Tratamento de aids deve ser simplificado para atingir milhões de pessoas em países pobres

Para tratar as 9000 pessoas vivendo com HIV/aids em 19 países, MSF simplificou o tratamento, utilizando pílulas três-em-um e oferecendo assistência nas comunidades onde vivem os pacientes. Com isso, MSF espera triplicar o número de pacientes até 2004.

Milhões de pessoas vivendo com HIV/aids poderiam se beneficiar de medicamentos anti-retrovirais, mas isso só acontecerá se os modelos de tratamento se adaptarem melhor à real situação de países em desenvolvimento, avalia a organização Médicos Sem Fronteiras. Com essa abordagem, já iniciada em alguns de seus próprios projetos, MSF terá quadruplicado, até o final do ano, o número de pacientes recebendo tratamento ARV.

"A menos que o mundo modifique a abordagem em relação ao tratamento da aids, é improvável que as milhões de pessoas que necessitam do tratamento obtenham acesso aos medicamentos," diz Dr. Morten Rostrup, presidente do conselho internacional de Médicos Sem Fronteiras. "Adaptar significa menos pílulas por dia, menos testes de laboratório e tratamento gratuito, dispensado nas comunidades onde vivem os pacientes."

MSF já começou a implementar tratamentos adaptados em seus programas. No Malauí, MSF está tratando 2000 pacientes com a terapia tripla sendo administrada em dose única, ou seja uma única pílula por dia.

Diferentemente dos esquemas de tratamento de aids em países desenvolvidos, neste programa, o uso de testes laboratoriais é minimizado e o tratamento pode começar após um teste HIV positivo e uma avaliação clínica feita por pessoal treinado, podendo ser enfermeiros ou agentes de saúde. Isso permitiu que os números do tratamento fossem expandidos rapidamente: 250 novos pacientes foram admitidos só no mês passado.

“Nós estamos adaptando o modelo de tratamento de aids aqui às circunstâncias da vida real," diz Didakus Odhiambo Oola, coordenador geral de MSF no Malauí. “O uso de pílulas três-em-um e o treinamento abrangente de clínicos e enfermeiros têm nos permitido admitir e manter mais pacientes sob tratamento."

No Malauí, MSF oferece tratamento sem custo para o paciente. O custo anual de medicamentos por paciente coberto pelo projeto é de US$288. O custo de ARVs é crítico considerando-se que o governo do Malauí está no processo de implementar um programa de tratamento do Ministério da Saúde com a ajuda do Fundo Global para Aids, TB e Malária. Com a colaboração de especialistas da indústria farmacêutica, MSF estimou que o custo de US$70 para tratar uma pessoa durante um ano é uma meta viável. Atingir esta meta significaria que quatro vezes mais pessoas poderiam ser tratadas com o mesmo orçamento no Malauí.

MSF apóia a ambiciosa meta da Organização Mundial de Saúde (OMS) de expandir o tratamento de aids em países em desenvolvimento, e tem compartilhado seu conhecimento e experiência com a equipe de aids da OMS. MSF também está trabalhando junto aos governos de países endêmicos com o objetivo de apoiar seus esforços para expandir o tratamento.

Hoje, MSF trata mais de 9000 pessoas em 42 projetos e 19 países, e espera atingir 11000 pacientes até o fim do ano. MSF planeja estar tratando mais de 25 mil pacientes no final de 2004. MSF oferece tratamento como parte de um abrangente programa de HIV/aids que inclui aconselhamento voluntário e testagem, prevenção, educação, tratamento de doenças oportunistas e apoio nutricional.

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