8 necessidades médicas de crianças em contextos humanitários

Apesar dos progressos globais na redução da mortalidade infantil nos últimos anos, os cuidados pediátricos continuam sendo uma preocupação urgente

8 necessidades médicas de crianças em contextos humanitários

Em todo o mundo, equipes de Médicos Sem Fronteiras (MSF) estão trabalhando para garantir que as crianças recebam os melhores cuidados de saúde possíveis. As histórias abaixo falam sobre os enormes desafios enfrentados por esses jovens pacientes e o impacto dos programas de MSF para ajudá-los a sobreviver e ficar bem.

1. Prevenção contra o sarampo para crianças menores de cinco anos

O sarampo é uma das doenças mais altamente contagiosas do mundo e uma das principais causas de morte em crianças menores de cinco anos, embora seja facilmente prevenida com uma vacina. A vacinação é particularmente importante porque não há um tratamento específico para curar a doença. Fornecemos imunização de rotina contra o sarampo como parte dos cuidados pediátricos, tanto em situações de emergência como em áreas onde os programas governamentais de imunização não estão em operação. Durante os surtos, fornecemos cuidados de apoio às crianças infectadas e tratamos quaisquer complicações para evitar que elas se tornem fatais.

2. Tratamento da malária em comunidades vulneráveis

A malária é uma doença mortal transmitida por mosquitos. A cada ano, a malária mata cerca de 410 mil pessoas e infecta mais de 220 milhões. Noventa por cento dessas mortes ocorrem na África Subsaariana. Crianças menores de cinco anos são especialmente vulneráveis à infecção e às graves consequências da doença, uma vez que ainda não desenvolveram imunidade. No Sudão do Sul, na República Democrática do Congo e na República Centro-Africana, nossos hospitais às vezes dobram de tamanho para tratar casos graves durante a alta da malária. Nossa estratégia contra a doença está focada em melhorar a prevenção, alcançar e tratar os mais vulneráveis e melhorar o planejamento antecipado das estações de malária nas regiões mais afetadas onde atuamos.

3. Cuidados de saúde sexual e reprodutiva para adolescentes

A sexualidade do adolescente é uma parte natural do desenvolvimento saudável e é altamente estigmatizada em muitas comunidades. Em muitos países onde atuamos, uma série de barreiras impedem os adolescentes de acessar os serviços de saúde sexual e reprodutiva de forma segura e confidencial. Adolescentes ou crianças na fase da puberdade podem começar a ter relações sexuais e/ou experimentos, frequentemente sem proteção ou informação sobre como prevenir gravidez indesejada, DSTs e/ou infecção por HIV. Em resposta, MSF estabeleceu clínicas para adolescentes para incentivar a interação com os serviços de saúde neste período crucial de suas vidas.

4. Combate à desnutrição em crianças

A desnutrição é o fator que contribui para quase metade das mortes de crianças menores de cinco anos. Isso pode levar a um sistema imunológico enfraquecido, o que significa que as crianças ficam mais vulneráveis a doenças, criando um ciclo vicioso. O tratamento da desnutrição envolve alimentos terapêuticos prontos para uso (RUTF). Os RUTFs incluem todos os nutrientes de que uma criança necessita para se desenvolver e ajuda a reverter deficiências e ganhar peso. Em locais onde a desnutrição tende a se agravar, adotamos uma abordagem preventiva, distribuindo RUTF suplementar para crianças em risco.

5. Pneumonia: uma infecção evitável em crianças

A pneumonia é uma das principais causas de morte em crianças menores de cinco anos e uma complicação comum para muitas outras doenças que afetam as crianças, como por exemplo, o sarampo. Frequentemente, ela começa como uma simples gripe que depois se transforma em uma infecção torácica, diminuindo as defesas imunológicas. Os pulmões são afetados, e a criança tem febre alta, tosse e pode ficar com a respiração ofegante. As crianças podem ser protegidas contra pneumonia usando a vacina pneumocócica conjugada, entretanto, o alto preço evita que alguns governos a incluam em seu calendário de imunização. MSF continua a defender vacinas a preços mais baixos para superar esta barreira.  

6. Impactos de conflitos no bem-estar das crianças

Os efeitos do conflito são diretos e indiretos e estão associados a danos imediatos e de longo prazo. Crianças e adolescentes muitas vezes têm que lidar com situações difíceis e memórias dolorosas, enquanto ainda não desenvolveram mecanismos de enfrentamento que lhes permitam lidar com seus sofrimentos. Em crises humanitárias, a saúde mental e o cuidado psicossocial das crianças costumam ser uma necessidade invisível que permanece não atendida, mesmo que o risco de desenvolver um transtorno mental muitas vezes remonte à infância. A violência e o conflito em Diffa, no Níger, geraram uma série de experiências e eventos traumáticos para as crianças.

7. O longo e cansativo tratamento da tuberculose

A tuberculose (TB) é frequentemente considerada como uma doença do passado, mas um ressurgimento recente e a propagação de formas resistentes a medicamentos a torna uma preocupação dos dias atuais. Ela é causada por uma bactéria (Mycobacterium tuberculosis) que se espalha pelo ar quando uma pessoa infectada tosse ou espirra. A doença afeta com mais frequência os pulmões, mas pode infectar qualquer parte do corpo, incluindo os ossos e o sistema nervoso. Crianças com menos de 15 anos de idade são especialmente vulneráveis à TB, e as que tem menos de cinco anos são um grupo de risco ainda maior. Uma vez infectadas, elas têm um risco maior de progredir para a doença. Para combater a TB, conduzimos a busca ativa de casos, promovemos novos medicamentos, formulações adequadas às crianças e regimes de tratamento mais curtos e enfatizamos modelos de atendimento holísticos e centrados no paciente.

8. Combate ao estigma do Noma

Noma é uma doença não contagiosa que afeta principalmente crianças menores de sete anos que vivem em contextos de vulnerabilidade. Ela começa como uma inflamação das gengivas, com a infecção começando rapidamente a destruir ossos e tecidos. Pode causar dor, complicações respiratórias e dificuldades alimentares. Sem tratamento, o Noma é fatal em 90% dos casos. Mas se for detectado precocemente, sua progressão pode ser rapidamente interrompida por meio de higiene básica, antibióticos e reabilitação nutricional. Os pacientes com Noma experimentam altos níveis de estigma dentro de suas comunidades, pois são frequentemente considerados amaldiçoados e enfrentam exclusão ou abandono como resultado. MSF apoia o único hospital dedicado à doença do mundo no noroeste da Nigéria. Oferecemos tratamento e apoio à comunidade, busca ativa de casos, promoção da saúde e apoio à saúde mental.

 

Compartilhar
Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on print