Ebola: médicos e enfermeiros brasileiros participam de treinamento

Profissionais experientes de MSF compartilham conhecimentos técnicos sobre o manejo da doença

Cerca de 50 profissionais da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) participaram, no dia 26 de agosto, de um treinamento oferecido pela organização humanitária internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF) sobre o manejo do vírus Ebola, que atualmente afeta gravemente a África Ocidental. A intenção foi a de aprimorar as diretrizes já existentes, detalhando processos como o de vestir adequadamente os equipamentos de proteção pessoal (EPP). Na ocasião, Paulo Reis, médico generalista de MSF que atualmente está, pela segunda vez, atuando no projeto de Ebola em Serra Leoa, esteve presente para compartilhar seus conhecimentos. Anteriormente, Paulo já havia participado de dois projetos de resposta a febres hemorrágicas em Uganda, em 2012.

Segundo Giorgia Argentini, médica especialista em doenças infecciosas da unidade médica brasileira (BRAMU), os profissionais de saúde presentes no treinamento demonstravam mais curiosidade acerca das etapas técnicas de diagnóstico e tratamento do que receio de a doença chegar ao Brasil. “Esses profissionais são bem preparados, e já tinham até suas próprias linhas gerais para lidar com a doença. Como nossa parceria é de longo prazo, o que fizemos foi contribuir para o enriquecimento dessas diretrizes”, conta. Paulo Reis detalhou o passo a passo do processo de vestir todo o aparato de proteção, explicou que não é possível ficar muito tempo com toda aquela roupa, porque faz muito calor ali dentro, e respondeu perguntas de cunho prático, como o número de profissionais que compunham cada equipe, quantos pacientes era possível atender de uma só vez, etc. O profissional enfatizou a importância das medidas de proteção diante de um vírus como o Ebola, altamente contagioso. Segundo ele, toda a atenção às medidas de proteção é crucial e reflexo de responsabilidade.

No Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas (Ipec) no Rio de Janeiro, há, inclusive, uma zona de isolamento que pode funcionar como hospital para atender casos suspeitos de Ebola, para a qual os profissionais de MSF fizeram sugestões de adequação – um centro de tratamento precisa ser meticulosamente pensado, já que tudo que toca um paciente infectado precisa ser desinfectado com cloro ou incinerado. É preciso, também, que o caminho a ser percorrido pelas pessoas dentro da instalação seja determinado, para evitar que a contaminação e que pacientes deixem de receber atenção e sejam acompanhados corretamente por diferentes equipes.

A princípio, não há previsão para a realização de novos treinamentos no Rio de Janeiro, mas MSF continua à disposição para auxiliar o Ministério da Saúde brasileiro com o que for possível em termos de compartilhamento de conhecimentos. Internacionalmente, nos outros escritórios da organização, treinamentos semelhantes também estão acontecendo, mas com o propósito de treinar os profissionais que se preparam para ir a campo com MSF, combater a epidemia in loco.
 

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