Ita Joice, 27 years old, meets her baby girl, Juan, during her caesarean section in Mundari County Hospital, the only secondary healthcare facility in Kajo Keji, Central Equatoria.

Ao longo de 2024, MSF manteve 12 projetos regulares e cinco projetos de emergência no Sudão do Sul, oferecendo uma gama de serviços, incluindo cuidados de saúde gerais e especializados, além de apoio em saúde mental. 

 

Dirigimos um de nossos maiores programas de assistência do mundo no Sudão do Sul, respondendo aos muitos problemas de saúde causados por conflitos contínuos, deslocamentos forçados, inundações recorrentes e surtos de doenças. Essas questões são agravadas por redução significativa do financiamento internacional para programas humanitários e de desenvolvimento, bem como pelo estado precário do sistema nacional de saúde. 

Em 2024, o ambiente para as organizações humanitárias que trabalhavam no Sudão do Sul continuava a ser extremamente perigoso. Durante o ano, profissionais de MSF foram mortos em conflitos intercomunitários dentro de suas próprias comunidades, e tivemos que suspender as atividades em alguns locais após os ataques.  

Surto de doenças 

As equipes de MSF responderam a vários surtos de doenças, incluindo sarampo e febre amarela em Yambio, sarampo no norte de Bahr el Ghazal e hepatite E em Abyei, Bentiu e Old Fangak. Elas também responderam a surtos de cólera em Unity, Alto Nilo, Jonglei, Equatória Central e norte de Bahr el Ghazal. 

Em 28 de outubro, foi declarado surto de cólera na cidade fronteiriça de Renk, que acolhe refugiados e repatriados do Sudão. No final do ano, o surto ainda se espalhava e afetava sete estados. Nossa resposta incluiu a instalação de centros e unidades de tratamento de cólera, atividades relacionadas com água e saneamento, busca ativa de casos, vigilância epidemiológica e apoio à implementação de campanhas de vacinação oral contra a cólera.  

No condado de Fangak, em Jonglei, MSF concluiu com sucesso uma campanha de nove meses de vacinação contra a hepatite E — a primeira campanha desse tipo já realizada durante as fases agudas de um surto ativo e em uma área tão difícil de alcançar. 

Malária e desnutrição 

Diversos picos de casos de malária foram registados em todo o país em 2024, especialmente durante a estação chuvosa. As inundações contribuíram para o aumento da incidência da doença, uma vez que a água estagnada favoreceu a proliferação de mosquitos e elevou o número de casos graves, já que as inundações dificultaram o acesso aos centros de tratamento. No hospital estatal de Aweil, assistimos a um aumento significativo nas internações de crianças que desenvolveram formas graves de malária, por não terem acesso precoce ao tratamento em unidades de saúde básicas. Durante o pico, em setembro, as internações dobraram em comparação a 2023.  

Para tratar casos simples, abrimos locais adicionais de teste e tratamento e ampliamos a enfermaria de malária do hospital de 72 para 94 leitos. Apesar dessas medidas, o hospital continuou a operar além de sua capacidade, obrigando nossas equipes a tratarem pacientes nos corredores. No início do ano, durante o período anual de fome, também registramos um número excepcionalmente alto de internações de crianças com desnutrição aguda grave, o que nos levou a ampliar a capacidade do centro de alimentação terapêutica intensiva de 22 para 44 leitos. 

A partir de julho, MSF começou a implementar medidas preventivas para mitigar a malária, apoiando o Ministério da Saúde na distribuição da vacina contra a malária R21 nos condados com maior carga de doença, incluindo Twic e Aweil. Além disso, antes do pico da temporada de malária, oferecemos quimioprevenção sazonal contra a malária, para proteger os mais vulneráveis contra essa doença mortal. 

Inundações 

O Sudão do Sul sofreu novamente inundações graves e generalizadas em 2024, especialmente durante a estação chuvosa. Isso teve impacto devastador nas comunidades de todo o país. Em Old Fangak, lançamos uma série de iniciativas destinadas a evitar inundações na cidade. Além de instalar medidores de água e treinar a comunidade para monitorar o aumento dos níveis de água, colaboramos com outras organizações, para reforçar com barro os diques. 

