenses em outubro de 2024 foram uma demonstração clara da natureza indiscriminada da guerra. Em dezembro, nossa equipe de incidência publicou o relatório Gaza: vidas encurraladas pela morte, no qual afirmamos estar testemunhando sinais evidentes de limpeza étnica, uma medida em que a vida palestina estava sendo aniquilada no norte. 

Apelamos repetidamente a um cessar-fogo imediato e duradouro em Gaza, ao acesso urgente e sem entraves à ajuda humanitária para apoiar os palestinos, e a todas as partes no conflito para respeitarem e protegerem as instalações médicas. 

Até o final do ano, nossas equipes estavam apoiando dois hospitais, Al-Aqsa e Nasser, dois hospitais de campanha de MSF em Deir Al-Balah, cinco centros de saúde e duas clínicas. 

Cisjordânia 

Desde que a guerra começou em Gaza, as forças israelenses e os colonos aumentaram o uso de violência física extrema contra os palestinos na Cisjordânia ocupada. Em 2024, Israel introduziu medidas de circulação mais restritivas, obstruindo gravemente o acesso aos cuidados de saúde e agravando as já terríveis condições de vida. As forças israelitas realizaram incursões cada vez mais violentas e prolongadas, particularmente na parte norte do território. No final de agosto, lançaram uma incursão de nove dias em Tulkarem, Jenin e Tubas. Foi a incursão mais intensa desde a Intifada de 2022, resultando na morte de 39 palestinos. Essas incursões, juntamente com a violência dos colonos, as restrições de movimento e as dificuldades financeiras, resultaram no maior número de deslocados forçados dase suas casas em décadas. 

Nossas equipes testemunharam uma rápida escalada da violência. Um número crescente de ambulâncias transportando pacientes críticos foi bloqueado nos postos de controle. Instalações médicas foram cercadas e invadidas. Os profissionais de saúde foram submetidos à violência física e muitos foram mortos.  

MSF continuou a fornecer atendimento de emergência e cuidados básicos de saúde por meio de clínicas móveis, bem como serviços de saúde mental, em Hebron, Nablus, Tubas, Jenin, Tulkarem e Qalqilya. Nossas equipes de saúde mental observaram que o medo constante de incursões e ataques mais longos e imprevisíveis por parte tanto das forças israelenses quanto de colonos teve impacto significativo na saúde mental das pessoas, exacerbando os sentimentos de desesperança e ansiedade. Nos acampamentos de refugiados, fornecemos treinamento de primeiros socorros para paramédicos voluntários e doamos veículos e itens essenciais de socorro para apoiar as comunidades afetadas. 

O acesso à saúde continuou sendo uma grande preocupação. Em resposta, nossas equipes aumentaram o número de clínicas móveis nos arredores de Nablus e em H2, uma área altamente restrita na cidade de Hebron. Em regiões como Masafer Yatta, no sul, a violência por parte de colonos atingiu níveis sem precedentes, com palestinos tendo suas casas, fazendas e rebanhos incendiados ou destruídos. As forças israelenses também demoliram residências, deslocando famílias à força e deixando-as na miséria. 

No final de 2024, restrições severas continuaram a limitar a capacidade das operações humanitárias, incluindo as de MSF, de atender às imensas necessidades das pessoas que vivem em Gaza e na Cisjordânia. 

Dados referentes a 2024

750.100

Consultas ambulatoriais

141.221.000

litros de água clorada distribuídos

37.000

consultas pré-natal

9.370

Intervenções cirúrgicas

123.600

atendimentos de emergência

26.800

pacientes internados

36.700

consultas individuais de saúde mental

49.000

pessoas atendidas por violência física intencional

875

Equivalente em tempo integral

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