Maryam Muhammad, MSF health promotion supervisor in Kebbi, gives a spoon of Tom Brown to a child during a recipe demonstration in Maishaka village, Kebbi State, North West Nigeria. Around a hundred women participated in this demonstration.

MSF está trabalhando na Nigéria para enfrentar os diversos desafios de saúde impostos por violência contínua, desastres naturais e falta de assistência médica, incluindo taxas alarmantes de desnutrição e surtos de doenças. 

 

Muitas unidades de saúde mal funcionam, porque não têm pessoal suficiente e não dispõem dos medicamentos certos. Algumas fecharam completamente. Aquelas que ainda permanecem abertas costumam ser inacessíveis para grande parte da população, que enfrenta inflação acelerada e pobreza generalizada. Ao longo do ano, as equipes de MSF continuaram a prestar apoio às pessoas que fugiam da violência e a responder a surtos de doenças evitáveis, como cólera, febre de Lassa e sarampo. Essas doenças têm se tornado recorrentes no país, em parte pela baixíssima cobertura vacinal. A Nigéria já enfrenta os impactos da crise climática e, em 2024, foi novamente atingida por enchentes severas, que destruíram casas e plantações, agravando ainda mais os problemas de saúde existentes. 

Desnutrição 

Em 2024, registramos novamente um aumento significativo no número de casos de desnutrição atendidos nos centros de MSF em comparação com o ano anterior. Ampliamos a capacidade de nossas unidades para lidar com a crescente demanda, mas o fluxo de pacientes foi tão grande que, em alguns locais, foi necessário improvisar leitos para até cem pessoas por dia. 

Ao longo do ano, realizamos diversas avaliações para identificar os casos de desnutrição. Em Zamfara, 25% das crianças examinadas em duas localidades foram diagnosticados com desnutrição. No estado de Katsina, identificamos sinais de uma grave crise: os níveis de desnutrição em algumas áreas dobraram em comparação com 2023. E, no estado de Kebbi, observamos indícios de que as taxas de desnutrição dobraram em relação a dois anos atrás. 

Nossas equipes relataram esses elevados níveis de desnutrição em nossos 11 centros de alimentação para pacientes internados e 31 centros ambulatoriais no norte do país. Também oferecemos sessões de educação em saúde sobre nutrição e apoio de saúde mental para crianças e seus pais nessas instalações. 

O foco foi envolver a comunidade. No estado de Kebbi, administramos um centro de nutrição intensiva. Também realizamos demonstrações de culinária, usando o método “Tom Brown”, que consiste em preparar um mingau com uma mistura de grãos e legumes. No estado de Bauchi, capacitamos agentes comunitários de saúde a identificar precocemente e tratar a desnutrição. 

Saúde da mulher e violência sexual 

Em 2024, inauguramos um novo hospital no estado de Borno, que atende emergências relacionadas à gravidez e ao parto. Esse hospital atende mulheres com complicações graves, como pressão alta durante a gravidez ou hemorragia pós-parto. Também tem uma unidade de terapia intensiva neonatal para bebês prematuros e recém-nascidos com condições como icterícia. Nesse projeto conjunto, equipes de MSF treinam e atuam em parceria com as equipes do Ministério da Saúde. 

Enquanto isso, repassamos nosso projeto no estado de Benue — que incluía cuidados de saúde sexual e reprodutiva, além do tratamento para violência sexual — ao Ministério da Saúde e a outras organizações. Em Jahun, continuamos oferecendo atendimento obstétrico e neonatal de emergência abrangente, incluindo reparo cirúrgico de fístula obstétrica. 

 

Surtos de doenças e campanhas de vacinação 

Em 2024, nossas equipes iniciaram atividades de emergência para combater doenças, incluindo vários surtos de cólera em todo o país e febre de Lassa em Bauchi. Em dezembro, entregamos ao Ministério da Saúde nosso projeto regular de febre de Lassa em Ebonyi, que tem como focos o enfrentamento do estigma na comunidade e o apoio em saúde mental aos pacientes. Também transferimos o projeto de difteria que conduzíamos em Kano, em resposta ao grande surto ocorrido em 2023. 

