Uma funcionária lava as mãos na clínica de HIV de MSF em Myitkyina. Mianmar, outubro de 2021. © Ben Small/MSF

Ao longo de 2021, em meio a uma crise política cada vez mais profunda em Mianmar, Médicos Sem Fronteiras (MSF) ampliou suas atividades para ajudar a preencher lacunas na saúde pública e responder à pandemia de COVID-19. 

 Os militares de Mianmar tomaram o poder do governo democraticamente eleito em fevereiro de 2021, prendendo seus líderes e impondo um estado de emergência ao país. Dias depois, a equipe médica deixou seus postos em protesto, liderando o movimento de desobediência civil que levou funcionários do governo de todas as áreas a entrarem em greve. Milhares de médicos e enfermeiros estão agora escondidos, impossibilitados de trabalhar por medo de represálias ou detenção. 

 Os serviços públicos de saúde estão em completa desordem desde então. A oferta de tratamento para HIV e para tuberculose (TB) foi interrompida, os serviços básicos de saúde foram reduzidos e conseguir encaminhamentos para atendimento especializado tem sido muito difícil. Quando um devastador surto de COVID-19 atingiu o país em junho, os hospitais ficaram rapidamente sobrecarregados e dezenas de milhares de pessoas morreram, sem poderem acessar os cuidados de que precisavam. 

 

COVID-19 

MSF abriu três centros independentes de tratamento para COVID-19 para receber pacientes com sintomas de moderados a graves na maior cidade do país, Yangon, e nos municípios de Myitkyina e Hpakant, no estado de Kachin. Em agosto, passamos a apoiar uma instalação em Lashio, capital do estado de Shan, ao norte, mas recebemos ordens para fechá-la quatro dias depois de receber nossos primeiros pacientes, que foram transferidos para uma instalação governamental. 

Além disso, disponibilizamos uma linha telefônica direta de informação sobre COVID-19 para pessoas em Muse e Lashio, ao norte do estado de Shan, e em Dawei, capital da reigão de Tanintharyi; doamos suprimentos para algumas instituições, incluindo a prisão de Lashio; e treinamos profissionais da linha de frente de saúde em medidas de controle de infecções e prevenção. 

 

HIV, hepatite C e tuberculose 

Pouco depois de os militares tomarem o poder, suspendemos a transferência de nossos pacientes de HIV para o programa do Ministério da Saúde, que estava em andamento. Diagnosticamos e iniciamos o tratamento para HIV de novos pacientes em grande número pela primeira vez desde 2019 em nossas clínicas nos estados de Kachin e Shan e na região de Tanintharyi, além de termos mantido o atendimento para pacientes que não tinham mais acesso a consultas nem ao reabastecimento de medicamentos nas instalações governamentais habituais. Também demos continuidade ao tratamento de pacientes com TB e pessoas coinfectadas com HIV e hepatite C. 

 

Cuidados básicos de saúde 

Ampliamos nossos serviços básicos de saúde, abrindo clínicas para apoiar pessoas de baixa renda em Yangon, que sofreram o impacto das consequências econômicas da COVID-19 e da crise política. Além disso, adicionamos cuidados básicos de saúde as nossas clínicas em Dawei, Hpakant e Myitkyina e ampliamos os encaminhamentos para tratamento especializado. 

 

Estado de Rakhine 

Os Rohingyas que vivem no Estado de Rakhine estão expostos a ciclos de perseguição há décadas e continuam enfrentando discriminação, segregação, extorsão e restrições de movimentos. Como consequência da exclusão de seus diretos e da concessão de cidadania, os Rohingya também enfrentam sérias restrições no acesso aos serviços básicos, incluindo a cuidados de saúde. 

Continuamos administrando clínicas móveis que oferecem cuidados básicos de saúde, encaminhamentos hospitalares, tratamento para violência sexual e de gênero, educação em saúde e apoio psicossocial aos Rohingyas, a pessoas da etnia Rakhine e a outros grupos étnicos no Estado de Rakhine. Abrimos uma nova clínica fixa no campo de Sin Tet Maw, no município de Pauktaw, melhorando o acesso dos deslocados internos Rohingya e Rakhine a cuidados de saúde. 

Temos uma equipe de agentes comunitários de saúde em áreas que não conseguimos alcançar no norte de Rakhine, que oferecem cuidados básicos e encaminhamentos para tratamento de emergência. 

Dados referentes a 2022

105.400

Consultas ambulatoriais

29

Pessoas iniciaram o tratamento para tuberculose multirresistente (TB-MDR)

8.720

Pessoas em tratamento ARV de primeira linha sob cuidados diretos de MSF

2.540

Consultas individuais de saúde mental

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