Retrospectiva do atual surto de Ebola na República Democrática do Congo

Entenda a evolução do vírus desde que a epidemia foi declarada há mais de um ano

Retrospectiva do atual surto de Ebola na República Democrática do Congo

Já se passou mais de um ano desde que a epidemia de Ebola no leste da República Democrática do Congo (RDC) foi declarada, em 1º de agosto de 2018, e ela ainda não está sob controle. Já houve mais de 1.970 mortes relacionadas ao Ebola e casos foram confirmados em novas áreas geográficas nas últimas semanas.

Durante os primeiros oito meses da epidemia (entre agosto de 2018 e março de 2019), mais de mil casos (confirmados e prováveis) foram relatados na região afetada pelo Ebola. No entanto, entre abril e junho de 2019, esse número dobrou, com um adicional de mil novos casos registrados apenas nesse curto período. Durante as últimas semanas, o número de novos casos notificados por semana diminuiu ligeiramente, com uma média de 72, mas o número de áreas afetadas aumentou.

Desde o início da epidemia, apenas cerca de metade dos novos casos de Ebola relatados foram identificados como contatos de casos confirmados – antes de essas pessoas adoecerem e procurarem tratamento, ou morrerem sem receber tratamento adequado contra o Ebola. Esses números destacam os diversos desafios relacionados à identificação e ao acompanhamento dos contatos de pessoas infectadas pelo Ebola (casos confirmados e casos prováveis), que permitiriam que os pacientes com sintomas recebessem atendimento adequado e oportuno. O atendimento em tempo adequado reduziria o risco de transmissão, além de facilitar o acesso à vacinação para os contatos identificados. O fato de que muitos contatos acabam não sendo identificados e muitos casos não são detectados indicam que a resposta ao Ebola ainda está lutando para trabalhar com a população, entender suas necessidades e ganhar sua confiança.

Nas províncias de Kivu do Norte e Ituri, 28 das 47 zonas de saúde foram afetadas desde o início do surto. Além disso, foram notificados casos de Ebola na província de Kivu do Sul – na zona de saúde de Mwenga – aumentando o número total de províncias afetadas para três. Atualmente, 18 zonas de saúde são consideradas zonas de transmissão ativa – o que significa que notificaram novos casos confirmados nos últimos 21 dias. Cinco novas zonas de saúde, Goma (Kivu do Norte), Nyiragongo (adjacente a Goma), Lolwa (Ituri), Mwenga (Kivu do Sul) e Pinga (Kivu do Norte) foram recentemente adicionadas à lista. Desde meados de junho, Beni registrou o maior número de casos, seguido pela zona de saúde de Mandima. Antigos pontos de acesso como as zonas de saúde de Butembo, Katwa e Kalunguta também estão notificando mais casos nas últimas semanas.

Este surto tem sido um desafio, inclusive de segurança. Durante os últimos meses, violência direcionada interrompeu atividades cruciais como vacinação, rastreamento de contatos, promoção da saúde comunitária e enterros seguros, e também desencorajou as pessoas a serem encaminhadas aos Centros de Tratamento de Ebola para exames. Essa violência está parcialmente ligada a questões específicas desse contexto, com a chegada de uma resposta externa maciça em uma área de conflito de longo prazo e tensões políticas. Mas os ataques também refletem, mais uma vez, a falha da resposta ao Ebola em engajar a população e em compreender e considerar as necessidades que a população considera mais urgentes.
 

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