Forças israelenses matam profissional de MSF em Gaza

Abdullah Hammad estava tentando coletar um saco de farinha quando foi atingido por tiros; ele é o 12º integrante da organização morto desde outubro de 2023

Abdullah Hammad, que trabalhou com MSF em Gaza, é carregado para o hospital Nasser após ataque das forças israelenses contra pessoas que tentavam coletar alimentos dos caminhões de ajuda. Gaza, 3 de julho de 2025. ©Mohammad Salama

Médicos Sem Fronteiras (MSF) lamenta e condena a perda de um profissional que trabalhou para a organização em Gaza. Abdullah Hammad foi morto pelas forças israelenses no último dia 3 de julho na região sul do território. As forças israelenses atacaram deliberadamente um grupo de pessoas que aguardavam por caminhões de ajuda, incluindo Abdullah, sem qualquer advertência prévia.

Abdullah era higienista e havia trabalhado na clínica de MSF em Al Mawasi por um ano e meio, até o dia 30 de junho. MSF está chocada e profundamente triste com esta tragédia atroz.

Pelo menos 16 pessoas foram mortas no total no mesmo incidente, de acordo com as equipes médicas do hospital Nasser. O grupo esperava desesperadamente para coletar farinha de um caminhão de assistência em Khan Younis, no sul de Gaza, próximo a uma usina de dessalinização na região, onde um episódio semelhante já havia ocorrido em 17 de junho.

Neste momento, nossos pensamentos estão com a família de Abdullah, incluindo a irmã dele, Zainab, e seus dois irmãos, Karam e Bahaa, que também trabalham para MSF, juntamente com todos os nossos colegas em Gaza, com os quais lamentamos esta morte e nos apoiamos durante este momento extremamente difícil.

Além de Abdullah, MSF já perdeu 11 colegas desde outubro de 2023. Exigimos o fim imediato deste derramamento de sangue.

 

Leia a seguir o relato de Aitor Zabalgogeazkoa, coordenador de emergência de MSF em Gaza, sobre o ocorrido:

“No dia 3 de julho, as forças israelenses cometeram mais um massacre, tendo como alvo um grupo de pessoas que tentavam desesperadamente recolher sacos de farinha de um caminhão de ajuda humanitária no sul de Gaza.

Esta terrível tragédia matou pelo menos 16 pessoas, incluindo o ex-colega de MSF Abdullah Hammad.
É provável que o número real de mortos seja muito maior, pois as forças israelenses se recusaram a permitir que os corpos fossem retirados do local. As forças israelenses então ordenaram que as pessoas que estavam tentando recolher farinha saíssem imediatamente.

O nível de desespero por alimentos em Gaza está neste momento além de qualquer compreensão. A capacidade das agências humanitárias de atender às necessidades urgentes está restrita ao mínimo necessário.

As autoridades israelenses estão limitando as movimentações e a circulação de suprimentos e criaram uma maneira militarizada de distribuir alimentos que é degradante e mortal.

A situação de fome sistêmica e deliberada a que os palestinos estão sendo submetidos há mais de 100 dias está levando as pessoas em Gaza ao limite. Esta carnificina precisa acabar agora”.

 

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