Uma das razões pelas quais vemos um número tão elevado de doenças preveníveis, como o sarampo e a meningite, é a baixa cobertura de vacinação em todo o norte da Nigéria. MSF realizou diversas ações para enfrentar essa questão, vacinando crianças nos estados de Zamfara e Adamawa contra o sarampo, além de apoiar as autoridades de saúde nos estados de Gombe e Yobe por meio da doação de medicamentos e do treinamento de equipes para o tratamento da meningite e a administração de vacinas em crianças. Em setembro, lançamos uma campanha de vacinação no estado de Sokoto para proteger contra tétano, difteria e outras doenças. 

Em 2024, a vacina contra a malária foi implementada pela primeira vez em vários estados. Em Kebbi, equipes de MSF apoiaram o Ministério da Saúde na implementação. 

 

Desastres naturais 

Em agosto e setembro, graves inundações atingiram várias partes da Nigéria, destruindo casas e deslocando milhares de pessoas. Em Gummi, no estado de Zamfara, e Maiduguri, no estado de Borno, MSF respondeu realizando consultas médicas e de saúde mental, além de encaminhamentos médicos e atividades de água e saneamento, incluindo o fornecimento de água em caminhões e tanques, a reabilitação de poços artesianos e a instalação ou o reparo de sanitários. 

À medida que as alterações climáticas continuam a impactar as comunidades na Nigéria, seguimos comprometidos em reduzir nossas emissões de carbono. Em 2024, três hospitais apoiados por MSF — localizados em Borno, Jahun e Bauchi — concluíram a instalação de painéis solares. O hospital em Bauchi utiliza agora apenas energia renovável. 

 

Violência e deslocamento 

Anos de insegurança e confrontos entre forças governamentais e grupos armados no nordeste da Nigéria forçaram milhares de pessoas a abandonar suas casas. A maioria vive agora em condições precárias em acampamentos de deslocados, com acesso muito limitado a alimentos e assistência médica. Em 2024, continuamos a oferecer cuidados básicos de saúde por meio de clínicas móveis nos acampamentos em Maiduguri, ampliando essas atividades em setembro, após novo fluxo de pessoas deslocadas em consequência das enchentes. 

A violência armada no noroeste da Nigéria também obrigou milhares de pessoas a abandonar suas casas, interrompeu gravemente as atividades agrícolas e causou o fechamento de unidades de saúde, agravando ainda mais a crise humanitária na região. Além de nossas atividades regulares nas áreas de Shinkafi e Zurmi, administradas pelo governo local de Zamfara, operamos clínicas móveis em acampamentoss de deslocados, oferecendo cuidados básicos de saúde e encaminhamentos para pessoas que fugiram dos vilarejos vizinhos. Nossas equipes também distribuíram itens de ajuda humanitária e prestaram serviços de saúde a comunidades deslocadas no estado de Sokoto. 

 

Noma 

Noma é uma infecção desfigurante e potencialmente fatal, que afeta principalmente crianças pequenas. Após ser incluída na lista de doenças tropicais negligenciadas da Organização Mundial da Saúde (OMS), MSF continua a defender seu maior reconhecimento e investimentos em pesquisa e tratamento, por meio de conferências nacionais e internacionais e ações de conscientização. Ao longo do ano, apoiamos o programa cirúrgico transformador para pacientes com noma no hospital especializado em Sokoto. 

Dados referentes a 2024

1.668.100

Consultas ambulatoriais

200.600

pacientes internados

20.600

pessoas tratadas por sarampo

532.200

Casos de malária tratados

79.600

crianças internadas em programas de alimentação hospitalar

16.900

consultas individuais de saúde mental

296.600

crianças admitidas em programas nutricionais ambulatoriais

35.800

partos assistidos

3.398

Equivalente em tempo integral

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