União Europeia falha mais uma vez em apoiar população de Gaza

Apesar de ter meios políticos, econômicos e burocráticos, bloco mantém discurso retórico e inação para acabar com a guerra e permitir entrada de ajuda no território

Família palestina deslocada, voltando para se estabelecer na cidade de Beit Lahia. Norte da Faixa de Gaza, fevereiro de 2025. ©Nour Alsaqqa/MSF

Ministros do Exterior da União Europeia (UE) recusaram-se mais uma vez a tomar medidas substanciais para pôr fim à destruição deliberada e sistemática de vidas palestinas em Gaza, tornando-se cúmplices do genocídio que as autoridades israelenses estão cometendo.

Após a reunião de 15 de julho sobre Gaza, os líderes da UE emitiram declarações enganosas, e a Alta Representante do bloco, Kaja Kallas, afirmou que há “sinais positivos” de que a ajuda será entregue no território. No entanto, Israel continua a bombardear crianças que procuram água, a disparar contra pessoas que coletam alimentos e a matar de fome muitos outros por meio do cerco e da punição coletiva.

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Se quisesse, Israel poderia garantir que homens, mulheres e crianças palestinos tivessem comida, água e medicamentos amanhã mesmo. Mas, em vez disso, continua a sufocar a Faixa de Gaza.
Ao não abordar o cerco imposto por Israel, os líderes da UE também demonstram falta de coragem e humanidade para pressionar as autoridades israelenses a interromper o assassinato diário de pessoas inocentes.

Em 16 de junho, MSF enviou uma carta com uma mensagem muito clara aos líderes da UE: a União Europeia tem os meios políticos, econômicos e diplomáticos para exercer pressão real sobre Israel, para que interrompa as atrocidades e abra imediatamente as passagens de fronteira de Gaza com o objetivo de permitir a entrada de ajuda humanitária no território.

A população de Gaza não pode esperar mais. Os Estados-membros da UE precisam urgentemente transformar palavras em ações para impedir o extermínio dos palestinos em Gaza.
Profissionais de MSF trabalham incansavelmente e em condições críticas há quase dois anos – 12 deles foram mortos pelas forças israelenses.

Nossas equipes recebem regularmente pacientes com ferimentos à bala, muitos dos quais foram atacados em locais de distribuição de alimentos administrados pela Fundação Humanitária de Gaza. Quase 800 pessoas foram mortas enquanto tentavam obter comida para sobreviver nesses pontos de distribuição.

Quantas vidas mais precisam ser perdidas antes que a UE tome medidas? Que outras violações do Direito Internacional Humanitário precisam ocorrer antes que as atrocidades de Israel contra a população de Gaza acabem?

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