O cólera geralmente surge em contextos que envolvem superlotação e acesso inadequado à água limpa, coleta de lixo e banheiros. A doença causa diarreia profusa e vômitos, que podem levar à morte por desidratação intensa, por vezes, em questão de horas.

O risco de contração de cólera é maior logo após emergências – como o terremoto que devastou o Haiti em 2010 ou o ciclone Freddy, que atingiu Moçambique em 2023 -, mas pode acontecer em qualquer lugar. A situação pode se tornar especialmente problemática durante a estação chuvosa, quando as casas e latrinas inundam e a água contaminada se acumula em poças.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), todos os anos, há de 1,3 milhão a 4 milhões de casos de cólera em todo o mundo e entre 21 mil e 143 mil mortes devido à doença.

1.

Causa

O cólera é causado por uma infecção no intestino provocada pela bactéria Vibrio cholerae. A bactéria faz com que as células que revestem o intestino produzam uma grande quantidade de fluidos que causam diarreia e vômitos.

A infecção se espalha quando há ingestão de alimentos ou água contaminada com fezes ou vômito de uma pessoa infectada com a doença.

O suprimento de água ou comida contaminadas pode causar grandes surtos em um curto espaço de tempo, principalmente em áreas superlotadas, como periferias ou acampamentos de refugiados.

2.

Sintomas

Geralmente, os sintomas aparecem de dois a três dias após a infecção, mas podem surgir em algumas horas ou em até cinco ou mais dias. Normalmente, a infecção por cólera é leve e assintomática, mas, por vezes, pode ser grave, resultando em diarreia aquosa profusa, vômito e câimbras nas pernas.

O paciente rapidamente perde fluidos corporais, o que leva à desidratação e ao choque. Sem tratamento, a infecção pode levar à morte em questão de horas.

3.

Diagnóstico

O cólera pode ser diagnosticado por meio do exame de amostras de fezes ou do reto, mas, devido à rápida evolução da doença, o tempo para a realização do exame é normalmente curto.

Em meio a uma epidemia, o diagnóstico é geralmente feito com base no histórico do paciente e em um breve exame. O tratamento é iniciado antes mesmo que o laboratório confirme o diagnóstico.

4.

Tratamento

O cólera pode ser tratado de forma simples e efetiva por meio da reposição imediata dos fluidos e sais perdidos devido aos vômitos e à diarreia. Com a reidratação imediata, menos de 1% dos pacientes morrem.

Pacientes diagnosticados com cólera são sempre tratados com soluções de reidratação oral – soluções pré-embaladas de açúcares e sais misturados com água e ingeridos em grande quantidade. A reposição dos fluidos em caso de estado grave deve ser feita de forma intravenosa e, por vezes, combinada com antibióticos.

5.

Atividades

Os profissionais especializados em água e saneamento e os logísticos de MSF desempenham um papel essencial na prevenção do cólera. A doença é tratável e, em muitas situações, as equipes de MSF puderam reduzir as taxas de mortalidade para menos de 1%.

MSF já respondeu a surtos de cólera em países como Burundi, Haiti, Malaui, Níger, Nigéria, Quênia, República Democrática do Congo, Sudão do Sul, Zâmbia, Zimbábue, Moçambique, Camarões, Líbano e Síria.

Em 2021, MSF tratou 50.200 pacientes com cólera ao redor do mundo.

No Burundi, em novembro de 2021, quando vários casos suspeitos de cólera foram registrados na província de Cibitoke, enviamos uma equipe para apoiar o centro local de tratamento contra a doença, que havíamos criado dois anos antes.

No mesmo ano, em Camarões, MSF apoiou a resposta das autoridades a um surto de cólera em Ekondo Titi, no sudoeste do país. Tratamos pacientes nas áreas de Idenau, Bamusso e Kombo Itindi. Também administramos vacinas e facilitamos os serviços de água e saneamento, bem como atividades de conscientização sobre tratamento e prevenção.

Em 2021, a Nigéria sofreu o pior surto de cólera em uma década, que atingiu a maior parte do país e matou cerca de 3.600 pessoas. Equipes de emergência de MSF atuaram em parceria com o Ministério da Saúde do país para manter o surto sob controle, abrindo centros de tratamento de cólera nos estados de Bauchi, Borno, Kano e Zamfara. Também promovemos campanhas de vacinação, atividades de promoção da saúde e a melhoria dos serviços de água e saneamento.

Em 2022, pelo menos 30 países registraram surtos de cólera ou doenças com características semelhantes. MSF administrou projetos contra a doença em pelo menos 10 países: Quênia, Etiópia, Somália, Camarões, Nigéria, Haiti, Líbano, Síria, Malaui e Sudão do Sul. Nossas equipes se envolveram na prevenção da doença por meio de atividades de água e saneamento, promoção de saúde e campanhas de vacinação. Também administramos unidades para tratar pacientes em instalações médicas e criamos centros de tratamento maiores e isolados, onde centenas de pacientes com cólera puderam ser admitidos simultaneamente.

Em 2023, após o segundo impacto do ciclone tropical Freddy em Moçambique, as autoridades declararam um surto de cólera – o pior registrado no país nos últimos oito anos. As atuações de emergência de MSF para apoiar as autoridades locais na contenção do número crescente de casos de cólera na Zambézia duraram um mês – desde a declaração do surto, em meados de março, até a redução drástica dos pacientes admitidos nas instalações de tratamento do cólera, em meados de abril.

As equipes de MSF seguem atendendo pacientes com cólera ao redor do mundo e adaptando suas atividades de acordo com as necessidades de cada contexto.

Esta página foi atualizada em maio de 2023.

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