Ebola na Guiné: primeiros pacientes recebem alta em Conacri

As vitórias e os desafios da resposta de MSF à epidemia

Uma série de pacientes recebeu alta dos centros de tratamento de Ebola na Guiné após terem derrotado o vírus Ebola, de acordo com a organização humanitária internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF). Paralelamente, as equipes de emergência de MSF estão enfrentando desafios no combate à epidemia, tendo suspendido atividades em um dos três centros de tratamento da doença.

O Ebola está associado a altas taxas de mortalidade e não há tratamento específico para o vírus. No entanto, as chances de sobrevivência dos pacientes aumentam se eles receberam cuidados adequados, incluindo hidratação constante e tratamento para infecções secundárias.

“Quando o primeiro paciente foi liberado do centro de tratamento, fiquei muito feliz e a equipe inteira estava celebrando”, conta Marie-Claire Lamah, médica guineana que está atuando com MSF no centro de tratamento de Ebola no hospital Donka, em Conacri, capital do país.
 
MSF está prestando suporte ao Ministério da Saúde em suas tentativas de conter o surto, que já teve 151 casos suspeitos e 85 mortes registrados até o momento, de acordo com as informações oficiais das autoridades de saúde da Guiné.
 
Atividades suspensas em Macenta
Em Macenta, no sudeste da Guiné, as atividades de MSF foram suspensas após um incidente no qual pessoas locais atiraram pedras nos prédios e veículos da organização, com a falsa impressão de que a doença foi levada ao país por MSF. Nenhum dos membros da organização ficou ferido.
 
Os dois pacientes de Ebola que estavam no centro de tratamento de Macenta continuam ali sob os cuidados de um médico do Ministério da Saúde, que, nos últimos dez dias, recebeu treinamento da equipe de MSF sobre cuidados com vítimas de Ebola.
 
“Obviamente, entendemos que a população local esteja preocupada”, afirma Henry Gray, coordenador de emergência de MSF. “No passado, observamos reações similares em outros países. Nessas situações, garantir que as populações locais tenham um bom entendimento sobre a doença e seus riscos é essencial. Em Macenta, tínhamos equipes de conscientização atuando, mas é muito difícil tentar passar informações às pessoas em suas próprias línguas sobre o vírus e, ao mesmo tempo, fazer todo o possível para conter a epidemia.”
 
Negociações com autoridades locais estão em andamento e MSF planeja retomar as atividades em Macenta logo que possível.
 
As atividades de MSF continuam em andamento em Guéckédou, outra cidade do sudeste da Guiné, onde MSF estruturou uma unidade de isolamento. Em Conacri, o centro de tratamento de Ebola estruturado por MSF teve sua capacidade ampliada de 10 para 30 leitos, voltados para pacientes de baixo e alto riscos.
 
“Atualmente, temos oito pacientes na instalação em Conacri e queremos aumentar a capacidade para garantir que teremos espaço, caso necessário”, diz Henry Gray.
 
Em Conacri e outros lugares, MSF e outras organizações de saúde estão enviando equipes para as comunidades com o objetivo de traçar os contatos com pacientes de Ebola e traçar o caminho da proliferação da doença.
 
MSF também está atuando junto às comunidades locais para garantir que pacientes liberados que venceram o vírus possam retornar às suas casas em segurança, e que todos entendam que eles não oferecem mais risco de contágio.
 
“Sabemos que lidar com o estigma é uma dificuldade para os pacientes que se recuperaram”, afirma Ella Watson-Stryker, promotora de saúde de MSF. “Explicamos às famílias e vizinhos que o paciente negativou o vírus e não apresenta mais riscos a ninguém – ele pode ser beijado, tocado e abraçado sem risco de contaminação.”
 
Atualmente, MSF conta com 60 profissionais internacionais trabalhando na Guiné e enviou mais de 40 toneladas de suprimentos para combater a epidemia.
 
Apoio no Libéria
Depois que casos de Ebola foram reportados na vizinha Libéria, MSF enviou um especialista na doença para oferecer treinamento e melhorar a pequena unidade de isolamento estruturada pelo Ministério de Saúde da Libéria. No dia 6 de abril, MSF enviou suprimentos médicos e materiais de isolamento de Bruxelas para Monrovia, capital do país. Uma equipe da organização estará em campo no dia 7 de abril para oferecer suporte adicional.

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