Sete contextos de refúgio em que MSF atua e que você precisa saber

Atualmente, há mais de 35 milhões de refugiados em todo o mundo.

Mais de 35 milhões de pessoas estão em situação de refúgio no mundo, segundo a Agência da ONU para Refugiados (Acnur). Os refugiados são pessoas que foram forçadas a deixar seus países de origem devido a guerras, conflitos armados, perseguições relacionadas à raça, religião e nacionalidade e a graves violações de direitos humanos.

Para marcar o Dia Mundial do Refugiado (20 de junho) e refletir sobre a situação de pessoas que precisam deixar tudo para trás em busca de um lar seguro, apresentamos cinco contextos de refúgio em que as equipes de Médicos Sem Fronteiras (MSF) atuam. Confira:

1. Mediterrâneo: a rota de migração marítima mais mortal do mundo

Resgate de refugiados no Mediterrâneo Central. Foto: Anna Pantelia/MSF, 2022

Todos os anos, milhares de pessoas são forçadas a realizar viagens pelo Mar Mediterrâneo Central para fugir de guerras, perseguições e situações de vulnerabilidade em seus lugares de origem. O Mediterrâneo é uma das rotas de migração marítima mais mortais do mundo. Em 2022, foram registradas 1.417 mortes ou desaparecimentos na rota, segundo dados da Organização Internacional para as Migrações (OIM) . Neste ano, o número já chega a 1.064. MSF realiza operações de busca e resgate no Mar Mediterrâneo com seu próprio navio, o Geo Barents.

2. Quênia: a crise em um complexo com mais de 300 mil refugiados

Campo de refugiados de Dagahaley, um dos três que formam o complexo de Dadaab. Foto: MSF

Três campos compõem o complexo de Dadaab, localizado na região Nordeste do Quênia, que abriga mais de 300 mil refugiados, a maioria da Somália, país vizinho. A população do local cresceu rapidamente nos últimos meses, devido a uma seca prolongada na Somália, levando a uma grave superlotação. MSF, que fornece cuidados de saúde abrangentes no complexo, está respondendo a um surto de cólera no local ligado a reduções nas atividades essenciais de água e saneamento nos campos.

3. Chade: a fuga forçada de intensos conflitos no Sudão

Socorro, no Chade, a pessoas feridas em conflitos no Sudão. Foto: Johnny Vianney Bissakonou/MSF

O Sudão é afetado por bombardeios, ataques aéreos e saques generalizados desde meados de abril. A violência forçou mais de 115 mil pessoas a fugir de suas casas e buscar refúgio no Chade, país vizinho, segundo dados do Acnur. Com o aumento da violência no estado de Darfur Ocidental, no Sudão, um grande número de feridos está chegando ao hospital da cidade de Adré, no Chade, onde as equipes de MSF trabalham junto com o Ministério da Saúde. Em apenas três dias, a instalação atendeu mais de 600 sudaneses feridos – 348 deles na última sexta-feira (16/06).

4. Sudão: refugiados que fugiram de conflitos se deparam com mais um contexto de violência

Campo de refugiados de Um Rakuba. Foto: Ehab Zawati/MSF

O Sudão acolhe mais de 1 milhão de refugiados de países vizinhos, como o Sudão do Sul e a Etiópia, que fugiram da violência em busca de abrigo seguro. Infelizmente, eles agora se encontram presos em outro conflito, que está dificultando o acesso a suprimentos e serviços médicos. “Fugimos para o Sudão por causa da guerra, mas a situação agora também é difícil. Eu não posso comprar medicamentos”, disse Moulay Alm Asmlash, refugiado no acampamento de Um Rakuba, onde MSF fornece serviços de saúde a refugiados e comunidades locais.

5. Grécia: centros cercados que parecem prisões

Clínica de MSF no Centro de Controle de Acesso em Samos, na Grécia. Foto: Evgenia Chorou/MSF

Muitas das pessoas que precisam fugir para a Grécia são forçadas a se deslocar por conta de conflitos ou perseguições. Ao chegarem ao país, elas são recebidas com duplas cercas de arame farpado, raios-X e identificação biométrica. Os “centros de acesso controlado e cercado” são resultado de uma política de confinamento agressiva financiada pela União Europeia e estão situados em locais remotos, em cinco ilhas do mar Egeu. As pessoas que procuram por segurança na Grécia são mantidas nesses lugares enquanto o seu pedido de asilo está sendo processado. A situação agrava o trauma psicológico de migrantes, refugiados e solicitantes de asilo.

6. Líbano: deportações forçadas e restrições de movimento para refugiados sírios

Cidade de Arsal, no Líbano. Foto: Carmen Yahchouchi/MSF

Refugiados sírios estão encontrando cada vez mais dificuldades para acessar serviços médicos vitais no Líbano, devido a relatos de deportações forçadas e restrições à liberdade de movimento. “Todo mundo fica em casa, paralisado pelo medo”, disse um refugiado sírio de 75 anos que recebe tratamento para diabetes na clínica de MSF em Arsal, uma cidade isolada no norte do Líbano, perto da fronteira com a Síria, onde a situação é particularmente grave.

7. Rohingya: a maior população apátrida do mundo

Cox’s Bazar, em Bangladesh. Foto: Vincenzo Livieri/MSF

Os Rohingya são uma minoria muçulmana do norte do estado de Rakhine, em Mianmar, um país de maioria budista. Após ciclos recorrentes de violência desde 1962 e a negação de seus direitos, quase um milhão de membros da comunidade Rohingya vivem agora em Cox’s Bazar, em Bangladesh, o maior campo de refugiados do mundo, onde MSF fornece serviços de saúde. Os Rohingya ainda são apátridas e, por isso, não são oficialmente reconhecidos como refugiados, embora tenham alguma proteção garantida por meio do Acnur.

*Apátridas são as pessoas que não têm sua nacionalidade reconhecida. Os cartões de identificação nacional do povo Rohingya foram confiscados pelos militares de Mianmar (antiga Birmânia), em 1978. Após ondas de violência e deslocamento, essas pessoas passaram a ser consideradas “estrangeiras” em seu próprio país. Em 1982, uma nova lei de cidadania nacional reconheceu legalmente 135 grupos étnicos presentes no país.

Entretanto, os Rohingya, com uma população de cerca de 1 milhão de pessoas, não estavam na lista e se tornaram apátridas.

 

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