5 dicas para se adaptar à vida em confinamento

Profissionais de MSF compartilham suas experiências de confinamento anteriores à COVID-19

5 dicas para se adaptar à vida em confinamento

Desde o início da pandemia e o confinamento gerado por ela, a vida de pessoas do mundo inteiro sofreu transformações. Recebemos orientações para ficarmos em casa, praticarmos o distanciamento físico e termos boas práticas de higiene para conter a propagação da COVID-19.

Para muitos profissionais de Médicos Sem Fronteiras (MSF), esses tipos de restrições não são novos. Em muitos lugares onde trabalhamos, nossas equipes precisam lidar com várias formas de confinamento para sua segurança, porque oferecem ajuda médico-humanitária em locais afetados por insegurança, guerra ou epidemias de doenças.

Abaixo, nossos profissionais compartilham dicas sobre como sobreviver ao confinamento, a fim de evitar a disseminação da COVID-19, o que, em último caso, significa salvar vidas.

1. Lembre-se de por que você está confinado

“Acho importante lembrar o propósito de você estar confinado”, diz Catherine Flanigan, uma enfermeira que recentemente trabalhou com MSF no navio de busca e salvamento Ocean Viking, no mar Mediterrâneo Central.

Na época, Catherine ficou confinada no navio por semanas, com muito pouco espaço para se mover, especialmente quando o navio estava lotado de pessoas resgatadas a bordo. Seu papel na equipe médica era prestar assistência a todas as pessoas resgatadas, com foco especial nos sobreviventes de violência.

“Eu não me importei em ficar confinada no navio”, diz ela. “Qualquer incômodo desapareceu ao pensar na importância do trabalho que estávamos realizando, que estava salvando vidas. E é isso o que todos nós estamos fazendo agora.”

2. Aceite sua nova realidade

Depois de se lembrar por que seu movimento está restrito, é importante aceitar as novas regras. “Aceite que o confinamento é a nova norma, não tente combatê-lo”, diz Tom Niccol, que recentemente passou seis meses trabalhando com MSF no Sudão do Sul. O movimento de Tom era restrito ao complexo hospitalar e de moradia por meses, devido à violência e instabilidade na área. Por seis meses, ele trabalhou como médico nessa área extremamente remota, onde MSF mantém o hospital desde 2014.

Tom diz que, embora seja fácil cair na armadilha de questionar as novas regras e os regulamentos, é melhor aceitar que os limites existem por um motivo. “Você estará mais em paz quando aceitar essa noção, em vez de estar em um estado constante de querer desafiar a autoridade”, diz ele. “Lembre-se, sua liberdade retornará!”

3. Faça atividades… e lanches

O gerente de construção Jeff Fischer retornou recentemente de um projeto de seis meses em Kunduz, Afeganistão, onde o movimento de profissionais é restrito, devido à insegurança. A única viagem permitida era da casa ao local de trabalho, onde Jeff estava administrando a construção de um hospital de trauma.

Quando a atividade militar aumentou, a equipe foi forçada a conviver em um espaço ainda menor por vários dias seguidos. Jeff diz que é importante fazer algumas atividades. “Eu estava ciente do contexto da tarefa antes de aceitá-la e cheguei com chocolates e quebra-cabeças para compartilhar”, diz ele.

“Eu também peguei um ukulele barato e comecei a aprender a tocar. A equipe era composta por pessoas de cerca de uma dúzia de nacionalidades, compartilhando receitas e cozinhando juntos, o que se tornou nosso passatempo favorito; nós até construímos um forno de pizza a lenha no pequeno jardim.”

4. Tenha uma rotina, incluindo exercícios

Enquanto trabalhava no Sudão do Sul, o médico Tom Niccol achou importante ter uma rotina. “Às vezes, é assustador ter tanto tempo livre, sem tarefas normais para preencher o dia”, diz ele. “Crie uma rotina mesmo que seja com atividades comuns, como lavar a roupa pela manhã; meio-dia a família se fala por telefone etc. Isso ajudará a estruturar o dia, manter a produtividade e ter um motivo para você sair da cama!”

O exercício, mesmo com espaço limitado, também é recomendado por seus claros benefícios para a saúde física e mental. “Comprei uma corda para pular, faixas de resistência e um tapete de ioga. Em um espaço de um metro por dois metros, consigo fazer exercícios aeróbicos e de resistência”, diz Tom.

5. Veja os pontos positivos

O confinamento pode ser desafiador, com acesso limitado a várias atividades prazerosas. Muitos dos nossos profissionais internacionais também vivem sem conforto; por exemplo, enquanto estava no Sudão do Sul, o médico Tom Niccol morava em uma barraca e não tinha acesso a água quente.

Buscar pontos positivos dentro dos novos limites pode ser útil. “O confinamento me forçou a descansar”, diz Tom. “Isso me forçou a ser inovador e aprender estratégias de enfrentamento para o ‘tempo sozinho’. Eu me conectei mais com amigos e familiares, porque tive tempo para conversas mais longas.”

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