As inundações também aumentaram significativamente o risco de doenças transmitidas pela água, como a cólera e a febre tifoide, representando séria ameaça à saúde pública. 

Construímos um hospital de campanha com 20 leitos em New Fangak como medida preventiva, caso o hospital de Old Fangak fosse inundado. Embora não tenha sido originalmente planejado para esse fim, sua presença se mostrou inestimável durante a resposta ao surto de cólera. 

 

Impacto da guerra no Sudão 

MSF iniciou suas atividades em resposta ao grande fluxo de pessoas fugindo do conflito no Sudão em maio de 2023. Continuamos a oferecer serviços médicos e humanitários para refugiados, repatriados e comunidades anfitriãs em várias regiões, incluindo Renk e Bulukat, no estado do Alto Nilo, a Área Administrativa Especial de Abyei e a capital, Juba.  

Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), quase 1 milhão de pessoas cruzaram a fronteira para o Sudão do Sul desde o início da guerra até o final de 2024. Só em dezembro de 2024, mais de 120 mil foram forçadas a procurar refúgio do outro lado da fronteira, por causa do recrudescimento da violência em algumas áreas do Sudão, principalmente no condado de Renk. Em assentamentos informais, como Girbanat, Gozfami e Atam, MSF respondeu enviando clínicas móveis para prestar cuidados de saúde básicos, transportar água em caminhões-pipa e instalar outras infraestruturas de água e saneamento. Continuamos a operar nosso centro de estabilização no ponto de passagem de Joda. 

Em parceria com o Comitê Internacional da Cruz Vermelha, nossa equipe do hospital civil Renk começou a prestar cuidados pré e pós-operatórios a ferimentos relacionados com a guerra. Após o afluxo de refugiados em dezembro, foi necessário montar mais 17 tendas para acomodar o aumento de pacientes. 

Transição para o hospital estadual de Bentiu 

Em agosto, iniciamos a transição gradual dos serviços de saúde do hospital do acampamento de Bentiu para o hospital estadual de Bentiu. Esperamos que esse processo seja concluído até o final de 2025. Em outubro, inauguramos uma unidade pediátrica com 48 leitos no hospital estadual de Bentiu, reformada por nossa equipe, em colaboração com o Ministério da Saúde, e começamos a atender pacientes. MSF e o Ministério da Saúde estão trabalhando em conjunto para transferir esses serviços, manter e aprimorar a prestação de cuidados de saúde no estado de Unity.  

Uso de inteligência artificial (IA) para picadas de cobra 

MSF continuou a colaborar com a Universidade de Genebra e o Ministério da Saúde do Sudão do Sul para aprimorar a identificação de espécies de cobras, utilizando uma ferramenta de IA. Essa abordagem inovadora, que está sendo testada em Twic e Abyei, visa a aumentar o conhecimento local sobre cobras e conscientizar a equipe médica e as comunidades. Também visa a melhorar o tratamento de picadas de cobra.  

Academia MSF para a saúde 

A Academia de Saúde de MSF está trabalhando para enfrentar a escassez histórica de profissionais de saúde qualificados no Sudão do Sul. Em 2024, continuou a oferecer programas de treinamento personalizados para enfermagem e obstetrícia, bem como bolsas de estudo para a Faculdade de Enfermagem e Obstetrícia de Juba. 

Dados referentes a 2024

803.600

Consultas ambulatoriais

84.800

pacientes internados em hospital

4.840

crianças admitidas em programas de alimentação hospitalar

28.500

pessoas tratadas contra malária

16.800

pessoas tratadas contra cólera

2.360

Pessoas tratadas por causa de violência sexual

65.800

vacinas aplicadas contra sarampo em resposta a surto

11.200

Intervenções cirúrgicas

3.814

Equivalente em tempo integral

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