Ataque aéreo mortal contra hospital no estado de Rakhine, em Mianmar

Este é o ataque mais mortal registado contra uma unidade de saúde em Mianmar desde 2021.

Nesta quinta-feira, 11 de dezembro, Médicos Sem Fronteiras (MSF) tomou conhecimento do bombardeio e da destruição do hospital geral de Mrauk-U, no estado de Rakhine, em Mianmar. Segundo relatos, o ataque aéreo, que ocorreu por volta das 21h do dia 10 de dezembro, resultou na morte de pelo menos 30 civis e deixou mais de 70 feridos. Este é o ataque mais mortal registado contra uma unidade de saúde em Mianmar desde 2021. Entre as vítimas, estavam profissionais de saúde e pacientes, incluindo idosos, pacientes de cuidados prolongados e dezenas de crianças. Há também relatos de ferimentos graves entre os sobreviventes.

[OLHO]

É difícil expressar o quanto MSF está indignada com o ataque a uma das poucas instalações médicas que ainda funcionam na região.”

Paul Brockmann, coordenador de operações de MSF em Mianmar, Bangladesh e Malásia.

 

“Bombardeios a instalações de saúde, pacientes sendo mortos em seus leitos, isso não pode ser visto como dano colateral em uma zona de conflito. Os hospitais devem continuar sendo um local seguro para que pacientes recebam cuidados médicos”, reitera Paul Brockmann.“Lamentamos pelos pacientes que perderam a vida no hospital que apoiamos ao longo dos anos e nos solidarizamos com os colegas com quem trabalhamos lado a lado. A destruição de um dos últimos hospitais em funcionamento no centro de Rakhine irá restringir ainda mais o acesso à saúde para os civis atingidos pelo conflito, incluindo o acesso a tratamentos que salvam vidas”, alerta Brockmann.

“No estado de Rakhine, o acesso aos cuidados de saúde já diminuiu drasticamente nos últimos anos, devido ao conflito em curso. Inúmeras instalações médicas foram danificadas e muitos profissionais de saúde foram forçados a fugir por causa da violência contínua. O mesmo padrão foi registado em várias regiões de Mianmar. O país ficou em quarto lugar no ranking de ataques contra serviços de saúde em 2024.

Como organização médica-humanitária internacional e neutra, apelamos urgentemente a todas as partes envolvidas no conflito para que respeitem os princípios fundamentais do direito internacional humanitário. Civis e instalações de saúde devem ser protegidos sem exceção, em meio à escalada da violência”, acrescenta Brockmann.

MSF começou a trabalhar em Rakhine em 1994 e passou a apoiar o hospital em
Mrauk-U em 2021, com foco em atenção primária à saúde, cuidados de saúde sexual e reprodutiva, saúde mental, encaminhamentos de emergência e tratamento de doenças não transmissíveis, como diabetes e hipertensão. MSF foi obrigada a suspender a sua presença na maior parte de Rakhine em 2024 devido à escalada extrema do conflito e, atualmente, tem uma presença limitada, principalmente em Sittwe.

 

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