Febre hemorrágica Marburg em Uganda mobiliza MSF

Vírus semelhante ao Ebola demanda resposta estruturada por parte do Ministério da Saúde, apoiado por MSF

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Em 29 de setembro, um homem ugandense, aparentando 30 anos e apresentando sintomas de febre hemorrágica, morreu em um hospital na capital de Uganda, Campala. No dia 4 de outubro, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, sigla em inglês) anunciou que os testes de sangue do homem revelaram contaminação por febre Marburg. A organização humanitária internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF), que atua em Uganda desde 1986, está mobilizando suas equipes em preparação para uma resposta.

A febre hemorrágica Marburg é uma doença infecciosa viral aguda que pertence à mesma família do Ebola. Infelizmente, muitas vezes é fatal. Os modos de transmissão (po rmeio do contato com alguns animais – morcegos ou macacos – e entre as pessoas – contato direto com sangue, fluidos corporais, secreções e tecidos de pessoas doentes, animais ou cadáveres) e os sintomas (início súbito de febre alta, fortes dores de cabeça, dores musculares e fraqueza, vômitos, diarreia, hemorragia interna e externa) são semelhantes. Durante o período de incubação (entre dois e 21 dias), as pessoas infectadas não transmitem o vírus.

“Tal como acontece com o Ebola, não há vacina e nenhum outro tratamento além dos cuidados de apoio ao tratamento (reidratação, estabilização da pressão arterial, redução da febre, administração de analgésicos e antieméticos)”, explica a Dra. Estrella Lasry, referente de MSF em doenças tropicais. “A última epidemia de Marburg em Uganda foi em 2012 e durou pouco mais de dois meses. Houve 20 casos e 45% deles foram fatais. Nesse mesmo ano houve também duas epidemias de Ebola no país”.

MSF trabalha em Uganda desde 1986. “Geralmente, conduzimos atividades voltadas para o HIV e relacionadas à Aids, mas, como em todos os nossos projetos, nossas equipes estão sempre preparadas para responder a situações de emergência: em 2013/2014, prestamos assistência a refugiados congoleses e sul-sudaneses; em 2012, foi uma resposta à epidemia de Ebola”, conta Pierre Mendiharat, coordenador de programa de MSF em Uganda.

O homem que acaba de morrer morava perto de Mpigi, um distrito situado a cerca de 23 quilômetros de Campala. Ele foi contratado em um dos centros de saúde do distrito e trabalhava à noite no hospital de Mengo, no centro da capital. “O Ministério da Saúde e o CDC estão tentando rastrear todas as pessoas que tiveram contato com ele e que podem ter sido infectados para que possam – se necessário – ser isoladas e colocadas sob observação”, explicou Pierre Mendihart. “Mpigi e Mengo podem ser os primeiros lugares para onde pessoas potencialmente infectadas sejam encaminhadas. Os profissionais precisam estar devidamente protegidos (triagem, vestimentas de proteção, luvas e máscaras) para que possam examinar e encaminhar os casos suspeitos em completa segurança”.

Tal como acontece com o Ebola, a família e os profissionais de saúde em contato com pacientes infectados estão particularmente em risco de contaminação. Em colaboração com o Ministério da Saúde, MSF está a reforçando sua capacidade de responder a uma possível epidemia, tendo concentrado esforços iniciais na supervisão e treinamento do pessoal de em gestão clínica da doença e em medidas de controle da infecção. Para isso, uma equipe de emergência está sendo estruturada, composta por dois coordenadores, três profissionais da área média (que acabam de concluir particiações nos projetos de Ebola na África Ocidental) e dois técnicos especializados em água, higiene e saneamento. Um estoque de equipamentos especializados já estava disponível no local e um kit completo para tratamento de Ebola/Marburg de 15 pacientes está a caminho de Campala. MSF fornecerá trajes/vestimentas especiais e equipamentos de proteção pessoal (PPE, sigla em inglês), bem como equipamento especializado de higiene e saneamento para os centros de saúde de Mpigi e Mengo. Os profissionais locais dos centros serão treinados para o uso correto dos PPEs e para implementação de medidas de controle de infecção. No centro de referência do hospital de Mulago, em Campala, para onde todos os casos suspeitos de Marburg serão enviados, MSF vai reabilitar a unidade de tratamento e apoiar as atividades do Ministério da Saúde, caso algum paciente seja admitido. Por fim, uma ambulância de MSF irá transportar os casos suspeitos dos centros de saúde para o hospital de Mulago.
 

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