Grécia: MSF oferece cuidados a refugiados em trânsito

Apesar da redução do número de chegadas, ainda é fundamental oferecer assistência às pessoas que aguardam registro para continuar suas jornadas

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Com a chegada do inverno, o número de refugiados chegando a ilha grega de Samos diminuiu. Em outubro, mais de 500 pessoas estavam chegando diariamente; em janeiro, o número não passou de 150. Mas, atualmente, o número de acidentes é sem precedentes. Mais de 400 pessoas se afogaram na costa da Grécia em janeiro, e mais de 30 dessas ocorrências se deram na costa de Samos. As viagens para cruzar o mar são feitas sob condições muito difíceis, com o vento gelado e, frequentemente, em barcos muito pequenos para enfrentar a água.

A Turquia fica bastante próximo a Samos. O ponto de passagem mais próximo fica a, no máximo, 600 metros, mas as correntes são fortes. Por isso, as pessoas estão utilizando rotas mais longas, e a jornada pode durar diversas horas. Quando as pessoas chegam à costa grega, seja a Samos ou a uma pequena ilha oposta a ela chamada Agathonisi, onde equipes da organização humanitária internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF) estão presentes, os refugiados estão frequentemente molhados e tremendo. A maioria deles vem da Síria, do Iraque ou do Afeganistão, mas também há iranianos, paquistaneses e pessoas de países africanos.

Nós tentamos estar prontos para atender os imigrantes já no momento de sua chegada. Em Samos, estruturamos uma rede de pessoas, incluindo voluntários e oficiais, como policiais, bombeiros e guardas costeiros, que nos alertam quando chega um barco. Logo que recebe um chamado, a equipe de MSF vai ao encontro dos refugiados, seja dia ou noite. São oferecidos primeiros socorros, se necessário, e distribuídos água, biscoitos e cobertores, para o caso de as roupas estarem molhadas. Os grupos que chegam podem ser de 10 pessoas, mas também muito maiores. Há duas semanas, um grupo de 74 pessoas, incluindo muitas mulheres carregando seus filhos pequenos nos braços, chegaram no meio da noite.

Nós, então, levamos as pessoas de ônibus ao porto de Samos, onde fica o centro de registro. Utilizamos os ônibus porque, de outra forma, eles teriam de fazer a jornada a pé, mas também porque eles estão geralmente perdidos e nem mesmo sabem que estão em uma ilha. No caminho, nós passamos informações sobre o processo de registro, bem como sobre os dois acampamentos em Samos, onde voluntários e organizações oferecem ajuda. MSF também tem uma equipe prestando cuidados médicos nesses dois acampamentos.

Os refugiados tendem a ter apenas uma ideia fixa: seguir a sua rota. Para fazer isso, eles precisam aguardar até que sejam registrados pela polícia, o que pode levar alguns dias ou semanas, dependendo de sua nacionalidade. Uma vez que eles recebem seus documentos de registro, eles podem pegar a balsa para Atenas e, de lá, um ônibus para a fronteira da Macedônia (ex- República Iugoslava da Macedônia ou FYROM, na sigla em inglês). Mas ali, apenas sírios, iraquianos e afegãos estão autorizados a seguirem viagem. Desde o início de dezembro, pessoas de todas as nacionalidades têm sido mantidas afastadas da fronteira, o que significa que um grande número de refugiados volta a Atenas.

O centro de Eleonas, estruturado pelo Ministério da Imigração nos arredores de Atenas, recebe pessoas vulneráveis, como famílias com crianças pequenas e solicitantes de asilo. Nós estruturamos uma clínica ali, que permanece aberta sete dias por semana, das 14 às 20 horas. Uma equipe médica de MSF trabalha no local com dois intérpretes, um para árabe e outro para farsi. Os refugiados também estão se reunindo informalmente em outras localidades em Atenas, como a Praça Victoria. Essa pequena praça se tornou um local de passagem para aqueles que estão encurralados na Grécia, e que desejam informações sobre ajuda. Algumas pessoas passam a noite ao relento, nas ruas do entorno. Desde 12 de fevereiro, MSF opera uma clínica das 17 às 21 horas próximo da praça para oferecer ajuda médica a todos esses refugiados e migrantes que são os mais vulneráveis. Durante o dia, outra organização trabalha no local para prestar suporte às mulheres e crianças que estão em trânsito em Atenas.

MSF também está presente das ilhas do Dodecaneso e de Kos e Leros para oferecer consultas médicas e suporte psicológico aos que chegam ali, bem como acesso a abrigo e a instalações de água e saneamento. Em Lesbos, MSF opera uma clínica médica dentro do Campo de Registro de Moria e conduz sessões de suporte psicológico. A organização também estabeleceu um acampamento de trânsito em Montamados e está conduzindo, em parceria com o Greenpeace, atividades de resgate, assistindo barcos em situação de risco em colaboração com a Guarda Costeira grega.
 
No norte da Grécia, em Idomeni, próximo da fronteira com a FYROM, MSF estabeleceu um centro de trânsito para as pessoas que aguardam para cruzar a fronteira. Próximo dali, em um posto de gasolina a 20 km de onde a maioria das centenas de pessoas aguardam por horas antes de conseguirem acesso ao centro de trânsito, MSF também estabeleceu tendas e banheiros, além de ter distribuído cobertores, alimentos e água às pessoas enquanto aguardam.

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