Espanha: pacientes idosos precisam de melhor atendimento e despedidas dignas com as famílias

MSF pede que todos os pacientes em estado terminal recebam tratamento para dor e que seja fornecido apoio de saúde mental aos profissionais, famílias e pacientes

Espanha: pacientes idosos precisam de melhor atendimento e despedidas dignas com as famílias

Médicos Sem Fronteiras (MSF) está extremamente preocupada com a situação dos idosos durante o surto de COVID-19 na Espanha. A organização médico-humanitária internacional pede às autoridades de saúde espanholas que garantam que o atendimento a pacientes idosos seja compassivo e que despedidas dignas sejam facilitadas entre pacientes e famílias, tanto nas horas finais quanto após a morte. Isso deve ser feito, mantendo sempre o devido respeito pelas medidas de distância e proteção, além de limitar o número de pessoas presentes.

“Há idosos morrendo sozinhos, sem a família, em casas de repouso e hospitais, o que não deve acontecer. Temos que encontrar uma maneira segura de todos nós oferecermos a essas pessoas uma despedida digna”, diz o médico David Noguera, presidente de MSF-Espanha e coordenador da resposta de MSF na Catalunha. “Sabemos que eles são o grupo mais vulnerável, cuja saúde é mais ameaçada pelo novo coronavírus. Portanto, são eles que merecem urgentemente mais atenção”.

Parte dos regulamentos espanhóis desenvolvidos em resposta à COVID-19, o “Procedimento para o tratamento de cadáveres de casos de COVID-19”, afirma que “antes de proceder à transferência do corpo, a família e os amigos devem ter acesso para se despedir, restrito apenas aos mais próximos da pessoa que faleceu”. Na mesma linha, as diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS)aplicáveis a este tipo de pandemia estabelecem o direito do paciente de receber visitas como essencial.

Nesse contexto, os lares de idosos devem ser uma parte-chave para o sistema de saúde e devem ser capazes de fornecer todos os cuidados médicos apropriados para seus residentes, sempre fornecendo encaminhamentos hospitalares rápidos, quando necessário.

“É vital que a gestão da situação nos lares seja incorporada à gestão abrangente e unificada desse surto, como parte essencial da resposta do sistema de saúde. Temos que ir além das fronteiras entre os departamentos do governo local e nacional”, diz Noguera.

Centros de atendimento especializado

MSF também está defendendo o tratamento para dor em pacientes terminais, seguindo os protocolos usuais. “Acreditamos que é essencial que essas pessoas tenham acesso a profissionais especializados em cuidados paliativos, seja em casa, no hospital, em uma unidade de saúde externa, em uma residência de idosos ou no que chamamos de ‘pavilhão do conforto’. Esta última opção é uma instalação temporariamente equipada com medicamentos para pacientes terminais, projetada para oferecer aos pacientes cuidados paliativos de maneira digna durante suas horas finais”, explica o médico Noguera.

MSF está atualmente aconselhando as autoridades e profissionais de residências de idosos e hospitais sobre cuidados paliativos, o manuseio de equipamentos de proteção individual, medidas de higiene e o estabelecimento dos fluxos de pacientes para reduzir o risco de disseminação do novo coronavírus.

O apoio psicossocial e de saúde mental é outro elemento-chave nesse processo. “Não apenas para idosos, mas também para suas famílias. E para os profissionais das residências e a equipe médica e sanitária, que trabalham dias longos, exaustivos e extremamente difíceis, vendo seus pacientes morrerem sozinhos sem nenhum contato com a família.”
“MSF e a sociedade espanhola exigem que os pacientes tenham o direito de viver e morrer com dignidade. Somente juntos venceremos essa pandemia. E somente trabalhando juntos encontraremos uma maneira de nossos idosos e suas famílias receberem os cuidados que merecem.”

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