Muito trabalho pela frente na República Centro-Africana

A importância da atuação da arquiteta brasileira para a população de Bangassou

Depois de passar alguns dias em Bangui, finalmente cheguei em Bangassou. A vinda de Bangui para cá foi incrível. Eu estava meio preocupada por ser um avião bem pequeno, mas a vista lá de cima compensou qualquer medo. A floresta equatorial é linda!

Já dá para dizer que tenho minhas primeiras impressões de Bangassou. Diria que é uma típica cidadezinha do interior, com as ruas de terra, o centro da cidade com construções como estamos mais acostumados a ver no Brasil e, conforme nos afastamos um pouco do centro, as casas passam a ser mais do estilo local, com tijolos de barro aparentes e telhados de palha.

Para que vocês possam entender de forma bem resumida o trabalho da MSF em Bangassou: a RCA não tem um sistema de saúde gratuito, e quem fazia a administração do Hospital Regional é a Conges, uma espécie de cooperativa médica. MSF veio para Bangassou e, juntamente com a Conges, passou a gerir o hospital, permitindo o acesso gratuito ao sistema de saúde. Uma informação que é um pouco óbvia, mas que aprendi aqui, é que normalmente as clínicas ou hospitais com os quais MSF passa a trabalhar apresentam um crescimento desproporcional do número de pacientes. Dessa forma, além dos atendimentos que já são feitos, a ideia é melhorar a estrutura existente, fazendo também uma expansão, aumentando o número de leitos disponíveis e criando novos departamentos para permitir que o hospital realmente funcione como um ponto de referência regional. E é aí que eu entro. Minha função é a de gerir a construção e a reforma desse hospital. Ao menos o começo dela. É preciso equilibrar as necessidades da equipe médica, as especificações técnicas que devemos seguir e as reais necessidades e possibilidades da cidade com a mão de obra e materiais disponíveis.

No meu primeiro dia, o responsável pela logística do hospital, um colega francês de MSF me levou para conhecer o lugar. O hospital fica em um terreno bem grande, com vários prédios separados, e não existem caminhos construídos entre eles. Parece uma pequena cidade. Mas o que tornou essa uma visita especial foi o carinho das pessoas. Conforme fui rodando pelo hospital, todos os funcionários me cumprimentavam com um aperto de mão, me diziam seus nomes, e que eu era bem-vinda. Quando o logístico dizia que eu tinha vindo fazer a expansão do hospital, que era para construir novos prédios, eles me agradeciam diversas vezes, como seu eu fosse a responsável por isso. E mesmo os pacientes ou familiares que eu encontrava pelo hospital, todos me cumprimentavam com um aceno de mão ou um “salut” ou “bonjour”. É gostoso receber esse carinho, mas ao mesmo tempo o peso da responsabilidade aumenta quando vejo na vida real o quanto esse trabalho será importante para eles. Dá um frio na barriga! Nessas horas é bom pensar: um dia de cada vez.

Bjs,
Vivi
 

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