“Foi um prazer contribuir para que recebessem não apenas assistência médica de qualidade, mas também um pouco de carinho”

Em Histórias de MSF, Mercedez Cortez, venezuelana que atuou como supervisora de enfermagem, compartilha sua experiência em projeto para migrantes no Peru.

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Mercedes Cortez, supervisora de enfermagem de MSF na clínica em Tumbes, no Peru. © Lisa Mena/MSF

Mercedes Cortez atuou como supervisora de enfermagem na clínica de Médicos Sem Fronteiras (MSF) para fornecer assistência médica a migrantes em Águas Verdes, no Peru. Assim como muitas outras pessoas, Mercedes Cortez teve de deixar a Venezuela, seu país de origem, em busca de uma vida melhor.

Em nosso projeto, a maior parte dos migrantes atendidos eram venezuelanos. Aqui, ela compartilha a sua motivação e alegria em contribuir para que as pessoas de sua comunidade recebessem cuidados de saúde de qualidade e um pouco de conforto durante as difíceis jornadas:

 

“Por causa da crise socioeconômica em curso no meu país, assim como muitos outros venezuelanos, tomei a difícil decisão de sair em 2018 em busca de melhores oportunidades para minhas duas filhas. Saí sozinha com o objetivo de encontrar um lugar seguro e estável onde elas pudessem dormir, comer e continuar os estudos, que era minha principal preocupação. Depois de muito esforço, consegui me estabelecer no Peru e, no ano seguinte, minhas filhas e eu finalmente nos reunimos novamente.

Quando soube que MSF havia montado uma clínica na cidade de Tumbes, no norte do país, para oferecer assistência médica a migrantes vindos principalmente da Venezuela, senti a necessidade de estar lá para apoiar minha comunidade.

 

 

Ver a tristeza e a exaustão em seus olhos por causa dos desafios que enfrentam é de cortar o coração. Eles se sentem frustrados, desidratados, doentes e sobrecarregados enquanto atravessam por diversos países, nos quais, muitas vezes, a experiência não é satisfatória. Além disso, eles têm frequentemente suas economias ou pertences roubados nas fronteiras ou trilhas, tornando a jornada ainda mais difícil.

Apesar de todas as dificuldades, quando os pacientes descobriram que havia uma pessoa venezuelana no centro de saúde para ajudá-los e fornecer atendimento médico, ficaram muito animados. Eles ficaram imensamente felizes e se sentiram mais confiantes. Foi um prazer para mim contribuir para garantir que eles recebessem não apenas assistência médica de alta qualidade, mas também um pouco de carinho.

Mercedez durante um atendimento de um paciente pediátrico na clínica de MSF em Tumbes, no Peru. © Lisa Mena/MSF

Nos quase dois anos em que trabalhei com MSF, vi famílias inteiras passarem por lá, inclusive com bebês recém-nascidos e mulheres grávidas, que foram muito afetados pelas mudanças drásticas no clima que enfrentaram ao longo do caminho. A maioria deles chegava a pé, apresentando problemas respiratórios e de pele.

Me lembro de uma mãe com seus bebês gêmeos, de 7 meses de vida, que chegaram à nossa clínica com desidratação e precisando de hospitalização imediata. Com a ajuda de uma assistente social, conseguimos providenciar a internação deles em um centro de saúde próximo. Embora eles estivessem em estado crítico, conseguimos que recebessem o tratamento que precisavam. Após 10 dias de tratamento, eles receberam alta e continuaram a travessia para o Chile.

A situação dos migrantes que decidiram ficar no país era um pouco diferente, pois normalmente eles tinham um lugar para dormir e cozinhar, o que já era um passo significativo para se sentirem mais seguros. Eles encontraram um espaço onde pudessem se abrigar todos os dias e até mesmo conseguir um trabalho para se estabelecer.

Depois de cinco anos de espera, finalmente tive a oportunidade de visitar novamente a Venezuela. O sacrifício valeu a pena na época, e continua valendo agora.”

Atuação de MSF em Tumbes

De 2021 até outubro de 2023, profissionais de MSF forneceram cuidados de saúde essenciais para migrantes na clínica da organização em Águas Verdes, na cidade de Tumbes, no Peru. Localizada na fronteira com Equador, a instalação de MSF também funcionou como um ponto de apoio, onde as pessoas em trânsito podiam se hidratar e descansar um pouco depois de percorrer longas e exaustivas travessias.

 

 

 

 

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