Assembleia Mundial de Saúde: MSF e DNDi pedem que a resolução de Chagas seja mais abrangente

A resolução ‘Doença de Chagas: Controle e Eliminação’, prestes a ser adotada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) é um passo no sentido correto, mas não deve estar focada apenas em prevenção

A resolução, “Doença de Chagas: Controle e Eliminação”, está prestes a ser adotada esta semana na Assembléia Mundial de Saúde (AMS). Embora seja um importante passo no sentido correto, a resolução não contempla elementos essenciais para o enfrentamento da doença de Chagas e apenas enfoca em prevenção. Médicos Sem Fronteiras (MSF) e a Iniciativa Medicamentos para Doenças Negligenciadas (DNDi) pedem que os Estados Membros incluam na resolução a integração do tratamento e diagnóstico no âmbito da atenção primária e o aumento dos esforços em pesquisa e desenvolvimento.

“Após mais de dez anos de experiência, MSF tem conseguido tratar milhares de pacientes que vivem com Chagas. Gostaríamos que a atenção fosse igualmente dada às estratégias de diagnóstico e tratamento, assim como é dada às de prevenção,” disse Fran Román, vice-presidente de MSF em Barcelona. “Se os países afetados querem chegar até os pacientes – adultos e crianças, nas fases agudas e crônicas –, eles precisam incorporar diagnóstico e tratamento na atenção primária,” acrescenta.

O objetivo da resolução é controlar e eliminar a doença de Chagas, muito embora não haja uma declaração clara direcionada ao diagnóstico e tratamento ou pesquisa e desenvolvimento para novas ferramentas.

“Os pacientes de Chagas vêm sendo esquecidos porque estão fora do interesse comercial. No entanto, a ciência existe para desenvolver melhores tratamentos e diagnósticos para todos,” disse Bernard Pecoul, diretor executivo da DNDi. “Os primeiros passos para que possamos ver algum progresso no nível internacional são por meio de financiamento sustentável e previsível e de um forte apoio público. Os delegados na AMS agora têm uma oportunidade importante para avançar neste tema e adotar ações concretas.”

Trata-se de uma oportunidade a milhões de pessoas afetadas pela doença, que permanece sendo uma das doenças de alta mortalidade causadas por parasitas na região das Américas, com uma estimativa entre 10 e 15 milhões de pessoas infectadas e cerca de 14 mil mortes a cada ano.

Em 2009, os Estados Membros da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) adotaram a resolução “Eliminação de doenças negligenciadas e outras infecções associadas à pobreza”, onde as estratégias primárias para Chagas incluem o tratamento etiológico em crianças e a atenção a adultos, estando em consonância com as principais reivindicações de MSF e DNDi.

Medidas e ações urgentes precisam ser adotadas para ampliar a resposta médica e aumentar o acesso a diagnóstico, tratamento e cuidado, além de estimular a pesquisa e desenvolvimento para novas ferramentas. MSF e DNDi também pedem que os Estados Membros fortaleçam as cadeias de distribuição dos medicamentos existentes de modo que eles possam estar prontamente disponíveis nos programas nacionais e para utilização pelos profissionais de saúde. Pedem também que sejam promovidos mais pesquisa e desenvolvimento, virtualmente inexistente no momento, dando ênfase a melhores tratamentos (menos tóxicos, de menor duração e mais efetivo em todas as fases da doença, em crianças e adultos), ferramentas de diagnóstico adaptadas a locais de recursos limitados e um teste de cura para o controle da doença de Chagas.

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