Pelo fim das doenças e dos pacientes negligenciados

As doenças tropicais negligenciadas afetam, principalmente, populações com poucos recursos financeiros e, por isso, não despertam o interesse das indústrias farmacêuticas

Pelo fim das doenças e dos pacientes negligenciados

Pacientes afetados por doenças tropicais negligenciadas (DTNs) precisam de melhor acesso a diagnóstico e tratamento, que sejam seguros e eficazes. Em novo relatório, Médicos Sem Fronteiras (MSF) faz um apelo por uma melhor resposta global às DTNs, para evitar futuras mortes e deficiências.

“As DTNs afetam quase exclusivamente as pessoas que vivem em extrema pobreza. Como resultado, não há vacinas, as ferramentas de diagnóstico são limitadas e os tratamentos estão longe de serem ideais e muitas vezes estão indisponíveis ou inacessíveis para muitas dessas doenças fatais e debilitantes”, disse o dr. Christos Christou, presidente internacional de MSF.

Apesar dos muitos avanços na luta contra as DTNs, algumas das doenças que mais ameaçam a vida permanecem longe de serem eliminadas ou mesmo controladas, e continuam a tirar centenas de milhares de vidas todos os anos. O lançamento de um novo plano de ação para DTNs pela Organização Mundial da Saúde apresenta uma oportunidade de apoiar o desenvolvimento de tratamentos, vacinas e ferramentas de diagnóstico para essas doenças. Essas metas ambiciosas incluem eliminar pelo menos uma DTN em 100 países e reduzir em 90 por cento o número de pessoas que precisam de intervenções médicas até 2030.

Mas o novo plano chega em um momento em que a pandemia de COVID-19 ameaça o progresso em direção ao controle e à eliminação das DTNs. Os programas de DTN foram interrompidos, os sistemas de saúde frágeis estão sob pressão ainda maior e há indicações alarmantes de que os recursos para as DTNs serão desviados e o financiamento, reduzido. Há um risco de que as DTNs sejam cada vez mais negligenciadas, as conquistas significativas dos últimos anos sejam revertidas e que ainda mais vidas sejam perdidas para essas doenças.

“Apesar dos desafios, podemos superar a negligência”, disse Christou. “Com compromissos, recursos e melhores ferramentas para localizar, diagnosticar e tratar pacientes; podemos fazer com que as DTNs sejam doenças do passado.”

SUPERANDO A NEGLIGÊNCIA: buscando maneiras de gerir e controlar doenças tropicais negligenciadas

O relatório “Superando a Negligência” detalha a atuação de Médicos Sem Fronteiras (MSF) no enfrentamento a doenças tropicais negligenciadas nas últimas três décadas. Nosso trabalho inclui o tratamento de pacientes e a realização de pesquisas operacionais, apoiando esforços para identificar novos tratamentos e diagnósticos e desempenhando um papel ativo na redução da incidência dessas doenças. Pressionamos por uma melhor resposta global às doenças tropicais negligenciadas, melhor acesso a diagnóstico e tratamento e cuidados seguros e eficazes para os pacientes.

A cada ano, centenas de milhares de pessoas ainda morrem por causa de doenças tropicais negligenciadas. Essas doenças, e as pessoas afetadas por elas, são ignoradas pelos formuladores de políticas e há poucos recursos disponíveis para combatê-las. Para muitas dessas doenças, não há solução fácil – o diagnóstico e o tratamento são difíceis ou simplesmente não estão disponíveis. A pobreza crônica e as doenças tropicais negligenciadas são uma combinação que geralmente ocasiona mortes ou invalidez prolongada.

Para algumas das doenças tropicais negligenciadas mais ameaçadoras, MSF costuma ser uma das únicas organizações que oferece atendimento direto ao paciente. Nos últimos 30 anos, equipes de MSF trataram centenas de milhares de pacientes que sofriam de doença de Chagas (tripanossomíase americana), doença do sono4 (tripanossomíase humana africana) e leishmaniose visceral (LV ou calazar); doenças tropicais negligenciadas parasitais mortais que afetam populações pobres e que vivem em áreas muito remotas e vulneráveis.

Com este relatório, pretendemos mostrar o impacto devastador que as doenças tropicais negligenciadas têm sobre milhões das pessoas mais pobres do mundo. Esperamos que, ao destacar os principais desafios enfrentados em relação a seus tratamentos e controle, e ao compartilhar a experiência de MSF, possa haver mais atenção voltada para as doenças tropicais negligenciadas e melhorias na vida dos pacientes.

 

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