Médicos Sem Fronteiras (MSF) foi forçada a abandonar abruptamente centenas de pacientes vulneráveis quando foi informada pelo governo nauruano de que seus serviços “não eram mais necessários”.
Em novembro de 2017, seguindo um acordo formal com o Ministério da Saúde nauruano, começamos a  fornecer  atendimento psicológico e psiquiátrico gratuito a cidadãos nauruanos, bem como a solicitantes de asilo e refugiados enviados para a ilha como resultado da política australiana de processamento dos casos fora de seu território.
Segundo essa política, os solicitantes de asilo que tentam chegar à Austrália de barco são enviados para ilhas remotas do Pacífico, para que seu pedido de asilo seja processado. Quando iniciamos nossas atividades, muitos deles haviam passado mais de cinco anos em Nauru e não tinham qualquer esperança de serem realocados em outro lugar.
Após 11 meses de atividades e sem aviso prévio, em outubro o governo nauruano informou-nos de que nossos serviços não  eram mais necessários e, por isso, deveríamos encerrá-los em 24 horas, deixando de repente centenas de pacientes que precisam desesperadamente de cuidados.
Em dezembro, publicamos o primeiro relatório independente, que demonstra o aumento da emergência de saúde mental.  Quase  metade de nossos pacientes nauruanos  necessitaram de tratamento para psicose. Dos refugiados

e solicitantes de asilo que tratamos, 30% tentaram suicídio e 60% consideraram essa possibilidade.

Surpreendentemente, enquanto a maioria dos pacientes nauruanos melhorou sob os cuidados de MSF, apenas 11% dos pacientes refugiados e solicitantes de asilo melhoraram,  demonstrando  uma  ligação entre sua detenção indefinida e a deterioração de sua saúde mental. Essas descobertas forçaram MSF a pedir publicamente o fim da política migratória da Austrália fora de seu território e a imediata evacuação de todos  os refugiados e solicitantes de asilo para um local seguro, onde possam ter acesso rápido a reassentamento permanente.

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