Combatendo chagas na Bolívia

MSF está atuando na área rural do departamento de Cochabamba, na Bolívia, país com a mais alta prevalência da doença de Chagas. O projeto cobre a província de Narciso Campero, incluindo três municipalidades: Pasorapa, Omereque e Aiquile, sendo que esta última tem cerca de 80 comunidades. Na foto, uma profissional de MSF conduz uma reunião para transmitir informações sobre o tratamento da doença de Chagas a membros da comunidade de Kochapata.
O chefe de projeto de MSF na Bolívia, Henry Rodríguez, fala sobre como a organização aborda a doença de Chagas em Narciso Campero: “Na minha opinião, a educação comunitária é essencial para tudo, já que explica às pessoas aspectos da doença, tais como a forma de contraí-la, como preveni-la e a importância de seguir recomendações feitas por nós para que as casas, uma vez fumigadas, estejam livres dos insetos”. Na foto, MSF promove atividades de educação sobre Chagas para estudantes de uma escola de Aiquile.
Para Henry Rodríguez, chefe de projeto de MSF na Bolívia, ainda há desafios no combate da doença de Chagas: “Há a necessidade de simplificar o tratamento, tornando-o mais efetivo, mais curto e possível de ser administrado em áreas rurais, de forma mais segura. O maior desafio, no entanto, é que ainda há muitos pacientes sem tratamento, sem acesso a cuidados”. Na comunidade de Chujillas (foto), a maioria das pessoas diagnosticadas com Chagas fizeram o tratamento, que dura cerca de três meses. Depois da conclusão, foram entregues certificados.
O controle vetorial é, também, um importante aspecto do projeto de MSF em Narciso Campero. Em 2012, centenas de casa foram fumigadas nos municípios de Omereque, Psorapa e Aiquile, em parceria com o programa nacional de Chagas. “A fumigação é muito importante para o controle do vetor porque temos que eliminar o barbeiro das casas. As pessoas estão vivendo com os insetos enquanto estão sendo tratadas e não podemos deixar que elas sejam novamente infectadas”, afirma Samy Salgueiro, da equipe de controle vetorial de MSF.
Andrés e Elena vivem em Tipa Pampa, uma comunidade localizada na região montanhosa de Aiquile. A casa deles tinha barbeiros (inseto transmissor da doença de Chagas) e foi fumigada por MSF no último ano. A casa deles não era fumigada há dez anos. “Não havia inseticida antes. As casas estão sendo fumigadas depois de um longo tempo, depois de dez anos ou mais. Sabemos que há insetos aqui; eles já estavam aqui há dois ou três anos, mesmo antes disso, quando morávamos em Chingurapi. Nossas casas passaram a ser monitoradas há dois meses”, contam os dois.
O barbeiro – conhecido como “vinchuca” na Bolívia e em outros países da América Latina – são frequentemente encontrados nas casas de regiões rurais. Essas casas são feitas de adobe, uma mistura de argila e palha. As fezes do inseto transmitem o parasita Tripanosoma cruzi, que causa a doença de Chagas. Desde que MSF inaugurou seu projeto em Narciso Campero, foram testadas 10.414 pessoas para a doença; 4.466 tinham Chagas e 1.804 completaram o tratamento.
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A doença de Chagas é endêmica em 21 países da América Latina. De acordo com estimativas, já são entre entre 8 e 10 milhões de casos em todo o mundo. A infecção parasitária mata 12.500 pessoas por ano, o que a coloca entre as primeiras causadoras de morte no continente americano. Em Narciso Campero, na Bolívia, MSF está desenvolvendo uma estratégia mista, que oferece cuidados diretos à comunidade e também integra diagnóstico e tratamento nos centros de saúde existentes. A organização lida com todos os aspectos da doença de Chagas: educação e conscientização da comunidade sobre a doença, controle vetorial, diagnóstico e tratamento.
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