Honduras: MSF combate surto mortal de dengue

Organização presta suporte técnico à equipe de saúde local para garantir a qualidade no atendimento

 31 de outubro de 2013 – Uma epidemia da febre hemorrágica da dengue está se espalhando por San Pedro Sula, a segunda maior cidade de Honduras, com três vezes mais números de casos do que no ano passado. Esse tipo de dengue pode ser mortal e as crianças é que estão mais expostas ao risco. Equipes da organização humanitária internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF) lançaram uma resposta de emergência para reduzir o número de crianças morrendo devido à doença transmitida pelo mosquito por meio do apoio às autoridades de saúde no principal hospital público do nordeste de Honduras.

“A epidemia representa uma grande ameaça à população”, afirma o coordenador médico Dr. Luis Neira. “Desde que começamos a trabalhar aqui, observamos um fluxo constante de pacientes. Estamos concentrados em prover assistência de emergência para crianças com menos de 15 anos.” Três em cada quatro pacientes tratados no hospital, incluindo os casos mais graves, são crianças.

Em agosto de 2013, o número de casos suspeitos de dengue hemorrágica reportados na região aumentou 235% em relação ao ano anterior. Autoridades de saúde locais ficaram sobrecarregadas, o que motivou MSF a lançar sua resposta.

“Eu vim de Azacualpa, a quatro horas de carro daqui, porque minha neta estava doente”, afirma Mariana. “Ela estava doente há alguns dias, mas o centro de saúde local não podia tratá-la.” A neta de Mariana, que está com dengue e apresenta complicações médicas, foi transferida para a unidade de cuidados intensivos estruturada pela equipe de MSF no hospital público Mario Catarino Rivas, em San Pedro Sula.

Endêmica na América Central, a dengue é uma doença viral transmitida por mosquitos, com sintomas semelhantes ao da gripe. No entanto, essa cepa relativamente moderada da doença pode evoluir para a dengue hemorrágica, que pode causar sangramento, choque irreversível e, algumas vezes, a morte.

Em Honduras, há quatro diferentes tipos de dengue. “Os quatro tipos circulam”, afirma o Dr. Luis, “com riscos de infecção particularmente altos durante a estação chuvosa, de maio a novembro, quando o mosquito responsável pela propagação da doença se prolifera.”

Não há tratamento específico para a dengue, mas o diagnóstico precoce e cuidados adequados podem reduzir drasticamente a taxa de mortalidade. No entanto, ser diagnosticado e tratado a tempo pode ser um desafio, à medida que a oferta de cuidados de saúde em Honduras encontra-se em estado de crise, diante da falta de suprimentos médicos e profissionais qualificados. “O problema é que muitas pessoas enfrentam múltiplos obstáculos para ter acesso a tratamento adequado em tempo”, diz Dr. Luis.

Uma equipe de MSF treinou a equipe médica dos centros de saúde no entorno da cidade de San Pedro Sula para detectar casos de dengue precocemente e encaminhar pacientes prontamente ao hospital, além de garantir que todas as crianças com menos de 15 anos tenham acesso a medicação e tratamento gratuitos no hospital público Mario Catarino Rivas. A equipe estruturou uma unidade de dengue em três das alas pediátricas do hospital, com a equipe médica de MSF prestando suporte e treinando o pessoal do hospital. Nos dois meses desde que o trabalho teve início, a equipe de MSF tratou mais de 560 crianças na unidade de emergência do hospital – um quarto delas com menos de cinco anos de idade.

“Nós também doamos medicamentos e suprimentos médicos ao hospital para o tratamento de adultos afetados pela dengue”, afirma o Dr. Luis. MSF continua a monitorar o surto em caso de necessidade de uma resposta mais robusta.
 
Lucia Brum, mestre em doenças tropicais de MSF-Brasil, prestou suporte técnico às equipes da organização em Honduras desde antes do início das atividades. Foi com base na análise de dados epidemiológicos e estimativas de casos e demandas que decidiu-se pela atuação da organização junto aos profissionais de saúde locais, que foram treinados e monitorados para melhorar a qualidade da atenção médica. “Por concentrar cerca de 70% dos casos de dengue registrados nas Américas, o Brasil é um dos países que mais contribui para o conhecimento sobre essa pandemia, por meio de sua capacidade de resposta à doença, disponibilidade de protocolos e sistemas robustos de vigilância epidemiológica, além do desenvolvimento de novas tecnologías para combater a doença”, afirma a médica.

Assim como responde de forma emergencial à epidemia de dengue, MSF atua na capital hondurenha, Tegucigalpa, tratando as consequências médicas da violência em alguns dos bairros mais violentos da cidade. A organização desenvolve trabalhos na América Central há mais de 25 anos, respondendo a desastres naturais, emergências e outras crises médico-humanitárias.
 

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