Equipes de MSF em hospital no Chade atendem mais de 70 feridos do Sudão

Em seis semanas, quase 100 mil pessoas foram forçadas a fugir dos conflitos no Sudão e cruzaram a fronteira com o Chade.

Um total de 72 pessoas feridas do Sudão foram tratadas no hospital na cidade de Adré, no leste do Chade, por Médicos Sem Fronteiras (MSF) em parceria com as autoridades de saúde locais. Esse número é resultado dos intensos conflitos e da violência que assolam Darfur e outras regiões do Sudão há mais de seis semanas e que já forçaram quase 100 mil pessoas a fugir para o Chade desde o dia 15 de abril.

“Os primeiros feridos chegaram de forma esporádica, a partir de meados de maio. Depois disso, cerca de 50 chegaram nos últimos dias”.
– Christophe Garnier, coordenador de emergência de MSF no Chade.

“A maioria dos pacientes sofreu ferimentos de bala em confrontos e ataques ao sul de El Geneina, na cidade fronteiriça de Masterei, que tem uma população de cerca de 80 mil pessoas, incluindo muitas pessoas deslocadas de vilarejos vizinhos”, explica Garnier.

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Os feridos chegam à cidade de Goungour, no Chade, a cerca de dez quilômetros de Masterei, de onde são encaminhados pelo Ministério da Saúde e pelas equipes de MSF para o hospital em Adré. O paciente mais jovem recebido tinha 3 anos de idade. Muitas das pessoas em estado de saúde crítico foram deixadas para trás, incapazes de viajar para o Chade ou de ter acesso a cuidados médicos no estado de Darfur Ocidental, incluindo na capital El Geneina, onde a violência é particularmente intensa.

“Refugiados de Darfur Ocidental estão relatando cenas muito perturbadoras de violência, com homens armados atirando em pessoas que tentam fugir a pé, aldeias sendo saqueadas e feridos morrendo”.
– Christophe Garnier, coordenador de emergência de MSF no Chade.

“Os hospitais na região enfrentam falta de profissionais, equipamentos e eletricidade, o que está afetando a capacidade de funcionamento. Isso se eles ainda não foram colocados fora de operação por conta de saques e destruição”, completa Garnier.

As equipes de MSF estão em Adré desde 2021 e atuam com as autoridades de saúde do Chade para atender às crescentes necessidades dos refugiados sudaneses e da população local. Nos centros de saúde das cidades de Adré, Hilouta e Mahamata, apoiados por MSF, os profissionais observaram um aumento de cerca de 40% nas consultas pediátricas na última semana, parcialmente ligado à chegada de novos refugiados na região.

As equipes de MSF também foram até locais onde há mais pessoas refugiadas, como a cidade de Goungour, para oferecer consultas médicas e campanhas de vacinação contra o sarampo. Mais de 30 mil crianças foram vacinadas contra o sarampo em Koufroun, Diza, Midjiguilta e Goungour. MSF também oferece assistência médica a refugiados e comunidades que os recebem na província de Sila.

Com o início da estação chuvosa, as condições de vida já extremamente precárias nos acampamentos improvisados vão piorar, e as inundações dos rios vão complicar as possibilidades de movimento e abastecimento”, explica Garnier. “Ainda mais porque este período é acompanhado todos os anos por uma prevalência muito alta de malária e corresponde aos meses mais difíceis em termos de insegurança alimentar e desnutrição infantil na região”.

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A interrupção do comércio com El Geneina, a potência econômica da região, também deve exacerbar o aumento dos preços dos alimentos básicos em uma área altamente vulnerável à insegurança alimentar. A resposta às necessidades urgentes das pessoas que fugiram recentemente do Darfur também precisa levar em conta as comunidades locais, além dos cerca de 400 mil refugiados sudaneses que já vivem há vários anos em campos superlotados e insalubres no leste do Chade.

 

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