Violência inaceitável no hospital de Bangassou, na República Centro Africana

O respeito por pacientes e instalações médicas deve ser mantido de forma inequívoca para manter um nível mínimo de cuidados médicos continuados no país

Violência inaceitável no hospital de Bangassou, na República Centro Africana

Na noite de 24 de maio, um homem armado entrou no hospital de Bangassou, na República Centro-Africana, mantido por Médicos Sem Fronteiras (MSF) e o Ministério da Saúde. Ele agrediu uma enfermeira de MSF antes de capturar uma paciente e sua acompanhante. A equipe de MSF ficou no hospital a noite toda, cercada por homens de um grupo armado local de “autodefesa” que tomou o controle dos portões de entrada do complexo médico. A equipe de MSF não viu, portanto, o que ocorreu depois, mas ouviu tiros e moradores da área depois relataram que os corpos das duas mulheres foram encontrados no perímetro dos muros do hospital.

“Os assassinatos que ocorreram em Bangassou na noite de 24 de maio colocam em risco a capacidade de continuar fornecendo cuidados médicos no hospital”, disse Brice de le Vingne, diretor de operações de MSF. “O hospital é um local onde pacientes podem receber tratamento sem medo, independentemente de sua religião, gênero ou posicionamento político. Será ainda mais difícil para MSF continuar oferecendo cuidados de saúde vitais se seus pacientes e instalações médicas não forem respeitados.”

Desde que a violência se intensificou em Bangassou no sábado 13 de maio, quase toda a cidade é agora controlada por um grupo armado local de “autodefesa”. Apesar das dificuldades de se dedicar a atividades médicas durante os primeiros dias dos combates, as equipes de MSF conseguiram negociar acordos com os vários grupos armados suficientes para poder fornecer cuidados médicos vitais para feridos e pessoas deslocadas de seus lares pela violência.

Como uma organização neutra, independente e imparcial, MSF usa toda sua experiência para tentar encontrar caminhos para fornecer cuidados médicos, mesmo durante momentos de conflito aberto. Entretanto, as equipes de MSF não podem trabalhar a menos que os grupos armados concordem em deixar pacientes, estruturas médicas e profissionais de saúde em paz, incluindo ambulâncias e pacientes sendo transferidos para tratamento; isso deve ser respeitado como algo à parte do conflito.

MSF insiste que todo e qualquer ataque a um paciente, uma estrutura médica ou um profissional de saúde reduz ainda mais os já limitados serviços de saúde no país; e isso ocorre no momento em que eles são mais necessários.

Apenas na primeira semana de violência intensificada em Bangassou, que começou em 13 de maio, a equipe de MSF tratou 70 feridos nos primeiros três dias e fez 330 consultas hospitalares e 350 consultas em clínicas móveis em locais em que pessoas deslocadas pelos confrontos se reuniram.
 

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