França: mais de 4 mil migrantes permanecem em Calais

Apesar do desejo do governo de reduzir o número de refugiados vivendo no acampamento improvisado chamado de “Selva”, milhares continuam ali. MSF mantém presença no local e acompanha a evolução da situação

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No médio prazo, as autoridades querem que os refugiados sejam transferidos para as estruturas temporárias que estão oferecendo. O governo afirma que indivíduos devem ser relocados para o “Centro de Recepção Temporário”, um acampamento em um contêiner branco, na medida em que famílias e crianças podem ficar no centro Jules Ferry. Outros podem ser transferidos para centros de recepção em outros locais da França, onde podem solicitar asilo.

A destruição da parte sul da grande favela começou em 29 de fevereiro e foi quase concluída até 16 de março. Houve casos de violência durante a evacuação e MSF construiu uma pequena clínica médica na parte sul do acampamento para oferecer cuidados médicos a qualquer um que estivesse ferido. As autoridades francesas agora querem agir sobre a parte norte do acampamento, o que vai deixar cerca de 75% da população de refugiados sem ter para onde ir.

As demolições já causaram mais lotação na parte norte do acampamento, o que resultou no aumento da tensão e do risco de falta de privacidade. Por isso, MSF construiu uma nova clínica médica no acampamento; são dois abrigos de madeira onde os refugiados podem buscar cuidados de enfermaria, psicológicos e receber certificados médicos caso tenham sido submetidos à violência, comumente perpetrada por forças policiais locais. MSF vai continuar testemunhando nos casos de violência cometida contra os refugiados e vai expandir suas atividades de saúde mental no acampamento, especialmente voltadas para menores de idade.

De forma geral, a situação dos 4 mil refugiados que permanecem no acampamento é volátil e tem sido criticada pelas organizações que ali trabalham. Há apenas 1.900 vagas no Centro de Recepção Temporária do governo em Calais, e elas já foram preenchidas. A realidade é que, após as evacuações, muitos refugiados deixaram Calais rumo a acampamentos muito menores no norte da França. Alguns têm algumas dezenas de refugiados, na medida em que outros abrigam centenas de pessoas. MSF está acompanhando a movimentação de refugiados para esses locais menores e vai continuar oferecendo ajuda médica àqueles em necessidade.

No dia 1 de março, MSF repassou a administração de sua principal clínica ao serviço de saúde francês. Apenas uma pequena clínica da organização permanece ativa na “Selva”. MSF vai continuar oferecendo serviços de psicoterapia e fisioterapia. Até algumas semanas, as atividades logísticas de MSF ainda eram significativas. Dezenas de banheiros e estações de água corrente foram instalados e o gerenciamento de resíduos tem sido monitorado, bem como a construção de outros 200 abrigos. No entanto, essas responsabilidades estão sendo repassadas a outras organizações no local.

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