Um mês após enchentes, população de Moçambique ainda precisa de ajuda

Cerca de 136 mil pessoas deixaram suas casas devido às fortes chuvas. Médicos Sem Fronteiras alerta que é necessário fortalecer ação humanitária

Cerca de 136 mil pessoas tiveram de deixar suas casas devido as enchentes que assolaram as províncias vizinhas do Rio Zambesi há um mês. Apesar da primeira resposta ter provocado um otimismo cauteloso, Médicos Sem Fronteiras (MSF) observou que a situação das vítimas das enchentes na Província de Zambesia ainda está longe de ser satisfatória porque ainda há risco de doenças.

Apesar de a atividade humanitária ter sido concentrada nas áreas de Mutarrara e Caia, assim como na cidade de Vilankulo, que foram atingidas pelo ciclone Favio, mais de 25 mil deslocados internos dos distritos de Mopeia e Morrumbala ainda estão sobrevivendo com estoques próprios. Nenhum alimento ou item de emergência chegou a eles desde o início das enchentes.

A capacidade de resposta global em estâncias locais chegou a seu limite. Uma mobilização internacional é crucial para evitar que as condições de saúde das vítimas das enchentes piore.

"Ainda é difícil determinar a extensão da crise", explica Bruno Lab, chefe de missão de MSF. "A resposta conjunta do governo de Moçambique, organizações locais e internacionais evitou que o pior acontecesse. No entanto, o ciclo de seca, ciclones e enchentes em outras províncias do país diminuiu a capacidade nacional de ajudar todo mundo".

Graves problemas de acesso por terra, somadas a uma enorme zona geográfica de intervenção fizeram com que seja particularmente difícil autuar em termos de logística. Transportes adicionais por mar e ar são necessários para levar os itens necessários – atualmente guardados em estoques – à população deslocada.

Sinais de tensão foram registrados dentro dos acampamentos de Nowere, Braz, Valete e Calangana devido à flagrante falta de comida.

"Essas pessoas deixaram tudo para trás ao tentar escapar das enchentes", afirmou Véronique Mulloni, logística especializada em operações envolvendo água, higiene e saneamento. "Até agora, eles sobreviveram graças à pesca. Tudo que eles têm para uso diário são vasos de água e alguns kits de cozinha. Eles devem viver em casas de palha e têm um acesso limitado à assistência de saúde".

Duas semanas após a população deslocada ter sido reagrupada em áreas mais seguras, novos locais de acampamento são registrados todos os dias, com centenas de novas famílias. Até agora, 40 centros de acomodação foram contabilizados.

MSF pede ao governo moçambicano e aos atores humanitários internacionais que aumentem suas operações em termos de logística e suprimentos de emergência para atender as necessidades básicas do cada vez maior número de vítimas das enchentes.

Desde o início das enchentes, ocorridas no fim de janeiro, MSF tem concentrado suas intervenções em vários distritos das províncias de Zambesia e Tete. O principal objetivo é fornecer assistência básica a 50 mil deslocados internos, oferecendo abrigo, água potável e saneamento, distribuição de comidas e outros itens de emergência.

As equipes também estão ajudando as autoridades sanitárias de Moçambique, oferecendo assistência de saúde primária nos centros de acomodação, além de realizar vigilância epidemiológica. MSF está presente em Moçambique desde 1984.

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