Sudão: nenhum lugar está protegido contra confrontos violentos em El Fasher

Hospitais são atingidos e o número de mortos aumenta com a escalada da violência; MSF pede urgentemente a proteção de civis, profissionais e estruturas de saúde.

Hospital Sul, em El Fasher, em julho de 2023. © MSF

Os intensos e ininterruptos conflitos em El Fasher, no Sudão, não deixam lugar seguro para os civis na cidade. Os pacientes e a equipe médica fazem cada vez mais parte do número alarmante de vítimas, alerta Médicos Sem Fronteiras (MSF). Todas as três principais instalações médicas da cidade foram danificadas pelos confrontos entre as Forças Armadas Sudanesas e as Forças de Apoio Rápido na capital de Darfur do Norte. Apenas duas dessas instalações ainda estão em condições de funcionamento. E o Hospital Sul, apoiado por MSF, foi atingido duas vezes nos últimos dias.

Estamos vendo um banho de sangue acontecendo diante dos nossos olhos em El Fasher. A intensidade dos conflitos está deixando os civis sem trégua e agora os hospitais estão sendo cada vez mais afetados, tornando cada vez mais difícil o tratamento dos feridos.”

Claire Nicolet, coordenadora do projeto de MSF para o Sudão

“As instalações médicas devem ser protegidas, e as partes em conflito devem respeitar o  papel neutro [das unidades de saúde] como espaços de refúgio para pessoas que estão doentes e feridas, onde a população pode receber assistência médica com segurança”, afirma Nicolet.

O Hospital Sul de El Fasher foi atingido pela primeira vez em 25 de maio, quando um morteiro caiu na unidade de cuidados pré-natais matando uma pessoa e ferindo outras oito, entre pacientes e seus familiares. No dia seguinte, uma bomba caiu dentro do hospital e feriu mais três pessoas, enquanto que os fragmentos da explosão quebraram as janelas da sala de parto e da ambulância. Três outras bombas caíram do lado de fora do hospital.

“O Hospital Sul está lotado. É o único hospital capaz de tratar a chegada em massa de feridos e recebeu mais de 1.000 pacientes desde o início dos confrontos na cidade, em 10 de maio. Infelizmente, 145 deles estavam em estado crítico por causa dos ferimentos e morreram. Agora o hospital se encontra na frente de batalha, com um risco significativo de ficar fora de serviço”, diz Abdifatah Yusuf Ibrahim, coordenador de projeto de MSF.

Crianças hospitalizadas em El Fasher já perderam o acesso a tratamento especializado quando uma bomba caiu perto do único hospital pediátrico da cidade, no dia 11 de maio, matando duas delas que estavam na unidade de cuidados intensivos e danificando as instalações. A maternidade saudita foi atingida em 19 de maio.

As instalações de saúde devem permanecer seguras para os pacientes e profissionais que trabalham sob intensa pressão para tratar aqueles que necessitam urgentemente de cuidados de saúde.”

Claire Nicolet, coordenadora do projeto de MSF para o Sudão.

“Instamos as partes em conflito no Sudão a pouparem as instalações médicas, a respeitarem a sua neutralidade, e a defenderem a sua obrigação de proteger os civis, os profissionais de saúde e as estruturas de saúde”, completa Claire Nicolet.

Um profissional de MSF morreu no dia 25 de maio quando sua casa, que ficava perto do principal mercado da cidade, foi atingida pelos bombardeios, em outra demonstração de como nenhum lugar em El Fasher é poupado pela violência deste conflito.

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