Quatro perguntas sobre a segunda onda de COVID-19 na Índia

MSF amplia atendimento médico em resposta ao aumento catastrófico da COVID-19 na Índia

Quatro perguntas sobre a segunda onda de COVID-19 na Índia

A segunda onda de COVID-19 na Índia tem sido devastadora, com um aumento catastrófico no número de novas infecções nas últimas semanas. O país já registrou mais de 22 milhões de casos positivos e uma alta taxa de mortalidade que atingiu 1,1%. O surto do novo coronavírus é desgastante para todos os profissionais de saúde. A situação é terrível, com falta de suprimentos médicos, incluindo concentradores de oxigênio e ventiladores, e recursos humanos limitados. Médicos Sem Fronteiras (MSF) está atuando em Mumbai, capital do estado de Maharashtra, no oeste da Índia.

Abaixo, destacamos quatro perguntas e respostas sobre a atual crise de COVID-19 na Índia.

1. Qual é gravidade da situação da COVID-19 na Índia?

A Índia tem enfrentado uma segunda onda severa da COVID-19 nas últimas semanas. O número de pessoas recentemente registradas como infectadas pelo novo coronavírus está atingindo novos picos; no dia 6 de maio, o país chegou a mais de 400 mil novos casos por dia e 4.200 mortes, o que corresponde a 150 mortes por hora.

Instalações e profissionais de saúde em todo o país estão lutando para lidar com o aumento de casos. Os relatórios gerais descrevem que os hospitais estão enfrentando uma escassez de leitos hospitalares para pessoas com casos graves, falta de suprimentos de oxigênio e de medicamentos usados para tratar as formas leves, moderadas e graves da COVID-19.

O acesso geral a cuidados de saúde está atualmente comprometido. Em Mumbai, o atendimento à COVID-19 é organizado em hospitais dedicados, mas os demais cuidados estão sob pressão, já que todo o sistema de saúde está lidando com esta crise.

2. O que explica o aumento repentino de casos na Índia?

Vários fatores podem explicar o novo aumento de casos. De outubro de 2020 a meados de fevereiro de 2021, a Índia testemunhou um declínio nas novas infecções por COVID-19. Alguns especialistas em saúde pública acham que isso leva as pessoas a acreditarem em uma falsa sensação de segurança, abandonando medidas de prevenção como o uso de máscaras e o distanciamento físico. É provável que grandes eventos, como comícios e reuniões sociais, tenham desempenhado um papel importante para esse aumento.

Além disso, a densidade populacional é muito alta, especialmente em uma cidade como Mumbai, onde se torna difícil seguir as medidas exigidas em locais públicos.

Atualmente, não há evidências suficientes para confirmar o papel que as variantes do SARS-CoV-2 desempenharam na propagação exponencial repentina da COVID-19.

3. O que MSF está fazendo para responder à crise?

Atualmente, nossas equipes estão atuando em Mumbai em resposta à crise. Temos uma equipe de médicos e enfermeiros trabalhando em centros de saúde dedicados à COVID-19 na cidade. O centro, operado em colaboração com a Corporação Municipal da Grande Mumbai, é composto por duas tendas, cada uma com capacidade para mil leitos, para atender pacientes moderados e graves de COVID-19.
 
Estamos ampliando as atividades de triagem, proteção, teste e encaminhamento para pacientes com tuberculose resistente a medicamentos (TB-DR). As equipes de MSF estão garantindo a continuidade do atendimento a mais de 2 mil pacientes com TB-DR em tratamento na clínica independente de MSF e no hospital Shatabdi.
 
Estamos levando mensagens de promoção de saúde à comunidade, juntamente com atividades de água e saneamento, no distrito M-East de Mumbai. As atividades de promoção de saúde no nível comunitário, inclusive por meio de canais digitais, também faz parte da prevenção da infecção dos mais vulneráveis em assentamentos informais densamente povoados.

4. O que mais preocupa MSF?

Nós temos três preocupações principais sobre a situação atual.

A primeira são as pessoas vulneráveis: nós nos concentramos em pessoas de grupos vulneráveis que têm outras doenças, como diabetes, HIV e/ou tuberculose. Nosso trabalho envolve informar essas pessoas sobre as medidas de proteção a serem tomadas e que elas têm os meios para se protegerem.
 
As infecções na equipe de saúde podem acontecer facilmente em uma situação em que a equipe está sobrecarregada por um grande número de pacientes. Isso pode levar a uma força de trabalho reduzida e gasta. A segurança dos profissionais de saúde deve ser uma prioridade em todas as instalações de saúde, uma vez que eles são a primeira linha de defesa na pandemia.
 
Acesso a cuidados médicos de qualidade em tempo hábil, incluindo oxigenoterapia: o surto de casos graves de COVID-19 aumentou o número de pessoas que precisam de hospitalização e oxigenoterapia. É por esse motivo que MSF começou a apoiar o hospital de COVID-19 em Mumbai, inclusive com a doação de 10 máquinas de cânula nasal de alto fluxo, para apoiar a oxigenoterapia.

 

Compartilhar
Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on print