Ucrânia: MSF continua expandindo suas atividades após mais de um ano de conflito

Milhares de pessoas que vivem em vilarejos remotos estão sem acesso a cuidados de saúde adequados

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Mais de um ano após o início do conflito no leste da Ucrânia, as necessidades médicas continuam latentes para moradores e pessoas deslocadas em ambos os lados da linha de frente de batalha. Muitos profissionais de saúde deixaram o país e as linhas de suprimentos médicos foram cortadas ou gravemente interrompidas, deixando milhares de pessoas que vivem em vilarejos remotos sem acesso a cuidados de saúde adequados. Muitas instalações médicas foram danificadas ou destruídas, e ainda há escassez crítica de medicamentos básicos e especializados.

MSF continua expandindo suas atividades médicas para responder às necessidades das pessoas vivendo nas áreas mais atingidas e das pessoas que tiveram de fugir do conflito. MSF mantém escritórios em Kyiv, Artemivsk, Kurakhove, Donetsk, Mariupol e Lugansk e suas atividades são realizadas por 69 profissionais internacionais e 341 profissionais locais.

Cuidados básicos de saúde

Desde janeiro, MSF tem administrado clínicas móveis nas regiões de Donetsk e Lugansk, nos dois lados da linha de frente, para oferecer cuidados básicos de saúde em cidades e vilarejos a moradores e pessoas deslocadas que vivem em acomodações temporárias. As equipes têm expandido as atividades e, hoje, administram clínicas móveis em cerca de 80 locais, concentrando esforços no atendimento às pessoas que vivem em áreas rurais e remotas, onde as necessidades são mais agudas. Em Debaltsevo, que foi devastada pelo conflito em janeiro e fevereiro e onde as pessoas estão vivendo em condições precárias, uma equipe de MSF está conduzindo consultas a domicílio para os pacientes mais idosos, que não têm condições de se locomover, e também equipou uma van para oferecer consultas médicas nos arredores da cidade. Em março e abril, MSF realizou 396 visitas domiciliares e 1.216 consultas na clínica móvel.

Muitas das pessoas que permaneceram nas áreas mais afetadas são as mais vulneráveis da comunidade – os idosos, deficientes e doentes –, que não tiveram meios de sair dali. Os médicos de MSF atendem, principalmente, pacientes com doenças crônicas, assim como infecções respiratórias, porque muitas casas tiveram as janelas quebradas e as pessoas estão vivendo em abrigos pouco aquecidos. Em duas instalações para idosos e doentes no sul da região de Lugansk, MSF também oferece cuidados fisioterápicos e treinamentos, assim como assistência para fornecimento e adaptação de próteses para melhorar a mobilidade do paciente.

Programa de saúde mental

MSF também está expandindo seu programa de saúde mental para beneficiar mais pessoas afetadas pelo conflito, pacientes em instalações sociais, pessoas deslocadas, bem como profissionais médicos. Mais de 2.400 consultas individuais foram conduzidas de maio de 2014 a maio de 2015. Muitos pacientes estão traumatizados pelos eventos que vivenciaram e podem ter insônia ou sentir ansiedade. Alguns testemunharam bombardeios e a perda de seus entes queridos diretamente, enquanto outros se separaram de suas famílias quando fugiram. MSF oferece aconselhamento aos pacientes para tentar aliviar os sintomas mais agudos que apresentam. Os psicólogos da organização também têm conduzido um programa de treinamento para psicólogos locais, assistentes sociais e profissionais médicos que trabalham em regiões afetadas para ajudar a aprimorar suas habilidades e evitar que fiquem esgotados. Desde agosto, eles realizaram mais de 540 sessões de treinamento, tratando de tópicos como primeiros socorros psicológicos, gestão de estresse e manejo de pacientes agressivos.

Suprimentos médicos

Com as linhas de suprimentos médicos gravemente prejudicadas ou inteiramente cortadas no leste do país desde a metade do verão passado, e instalações de saúde localizadas em áreas controladas por rebeldes não incluídas no orçamento de saúde do governo ucraniano de 2015, tem havido uma escassez crítica de medicamentos na região. Desde o início do conflito, MSF forneceu medicamentos, materiais médicos e equipamentos para mais de 130 instalações, hospitais, ambulatórios e instalações sociais.

Programa de tuberculose multirresistente a medicamentos no sistema penitenciário

MSF tem administrado um programa de tuberculose multirresistente a medicamentos na Ucrânia desde 2011, e, atualmente, tem 170 pacientes em tratamento em cinco centros de detenção provisória e prisões em Mariupol, Artemovsk, Dnepropetrovsk, Dzhanivka e Donetsk. A equipe que atua ali oferece todos os medicamentos necessários para tratar a doença e ajudar os pacientes a lidarem com os efeitos colaterais do tratamento. Quando o conflito começou no leste da Ucrânia, a gestão do programa de TB tornou-se um verdadeiro desafio, levando MSF a, eventualmente, interromper as atividades nos centros de detenção, na medida em que os bombardeios tornaram muito perigoso para as equipes chegarem aos locais. No entanto, mesmo que a equipe não tenha conseguido chegar até ali, MSF se certificou de que os medicamentos ainda estavam disponíveis, como têm estado, sem interrupção, ao longo de todo o conflito.

Atualmente, MSF retomou sua presença regular nas instalações e está ajudando a preencher algumas das lacunas na equipe médica. Muitos dos pacientes que interromperam seus tratamentos já o reiniciaram, e os dados mostram bons resultados em termos de adesão ao tratamento. MSF também está ajudando a controlar a propagação da doença dentro do sistema penitenciário, oferecendo apoio com diagnóstico precoce e melhorando os mecanismos de controle da infecção.

Desde maio de 2014, MSF ofereceu: suprimentos médicos para o tratamento de 20.750 pacientes feridos de guerra; medicamentos para tratar 32.700 pacientes com doenças crônicas; suprimentos para ajudar médicos a realizarem 53.200 consultas de cuidados básicos de saúde; e suprimentos para apoiar partos seguros de 3.300 mulheres. Além disso, conduziu 2.405 sessões de aconselhamento individual e 541 sessões de treinamento psicológico. Atualmente, a organização está apoiando 170 pacientes com tuberculose resistente a medicamentos em cinco instalações penitenciárias.

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