Estima-se que 58 milhões de pessoas no mundo estejam infectadas com a hepatite C crônica, com cerca de 1,5 milhão de novas infecções a cada ano. A doença matou aproximadamente 290 mil pessoas em 2019, segundo dados mais recentes da Organização Mundial de Saúde (OMS).

A doença acomete o fígado e é causada pelo vírus da hepatite C (VHC). Esse vírus pode causar tanto a infecção aguda como a crônica e sua intensidade varia de um leve incômodo que dura algumas semanas a uma doença severa e permanente. Muitas vezes, as pessoas infectadas não apresentam nenhum sintoma durante anos. A hepatite C também é uma das principais coinfecções que afetam pessoas que vivem com HIV/Aids. Isso acontece por essas pessoas serem mais vulneráveis a contrair a doença devido ao enfraquecimento do sistema imunológico e também porque o HIV e a hepatite C têm meios semelhantes de transmissão. Estima-se que mais de 2 milhões de pessoas que vivem com HIV no mundo estejam ou já estiveram coinfectadas pela hepatite C

1.

Causa

A doença é transmitida pelo vírus da hepatite C (VHC), gerado no sangue. Normalmente, a transmissão ocorre por meio de práticas inseguras envolvendo injeções, reutilização ou esterilização inadequada de equipamentos médicos e por transfusão de sangue ou derivados não testados.

2.

Sintomas

Enquanto aproximadamente 80% das pessoas não apresentam sintomas após a infecção inicial, os que apresentam a forma aguda da infecção podem ter febre, fadiga, perda ou redução do apetite, náusea, vômitos, dor abdominal, escurecimento da urina, dor nas juntas e icterícia.

3.

Diagnóstico

Como normalmente a infecção é assintomática, poucas pessoas são diagnosticadas durante a fase aguda da doença e continuam sem diagnóstico até os sintomas alcançarem um patamar secundário, causando danos ao fígado – muitas vezes décadas após a infecção. Testes sorológicos são usados para detectar a presença de anticorpos do VHC.

 

4.

Tratamento

Uma nova infecção pelo vírus da hepatice C nem sempre requer tratamento, pois a resposta imune em algumas pessoas elimina a infecção. Quando a infecção se torna crônica, no entanto, recomenda-se o uso de medicamentos chamados agentes antivirais diretos (AADs). Os AADs são muito mais seguros e eficazes em comparação a tratamentos antigos, além de causarem menos efeitos colaterais. A OMS recomenda a terapia com antivirais de ação direta para pessoas com idade superior a 12 anos.

Foram disponibilizados, nos últimos anos, tratamentos inovadores e aprimorados para hepatite C que podem curar a doença em um prazo de até 12 semanas. Essas terapias, mais seguras e eficazes, requerem que os pacientes tomem apenas um comprimido por dia, um grande avanço em comparação aos tratamentos anteriores, que envolviam injeções dolorosas e causavam efeitos colaterais mais graves.

 

5.

Prevenção

Reduzir o risco de exposição ao vírus da hepatite C é a melhor forma de preveni-la, visto que não há vacina contra a doença.

6.

Atividades

Em 2021, 6.020 pessoas iniciaram tratamento para hepatite C nos projetos de MSF. Para que o acesso aos tratamentos seja ampliado no mundo todo, o preço de medicamentos AAD orais para tratar hepatite C devem ser reduzidos urgentemente. A competição entre produtores de versões genéricas do medicamento já está baixando os preços, mas barreiras de patentes ainda persistem em muitos países onde os valores ainda são um desafio para as pessoas que precisam dos medicamentos, mesmo que a concorrência entre as empresas farmacêuticas tenha derrubado os preços.

Em outubro de 2017, MSF fechou acordos para a aquisição de medicamentos genéricos para a hepatite C pelo valor de US$ 1,40 por dia, ou 120 dólares pelo período de 12 semanas de tratamento para os dois medicamentos principais: sofosbuvir e daclatasvir.

Nos Estados Unidos, a empresa farmacêutica Gilead lançou o sofosbuvir pelo preço de mil dólares por pílula no ano de 2013, e a Bristol-Myers Squibb (BMS) lançou o daclatasvir pelo preço de 750 dólares por pílula em 2015. Com isso, o tratamento de 12 semanas com a combinação dos dois medicamentos chegou a um custo de US$ 147 mil. As empresas também vêm cobrando preços exorbitantes em muitos países em desenvolvimento, paralisando o lançamento de programas nacionais de tratamento e provocando o racionamento do tratamento em muitos países.

Das 58 milhões de pessoas com infecção pelo VHC no mundo em 2019, estima-se que 21% (15,2 milhões) tinham conhecimento sobre seu diagnóstico, segundo a OMS. Até o final de 2019, das pessoas diagnosticadas com infecção crônica pelo VHC, cerca de 62% (9,4 milhões) de pessoas foram tratadas com DAAs. Patentes e acordos restritivos de licenciamento não deveriam ser um impedimento para todos os esforços feitos por países em desenvolvimento para oferecer às pessoas os tratamentos de que precisam para viver.

Como o diagnóstico e o acompanhamento da hepatite C são complexos e envolvem muitas etapas, o processo se torna caro e demanda um investimento intenso de recursos. Testes de laboratório para medir a carga viral da hepatite C – necessários para monitorar a efetividade do tratamento – são complexos e demandam laboratórios bem-equipados e profissionais qualificados. Testes mais simples, acessíveis e possíveis de serem usados em contextos de recursos limitados são necessários para permitir o acesso ao tratamento de hepatite C para todos os que precisam.

Em 2021, em conjunto com a iniciativa Medicamentos para Doenças Negligenciadas (DNDi), a Fundação para Novos Diagnósticos Inovadores (FIND) e o Grupo de Ação de Tratamento (TAG), MSF lançou a Parceria de Hepatite C para Controle e Tratamento, ou Hepatites C PACT, que promove um ambiente propício para teste e tratamento contra o VHC em países de baixa e média renda, implementando terapias totalmente orais, ampliando os testes nas comunidades para encontrar as milhões de pessoas não diagnosticadas e indicando os desafios financeiros internos que impedem o lançamento de programas nacionais. O projeto também aborda as barreiras de patentes e de acesso que impossibilitam o alcance das metas da OMS para controlar a hepatite C até 2030.

Página atualizada em agosto de 2022.

 

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