Humanidade básica precisa ser restaurada em Gaza

Christos Christou, presidente internacional de Médicos Sem Fronteiras (MSF), faz declaração sobre impactos catastróficos dos conflitos em Gaza.

10 outubro de 2023, Gaza. © Mohammed Baba

O assassinato em massa de civis é repugnante e deve ser condenado de todas as formas possíveis. Nos últimos 10 dias, uma violência terrível foi desencadeada.

Milhares de homens, mulheres e crianças foram mortos em Israel.

Milhares de homens, mulheres e crianças foram mortos na Palestina.

A situação em Gaza hoje é catastrófica. Hospitais e clínicas em atividade estão sobrecarregados e mal funcionam. Eles estão ficando sem eletricidade e sem suprimentos médicos. Os cirurgiões do hospital Al-Shifa estão operando sem analgésicos. Como cirurgião, isso é inimaginável.

Hospitais e clínicas foram atacados; outros recebem ordens para evacuar, com apenas algumas horas de antecedência, com decisões impossíveis de serem tomadas. Os pacientes – incluindo aqueles em estado crítico – arriscam suas vidas, se mudando ou ficando para trás. Em ambos os casos, correm o risco de morrer sem tratamento.

O bombardeio agora em Gaza é implacável. Pessoas foram mortas enquanto eram forçadas a se deslocar em busca de segurança. As pessoas estão encurraladas, impossibilitadas de escapar, sem absolutamente nenhum lugar seguro para ir. Elas estão privadas de recursos essenciais – água, comida, abrigo seguro, medicamentos.

Isso é inimaginável. Isso é desumano.

A humanidade básica precisa ser restaurada em Gaza.

O bombardeio indiscriminado precisa parar. O nível flagrante de punição coletiva aplicado atualmente à população de Gaza precisa acabar.

As pessoas em Gaza precisam de espaços seguros e formas de alcançá-los com segurança e sem impedimentos. As pessoas que desejam ir para o Egito precisam ter permissão para cruzar a fronteira para o país – com a opção futura de voltar – e ser assistidas de forma adequada e humana. A população também necessita de água potável, eletricidade confiável, acesso a alimentos e cuidados de saúde.

A passagem de Rafah para o Egito precisa ser aberta para permitir que suprimentos médicos e essenciais sejam enviados para Gaza.

Para nós e toda a equipe médica em Gaza trabalharmos, precisamos de garantias básicas de segurança.

Apesar das enormes necessidades, o bombardeio generalizado e a impossibilidade de trazer suprimentos nos forçaram a suspender a maioria de nossas atividades. Nossas equipes dentro e fora de Gaza estão fazendo o melhor que podem para responder.

Como organização médica e humanitária, queremos fazer muito mais. Hoje isso é simplesmente impossível.

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