Ampliando o acesso à contracepção em área com difícil acesso a cuidados de saúde essenciais no estado de Bolívar, Venezuela

Desde novembro de 2021, MSF fornece consultas de planejamento familiar a mais de 1 mil mulheres em Tumeremo, onde a principal atividade econômica é a mineração de ouro.

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Foto: Jesus Vargas/MSF

Muitas vezes, as mulheres lutam para ter acesso a cuidados de saúde reprodutiva em áreas do estado de Bolívar, na Venezuela, como Tumeremo, onde a principal atividade econômica é a mineração de ouro. As pessoas trabalham dentro e ao redor das minas por meses ou cuidam de crianças em casa enquanto seus parceiros trabalham nas minas. E cuidados de saúde essenciais, como a contracepção, muitas vezes são caros demais ou estão indisponíveis.

Desde novembro de 2021, uma equipe de Médicos Sem Fronteiras (MSF) trabalha com o Hospital José Gregorio Hernández, em Tumeremo, para fornecer consultas de planejamento familiar a mais de 1 mil mulheres. Quase 90% dessas mulheres optaram por receber alguma forma de contracepção e mais de 70% receberam um método contraceptivo de ação prolongada, como um implante subdérmico ou um dispositivo intrauterino (DIU).

“Há uma grande necessidade”, explica Armando, que acompanhou sua esposa até o Hospital José Gregorio Hernández. “Minha esposa queria um dispositivo intrauterino e, quando chegamos, encontramos quase 500 pessoas esperando. Todas elas tinham consultas marcadas. Um mês depois, minha esposa implantou seu dispositivo intrauterino de cobre”.

“O trabalho da equipe de promoção da saúde é levar uma mensagem de conscientização à comunidade para que as pessoas se empoderem. Quando uma mulher vai à consulta de saúde sexual e reprodutiva, ela é encaminhada por uma de nós que foi até sua casa e falou com ela; é muito gratificante ver os resultados do nosso trabalho”, disse Moirelis Guirón, promotora de saúde de MSF de Tumeremo, no estado de Bolívar. Venezuela, 2022. Foto: Jesus Vargas/MSF

 

A equipe de MSF atende cerca de 20 pacientes duas vezes por semana para consultas de saúde sexual e reprodutiva. Além disso, em média, 10 mulheres são rastreadas por dia para infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), como sífilis, HIV/Aids e hepatite B. A equipe de promoção da saúde de MSF trabalha no hospital e na comunidade, aumentando a conscientização entre as pessoas sobre a prevenção e o controle da gravidez e de ISTs.

Johanna, de 21 anos, chegou em Tumeremo há dois anos pensando que encontraria oportunidades nas minas para enviar dinheiro para seus pais, que cuidam de sua filha de quatro anos em Trujillo, no oeste da Venezuela. No Hospital José Gregorio Hernandez, promotores de saúde e a equipe médica de MSF conversaram com ela sobre os serviços de saúde sexual e reprodutiva. Há alguns meses, quando seu filho Jeremy nasceu, ela recebeu um implante subdérmico no mesmo dia.

“Eu já fui à mina e levei o bebê comigo”, diz Johanna. “É muito difícil lá… Não quero mais ficar aqui, quero voltar para casa. Minha família me disse para voltar para Trujillo. Sou muito grata por ter o implante; estou tranquila e agora posso cuidar do meu bebê e voltar para casa”.

Johanna, de 21 anos, com o filho Jeremy. Venezuela, 2022. Foto: Jesus Vargas/MSF

 

Jessica, mãe de sete filhos em Tumeremo, descreve como ela deu à luz aos 14 anos, aos 15 e aos 18. “Meu marido trabalha nas minas, longe daqui, e passa até um mês lá”, diz ela. “Ele nos envia dinheiro, suprimentos ou o que puder. Enquanto isso, aqui eu sou manicure e trabalho com limpeza. Eu não pude continuar com os estudos, tenho que ficar em casa para cuidar das crianças”.

“Quando fui ao Hospital José Gregorio Hernández, foi tudo muito rápido, olhei para o outro lado enquanto colocavam o dispositivo (contraceptivo) e estava pronto. O médico me explicou tudo. Até agora, me senti bem e estou tranquila. É menos uma coisa para me preocupar”, disse Jessica, na foto com suas filhas. Venezuela, 2022. Foto: Jesus Vargas/MSF

 

Brigitte, de 27 anos, também mora em Tumeremo. Ela tem cinco filhos. “Estou em casa o tempo todo cuidando das crianças. Meu marido trabalha nas minas, e eu passo o dia todo cuidando das crianças para que elas não vão para a rua. É muito difícil. Ele passa até dois meses na mina. Eu fui e trabalhei fazendo o que pude: limpando, cozinhando, até lavando terra para conseguir ouro. As crianças não estudam. Não tenho carteira de identidade e não consegui matriculá-las na escola. Estudei até o primeiro ano do ensino médio, e então tive meu primeiro filho e não pude continuar”.

Brigitte e seus filhos. Venezuela, 2022. Foto: Jesus Vargas/MSF.

 

O acesso à contracepção está agora permitindo que mais mulheres decidam se querem ter filhos e, em caso afirmativo, quando.

“Saber que podemos ajudar tantas mulheres me motiva a continuar todos os dias e a fazer o meu melhor”, diz Jusluis Rodríguez, obstetra/ginecologista de MSF.

 

MSF trabalha na Venezuela desde 2015 com atividades médicas nos estados do Amazonas, Anzoátegui, Bolívar e Táchira. Em Bolívar, fornecemos apoio às autoridades regionais no município de Sifontes, nas áreas de Tumeremo e Las Claritas. Em colaboração com as autoridades de saúde, MSF fortaleceu os serviços de emergência, detecção e tratamento da malária e triagem da COVID-19.

 

 

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