MSF mantém foco em apoio a sistemas de saúde frágeis no Norte do Brasil

Organização tem projetos em áreas com estruturas precárias e acesso difícil a cuidados médicos.

A região Norte se mantém como um importante foco de atuação de Médicos Sem Fronteiras (MSF) no Brasil. O vasto território vive historicamente uma situação de maior fragilidade na atenção à saúde, com menor disponibilidade de profissionais e de instalações médicas. Também há dificuldades logísticas e de acesso a populações vulneráveis, como indígenas, ribeirinhos e quilombolas.

No início do mês de abril, MSF iniciou atividades de assistência à população de Portel, na região da llha do Marajó (Pará), localidade onde a precariedade e as grandes dificuldades de acesso da população a cuidados de saúde, comuns na região, estão presentes de maneira ainda mais intensa.

Além do novo projeto, a organização possui outros dois projetos no estado de Roraima, também na região Norte do país. Foi justamente neste território que MSF desenvolveu suas primeiras atividades no Brasil, há mais de 30 anos, em resposta a uma epidemia de cólera na região amazônica e, logo depois, combatendo malária entre a população indígena.

Em Portel, MSF está dando apoio à rede pública de saúde do município, com o objetivo de fortalecer o atendimento oferecido em algumas Unidades Básicas de Saúde (UBS) da área urbana. Gradualmente, o trabalho também vai abarcar postos de saúde na zona rural e o hospital municipal.

Portel é um município com um dos mais baixos índices de desenvolvimento humano (IDH) do Brasil. A localidade enfrenta carência de profissionais, equipamentos e medicamentos, o que tem impacto sobre sua população e particularmente entre grupos mais vulneráveis, como os habitantes de comunidades ribeirinhas.

Uma equipe de MSF esteve na região em 2021, durante um dos picos da pandemia de COVID-19, e percebeu a grande necessidade de melhorar a prestação de cuidados de saúde à população local, o que resultou no estabelecimento posterior deste novo projeto no município.

Em março deste ano, MSF fez um mapeamento prévio da situação de saúde na cidade, com visitas a algumas unidades de saúde para entender de perto a realidade local e as necessidades de cada uma das instalações. No início de abril, começou o trabalho de reforço aos atendimentos médicos nas UBS, que deve ser expandido gradualmente.

MSF atua de maneira coordenada com as equipes do município e fornece profissionais de saúde para os atendimentos, além de realizar doações de suprimentos e equipamentos médicos. Também está prevista a realização de treinamentos para aprimorar a gestão das instalações e apoiar a capacitação de pessoal para a manutenção de equipamentos utilizados nas unidades de saúde.

No estado de Roraima, MSF continua observando um fluxo intenso de migrantes venezuelanos que cruzam a fronteira em função da crise vivida no país vizinho. A organização está presente na capital do estado, Boa Vista, e em Pacaraima, cidade na divisa com a Venezuela.

MSF trabalha para reforçar o sobrecarregado sistema de saúde local. Seus profissionais atuam com atendimentos de saúde básica por meio das chamadas clínicas móveis em pontos de concentração da população migrante. Nesta modalidade de atuação, é montada uma estrutura temporária onde são realizadas triagem de pacientes e consultas médicas.

Presente em Roraima desde 2018, MSF tem fornecido profissionais para reforçar o atendimento em unidades de saúde. Além disso, a organização oferece atendimentos de saúde mental à população migrante.

As clínicas móveis também têm se deslocado a comunidades de difícil acesso na região de Pacaraima, oferecendo atendimento médico aos migrantes venezuelanos.

Os profissionais de MSF também participam das ações de emergência implementadas em resposta à grave crise de saúde enfrentada pelos Yanomami, em apoio à operação montada pela Força Nacional do SUS. Desde fevereiro, equipes da organização atuam na assistência médica aos indígenas que estão na Casa de Apoio à Saúde Indígena Yanomami (Casai-Y), localizada em Boa Vista.

A Casai é parte da estrutura de atendimento médico público aos indígenas, que contam com atenção de saúde específica por meio do DSEI-Y (Distrito Sanitário Especial Indígena – Yanomami). Eles são levados para a Casai quando não há disponibilidade de atendimento dentro do próprio território indígena e geralmente chegam acompanhados por integrantes do grupo familiar.

Caso seja necessário, pacientes que necessitem de cuidados não disponíveis na Casai são transferidos para hospitais em Boa Vista.

Devido à grave situação sanitária dos Yanomami e do estado precário dos postos de atendimento localizados no interior do Território Indígena Yanomami, a Casai vem absorvendo um número elevado de pacientes e tem trabalhado com uma ocupação muito superior à capacidade das instalações. Por isso, a atuação de MSF tem sido importante para aliviar a sobrecarga de pacientes no local.

No total, são 30 pessoas, incluindo médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, promotores de saúde, profissionais de psicologia, antropologia, intérpretes e pessoal de apoio logístico de MSF trabalhando no local. Desde o início da atuação, em fevereiro, e até o final de abril, a equipe de MSF realizou 501 consultas médicas.

Outro aspecto importante do trabalho da organização é o apoio em saúde mental, com suporte a profissionais da Casai-Y e pacientes. No mesmo período, passaram por atendimentos de saúde mental, individuais ou em grupo, 212 pessoas. Além disso, 318 pessoas da comunidade Yanomami participaram de atividades psicossociais, como terapia ocupacional e atividades educativas.

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