Uganda: “É possível sobreviver ao Ebola”

Uma sobrevivente do Ebola atendida por MSF em Uganda compartilha sua experiência com o tratamento fornecido por nossas equipes.

Foto: Sam Taylor/MSF

Em 2022, MSF respondeu a um novo surto de Ebola em Uganda, cuja epidemia foi declarada encerrada em janeiro de 2023 após semanas sem um novo caso confirmado. Uma sobrevivente nos contou sobre sua experiência com o tratamento fornecido por nossas equipes. Ela também nos falou sobre a necessidade de uma melhor compreensão e conscientização sobre a doença.

 

 

“No começo, senti que minha temperatura estava alta e, após um dia, comecei a ter diarreia. Esses eram os meus sintomas. Então chamei a ambulância e eles me levaram para o hospital, onde fui examinada. Eu havia sido diagnosticada com Ebola.

Eu não esperava que pudesse ser isso. Perdi minha mãe para a doença. Depois disso, fui para a cidade vizinha. Acho que foi aí que contraí o vírus.

Quando cheguei ao hospital, as coisas não estavam boas. As pessoas estavam vomitando, tinham diarreia, outras estavam com hemorragias. Eu estava com medo de morrer.

O que posso dizer é que a doença é real e é muito perigosa. Quando ela ataca, o apetite é perdido e a vontade de beber água também. Esta é uma maneira de destruir seu corpo. Você não sente nada, não consegue andar, não consegue sentar. Levei cinco dias para me sentir bem novamente.

Quando eu estava no hospital, algumas pessoas me ligaram e disseram que os médicos iriam remover meus órgãos, mas eu disse que não, não era verdade. Outros me ligaram e disseram que não iriam me alimentar lá e perguntaram como eu sobreviveria, mas isso não era verdade. Eles nos alimentam, oferecem café da manhã, almoço e jantar. Tudo é gratuito.

Meu marido e meu filho também foram afetados. Quando eu estava prestes a receber alta, eles também os trouxeram. Então fiquei mais cinco dias no hospital com meu filho. Agora ele e meu marido também estão bem. Os médicos também os atenderam. Meu filho está bem agora e está brincando novamente.

Foi bom voltar para casa. Quando outras pessoas estão morrendo, você tem que se sentir bem quando sobrevive. Mas agora as pessoas fogem de mim quando encontro com elas na rua. Fogem porque acham que posso transmitir a doença.

Precisamos ir até as pessoas e conscientizá-las sobre a doença. Elas não sabem como o Ebola se propaga. Elas não sabem que se uma pessoa for diagnosticada com Ebola, isso não significa que ela irá morrer. Os pacientes podem se recuperar novamente. E aquelas pessoas que tiveram Ebola, quando saem do hospital, estão bem. Não se afaste, não os discrimine, não fale deles, porque eles estão bem assim como você.

O que eu posso dizer para as pessoas é, no momento em que não se sentir bem, vá para o hospital. É possível melhorar. É possível sobreviver ao Ebola.”

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