Pessoas, inclusive famílias inteiras, seguem para o norte integrando uma "caravana" de cerca de 500 migrantes que viajam da cidade de Tapachula, no sul, em direção ao norte do país. México, setembro de 2021. © Yesika Ocampo/MSF

No México, Médicos Sem Fronteiras (MSF) apoia comunidades afetadas pela violência e o crescente número de refugiados e migrantes que viajam pelo país. 

De acordo com o ACNUR, a Agência da ONU para Refugiados, o número de pessoas deslocadas nos países da América Central atingiu níveis recordes em 2021, criando uma crise humanitária. Quase um milhão de pessoas fugiram de suas casas para escapar da violência e da falta de oportunidades em seus países de origem, situação exacerbada pela pandemia de COVID-19. A nova administração dos EUA havia indicado que adotaria uma atitude mais compassiva com relação aos migrantes e refugiados sem documentos que chegam de países do Sul, mas manteve suas políticas restritivas de asilo. Sob a alegação de saúde pública, as fronteiras do país foram fechadas e centenas de milhares de pessoas foram deportadas para o México e para outros países. Isso, e a criminalização da migração por governos regionais, forçou as pessoas a se arriscarem em rotas mais perigosas, onde foram expostas a roubos, extorsão, tortura, agressão sexual, estupro e sequestro. 

Nossas equipes trabalharam para melhorar o acesso a cuidados médicos e psicológicos em diferentes pontos da rota migratória, priorizando a assistência aos grupos mais vulneráveis: crianças, menores desacompanhados, mulheres que viajam sozinhas, pessoas que não falam espanhol, migrantes extracontinentais, idosos, pessoas LGBTQIAP+ e vítimas de violência direta. 

A mobilidade das nossas operações nos permitiu dar respostas de emergência a necessidades específicas na medida em que as mesmas eram detectadas. Enviamos equipes para trabalhar na fronteira norte do México, em Nuevo Laredo, estado de Tamaulipas, e na Ciudad Acuña, estado de Coahuila, bem como no Sul, onde assistimos os migrantes que chegavam a Tapachula, estado de Chiapas. Nosso centro de atendimento integral na Cidade do México continuou oferecendo assistência médica, psicológica, fisioterapêutica e assistência social aos migrantes, refugiados e cidadãos mexicanos vítimas da extrema violência. 

Em setembro, decidimos reorientar nosso projeto em Reynosa e Matamoros, estado de Tamaulipas, onde estávamos atendendo sobreviventes de violência e violência sexual desde 2019, para ajudar milhares de migrantes presos em condições precárias em abrigos e acampamentos improvisados. Além de consultas médicas e psicológicas, realizamos atividades de promoção de saúde, oferecemos apoio social e distribuímos água potável e kits de higiene. 

No segundo semestre do ano, lançamos uma intervenção de emergência na Cidade do México, focada em atividades de promoção de saúde, para apoiar instituições para atender às necessidades dos grandes influxos de migrantes, principalmente vindos do Haiti. 

 A emergência de saúde de COVID-19 não reduziu as atividades dos muitos grupos armados e gangues que operam no estado de Guerrero. As pessoas continuam a ser deslocadas ou se veem incapazes de se movimentar livremente devido à violência em suas comunidades. Nossas equipes em Guerrero trabalharam para melhorar o acesso a serviços básicos de saúde nessas áreas, administrando clínicas móveis com atendimento médico e psicológico, bem como apoio social. Em janeiro de 2021, MSF ampliou essas atividades para cobrir a região de Tierra Caliente, no estado de Michoacán. 

Dados referentes a 2022

43.900

Consultas ambulatoriais

73

Vítimas tratadas por causa de violência

7.970

Consultas individuais de saúde mental

3.030

Consultas de planejamento familiar

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