MSF combate epidemia de meningite no norte de Uganda

Organização humanitária internacional realiza campanhas de vacinação em parceria com o Ministério da Saúde do país e da Organização Mundial de Saúde

Desde que os primeiros casos de meningite meningocócica A foram confirmados em dois distritos da região do Oeste do Nilo, no norte de Uganda, no começo de janeiro, Médicos Sem Fronteiras (MSF) tem trabalhado junto com o Ministério da Saúde de Uganda e com a Organização Mundial de Saúde (OMS) para reduzir a mortalidade, minimizar a disseminação da epidemia e fortalecer o sistema de vigilância epidemiológica. As campanhas de vacinação tiveram início no dia 2 de fevereiro.

Surtos de meningite foram registrados em toda a região, com casos observados na República Democrática do Congo e no sul do Sudão, onde MSF também está acompanhando a situação. Epidemias de meningite bacterial também são mais propensas a acontecer na África Subsaariana, em uma área conhecida como 'cinturão da meningite' que vai da Etiópia até o Senegal.

"Se o tratamento não estiver disponível e as campanhas de vacinação não forem realizadas, a meningite bacterial pode se espalhar rapidamente e causar centenas de mortes", afirmou Renaud Leray, chefe de missão de MSF em Uganda.

Duas semanas após o número de casos superar o mínimo exigido para a caracterização de uma epidemia – dez casos por cem mil por semana – nos distritos de Koboko e Arua em janeiro, uma equipe de emergência de MSF composta por 19 profissionais internacionais e mais de 40 nacionais já trabalhava na cidade de Arua. O número de casos baixou para o nível padrão que classifica uma epidemia – 15 casos por cem mil pessoas – porque essa região não havia sido afetada pela epidemia de meningite há mais de dez anos.

Reduzindo a mortalidade através do monitoramento de controle de casos

Até o dia 11 de fevereiro, autoridades sanitárias registraram 1.474 casos da doença e 44 mortes nos distritos de Koboko e Arua. MSF está dando apoio à unidades de saúde de Arua e Koboko que estão respondendo à epidemia.

"O índice de mortalidade ainda é bastante baixo – entre 2,4% e 5,6% – dependendo das áreas", contou a Dr. Chantal Umutoni, coordenadora médica para MSF em Uganda. "Mas nós temos que continuar a acompanhar a situação de perto".

MSF já ofereceu mais de 1.600 doses de cloramfenicol, o antibiótico mais eficaz para o tratamento, para as unidades de saúde onde a organização está monitorando os casos. Uma única injeção é suficiente na maioria dos casos e faz efeito em um período de 24 horas. Como um tratamento de segunda linha e para mulheres grávidas e crianças com idade entre dois meses e um ano, MSF usa ceftriaxone.

Focalizando nas áreas mais afetadas par conter a epidemia

Desde o dia 2 de fevereiro, MSF, o Ministério da Saúde de Uganda e a OMS trabalharam juntos para realizar uma série de campanhas de vacinação, cuja meta é imunizar 450 mil pessoas. As equipes de MSF contribuíram com a provisão de vacinas, material médico e logístico, além de apoio financeiro. Desde que a campanha de vacinação foi lançada, mais de 191 mil pessoas foram vacinadas sob a supervisão de MSF em 70 países diferentes nos distritos de Arua e Koboko. O Ministério da Saúde também vacinou outros 260 mil pessoas em Arua e Koboko.

"Para conter uma epidemia de meningite não são necessárias apenas vacinas e seringas. Você tem que ter um sistema de vigilância epidemiológica confiável, monitoramento de qualidade de casos e uma forte estratégia para a campanha de vacinação", disse Leray. "Você precisa começar a vacinação onde a incidência da doença é maior e simultaneamente tratar todos os casos mais graves. Depois você pode estender a vacinação para todas as locações onde o índice de alerta foi alcançado".

Um pedido adicional de vacinas está sendo feito em conjunto com o Grupo de Coordenação Internacional (ICG, na sigla em inglês) sob a alegação de Provisão de Vacinas para o Controle da Epidemia de Meningite para completar a campanha de vacinação.

Mantendo a 'cadeia fria'

As campanhas de vacinação em massa requerem uma certa estrutura logística. Para preservar a eficácia da vacina da meningite, as doses devem ser mantidas a uma temperatura entre dois e oito graus Celsius desde a chegada da vacina até seu transporte para onde a vacinação será realizada. MSF estabeleceu um sistema de 'cadeia fria' com o Ministério da Saúde, baseada na cidade de Arua, que está totalmente equipado com 14 freezers e geladeiras produzindo quase 450 quilos de gelo diariamente.

Cerca de metade dos 4.500 pacotes de gelos são despachados todos os dias em 30 grandes caixas congeladas. Esses grandes recipientes, elaborados para manter a temperatura ideal por três dias, funcionam como uma base da cadeia fria descentralizada para cada lugar onde haverá a vacinação. Recipientes de vacinas menores são o elo final entre a base descentralizada e as áreas de vacinação. Cada um pode conter até 500 doses de vacina e precisam de apenas quatro pacotes de gelo para manter a temperatura.

A manutenção eficiente do suprimento é essencial uma vez que a população alvo muda conforme a disseminação da doença. Como ocorreu em outras emergências, MSF conta com kits pré-preparados para responder rapidamente às epidemias e outras emergências. Cada kit de meningite contém todos os suprimentos médicos necessários para vacinar dez mil pessoas. A equipe logística também tem a responsabilidade de montar um sistema de controle da população e de manutenção de dejetos em cada local onde ocorre a campanha de vacinação.

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