Noma é uma doença negligenciada pouco conhecida que afeta principalmente crianças que vivem em condições de vulnerabilidade.

O risco de contração de cólera é maior logo após emergências, como o terremoto que devastou o Haiti em 2010, mas pode acontecer em qualquer lugar. A situação pode se tornar especialmente problemática durante a estação chuvosa, quando as casas e latrinas inundam e a água contaminada se acumula em poças.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), todos os anos, há de 1,4 a 4,3 milhões de casos de cólera e de 28 mil a 142 mil mortes no mundo devido à doença.

1.

Definição

Noma, ou cancrum oris, é uma doença bacteriana infecciosa, mas não contagiosa, que começa como uma inflamação das gengivas, semelhante a uma pequena úlcera na boca. É uma doença negligenciada encontrada em países de baixa renda na África e na Ásia, e afeta pessoas que vivem em condições vulneráveis, principalmente crianças menores de sete anos.

Condições de saúde precárias e situações de pobreza extrema são os principais fatores por trás da infecção que leva à doença. Crianças com desnutrição, má higiene oral e doenças como sarampo ou malária são especialmente suscetíveis ao noma.

As pessoas que sobrevivem ao noma têm apenas uma escolha se quiserem uma vida melhor: devem passar por uma extensa cirurgia reconstrutiva.

2.

Sintomas

O noma começa com uma gengivite, isto é, inflamação e sangramento das gengivas. Em três ou quatro dias, surge uma úlcera, e as gengivas e a bochecha começam a inchar.

Antes de uma semana, a doença destrói o tecido da bochecha e um buraco aparece. Nos dias seguintes, a infecção se espalha e a gangrena cobre a área afetada. Dependendo de onde a infecção começou, ela destrói rapidamente mandíbula, lábios, bochechas, nariz ou olhos.

3.

Consequências

Muitas pessoas que sobrevivem ao noma correm grande risco de morrer por complicações secundárias. Elas são também afetadas por consequências físicas e mentais que as isolam de suas comunidades e podem causar problemas psicológicos. Muitas pessoas têm dificuldade em falar e comer, além de enfrentar estigma e discriminação em suas comunidades por causa das cicatrizes faciais. As crianças podem sofrer atrasos no desenvolvimento devido ao isolamento social ou ao impacto de doenças infantis ligadas ao noma, como o sarampo e a malária.

4.

Tratamento

Noma é absolutamente evitável, mas somente se houver conhecimento sobre a doença e como tratá-la. Uma boa nutrição, higiene oral e acesso a cuidados de saúde e vacinas contra doenças infantis ajudam a prevenir a infecção.

Noma é tratável, se detectado e combatido durante as primeiras semanas. Com a higiene oral básica, antibióticos e curativo para as feridas, um paciente pode se recuperar do noma em algumas semanas. O tratamento inclui também o gerenciamento de fatores de risco subjacentes, como desnutrição e outras doenças como o sarampo.

5.

Atividades

O Ministério da Saúde da Nigéria oferece assistência a pacientes com noma há muitos anos, no Hospital Sokoto Noma, no noroeste do país. MSF apoia essa iniciativa desde 2014. O modelo de atenção é composto por quatro componentes principais: cuidados agudos; cuidados crônicos (cirurgia); serviços integrados de base hospitalar (incluindo a prestação de cuidados de saúde mental) e serviços de base comunitária (extensão). Além desses serviços de saúde, há também um forte foco na contribuição à literatura sobre noma por meio de estudos operacionais de pesquisa.

A cirurgia reconstrutiva para o noma exige profissionais altamente especializados. Quatro vezes por ano, MSF envia para a Nigéria especialistas em cirurgia plástica e maxilofacial, que trabalham com especialistas nigerianos. Juntos, realizam de 30 a 40 operações durante um período de duas semanas. No total, MSF realizou 766 cirurgias em 473 pacientes entre agosto de 2015 e julho de 2020.

6.

Desafios

  • As pessoas têm pouco acesso a informações sobre o noma e não conseguem identificar a doença a tempo, o que dificulta o tratamento precoce.
  • Muitos pacientes com noma vivem em áreas isoladas e em situação de pobreza, onde o acesso à saúde e cuidados dentais é quase inexistente.
  • Esta doença é totalmente evitável e tratável se for identificada a tempo, mas isso requer triagem oral de rotina para crianças, o que na maioria das vezes não acontece.
  • Para restaurar as cicatrizes faciais graves e os problemas que o noma pode causar, é necessária uma cirurgia reconstrutiva extensa e complexa. Apenas poucos pacientes têm acesso a isso.
  • O noma é uma doença profundamente negligenciada. É difícil contar com apoio e recursos, uma vez que ela não está incluída na lista prioritária da OMS de Doenças Tropicais Negligenciadas.

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