MSF protesta contra o controle ilegal das milícias armadas

MSF protesta contra o controle ilegal das milícias armadas

A organização internacional de assistência à saúde Médicos Sem Fronteiras afirma que a obstrução da ajuda médica para os civis palestinos nos territórios de ocupação alcança níveis alarmantes. Num momento em que os palestinos estão sujeitos às mais intensas pressões militares, MSF vivenciou fortes restrições nas tentativas de alcançar as famílias mais isoladas.

Até mesmo em Hebron e na Faixa de Gaza, região onde MSF está trabalhando e que não está sendo priorizada pelos ataques do exército de Israel, o acesso a cuidados médicos é muito arriscado.

Um incidente particularmente perturbador aconteceu na manhã de dois de abril. A equipe de MSF (um médico, um tradutor e um motorista) foi para a área de Um Amer, no distrito de Hebron, para prestar consultas médicas a famílias palestinas que moram em áreas isoladas. O carro de MSF estava totalmente identificado com adesivos e bandeiras. Cada membro da equipe estava vestido com uma jaqueta de MSF.

A equipe passou por duas barreiras militares e foi autorizada a continuar depois de apresentar cartões de identificação de MSF. A terceira barreira envolveu 3 soldados israelenses que pularam detrás de algumas árvores e apontaram suas armas para a equipe. O carro finalmente foi autorizado a passar depois que a equipe explicou a missão.

Quando eles estavam quase alcançando a cidade, o carro foi parado novamente por dois civis que carregavam armas automáticas. Estes homens, que pareciam ser seguranças de um acampamento vizinho, pediram os documentos de identidade e confiscaram as chaves do carro enquanto verificavam a documentação. O carro foi detido por meia hora sem nenhuma explicação antes da permissão para continuar.

MSF denuncia fortemente este último incidente, o qual ilustrou novamente a constante violação dos direitos humanitários internacionais ao livre acesso aos nossos pacientes. Isso é também uma total contradição às garantias oferecidas para as nossas equipes pela Força de Defesa Israelense nos territórios ocupados em relação à liberdade de movimento para equipes médicas.

No passado, nós solicitamos e obtivemos o direito de nos movimentar sem restrições no nosso trabalho. Entretanto, como as circunstâncias pioraram, nós estamos descobrindo que as permissões são cada vez menos seguras. No momento, mesmo quando recebemos uma autorização para prosseguir, achamos freqüentemente que nosso acesso a determinados destinos é negado.

MSF considera que essa situação é uma anulação do nosso direito de acessar às vítimas do conflito atual, assim como do direito dos civis ao acesso a cuidados de saúde. Nós estamos muito preocupados com a aparente indiferença do exército nesses casos. Isso inclui não somente o comportamento dos soldados nas barreiras, mas também o fato de o exército permitir a intervenção da milícia armada independente até no nosso trabalho.

MSF está tentando oferecer serviços psicológicos e médicos para as famílias palestinas que vivem em Hebron e na Faixa de Gaza. Nossas equipes reúnem dez expatriados médicos e 23 funcionários locais que também estão tentando alcançar outras cidades na Cisjordânia para avaliar todas as necessidades emergenciais e médicas.

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