Migração no Mar Mediterrâneo: seis histórias de sobrevivência

Pessoas forçadas a atravessar uma das rotas de migração mais mortais do mundo relatam violência e abusos no decorrer de suas jornadas.

Todos os anos, milhares de pessoas são forçadas a realizar viagens pelo Mediterrâneo para fugir de guerras, perseguições e situações de vulnerabilidade em seus lugares de origem. O Mar Mediterrâneo Central é uma das rotas de migração mais mortais do mundo. A falta de trajetos seguros e legais para que as pessoas cheguem à Europa as força a enfrentar essa rota e as expõe ainda mais a redes de tráfico humano. Na Líbia, a detenção de migrantes e refugiados interceptados no Mediterrâneo é um mecanismo usado para promover sequestros e extorsões.

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Médicos Sem Fronteiras (MSF) realiza atividades de busca e salvamento no Mar Mediterrâneo Central com nosso próprio navio, o Geo Barents. Também prestamos assistência a migrantes na Líbia e para pessoas que chegam à Europa.

Conheça seis histórias de sobrevivência de pessoas que atravessaram o Mar Mediterrâneo e foram atendidas por nossas equipes.

Ochek, da Eritreia

Ochek, da Eritreia, foi um dos 73 sobreviventes resgatados de um barco inflável superlotado pelas equipes de MSF no dia 7 de janeiro de 2023, em águas internacionais na área marítima da Líbia. Após a operação, a Itália nos designou Ancona como porto de desembarque, enquanto outros locais adequados estavam muito mais próximos da localização do Geo Barents. O pedido de MSF por um local de segurança mais próximo foi rejeitado, o que vai contra o direito marítimo internacional. Em 12 de janeiro, finalmente, todas as pessoas resgatadas tocaram o solo após uma longa viagem até Ancona.

Yannick, de Camarões

Crianças e adolescentes desacompanhados chegam à França após viagens longas e muitas vezes traumáticas. Esse foi o caso de Yannick, um jovem que recebeu apoio no centro de acolhimento e orientação de MSF em Pantin. Yannick deixou Camarões em 2019, onde vivia em situação de rua, e foi sequestrado por traficantes de pessoas que o venderam na Líbia.
Saiba mais sobre a história de Yannick aqui.

Janice, de Camarões

Mulheres que se veem forçadas a deixar seus países de origem são expostas à violência e a assédio durante suas jornadas migratórias. Janice, que saiu de Camarões em busca de melhores condições de vida, enfrentou noites dormindo na rua, uma longa viagem pelo deserto e abusos. Ela ficou grávida após sofrer violência sexual na Líbia e precisou tomar a difícil decisão de atravessar o Mar Mediterrâneo com o filho. Janice e seu bebê foram resgatados por nossas equipes a bordo do Geo Barents no ano passado.

Seydou, da Costa do Marfim

Seydou saiu da Costa do Marfim aos 16 anos em busca de melhores condições de vida para ele e a família. Percorreu milhares de quilômetros, atravessando cinco países. No Deserto do Saara, o caminhão no qual viajavam 45 pessoas, incluindo Seydou, quebrou. O grupo permaneceu ali por uma semana e chegou a ficar sem água durante dias. Em março de 2022, Seydou foi resgatado no Mar Mediterrâneo pelas equipes a bordo do Geo Barents.

Jimmy, do Senegal

Em uma de suas quatro tentativas de atravessar o Mar Mediterrâneo, Jimmy, do Senegal, foi detido na Líbia, tendo sua liberdade negada sob ameaça de morte por meses a fio. Ele relata que, na prisão, se alimentava apenas com um único pedaço de pão por dia. Esse contexto de discriminação e perseguição atinge milhares de migrantes e refugiados subsaarianos.

Romeo, de Camarões

Romeo foi resgatado por equipes de MSF a bordo do Geo Barents no Mar Mediterrâneo Central, em 5 de agosto de 2021. Partindo de Camarões, ele sofreu diversas violências na Líbia e durante toda a sua jornada. Romeo foi mantido em cativeiro por contrabandistas em uma casa em Zintan (Líbia). Depois, foi arbitrariamente detido em vários centros de detenção na Líbia e abusado física e mentalmente repetidas vezes.

Nomes foram alterados para preservar a identidade dos sobreviventes.

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