Surto de sarampo na Somália pode ser contido por vacina

O sarampo é um dos grandes causadores de morte na Somália e é uma doença que pode ser facilmente prevenida.

Khadijo chegou a um hospital apoiado por Médicos Sem Fronteiras (MSF) há dois dias com seis de seus filhos. Ela tem sete, e todos estão com sarampo. Khadijo diz saber identificar os sintomas da doença, mas não veio ao hospital antes por viver muito longe dali e o transporte ser caro. Ela, primeiramente, tentou resolver o problema por meio da medicina tradicional – queimando diversas áreas do corpo – e somente foi ao hospital após a morte de seu caçula, de apenas um ano, Jakob. Sem tratamento, a sarampo pode ser fatal, principalmente para crianças. Com internação e tratamento, a maioria dos pacientes sobrevive, mas os melhores resultados advêm da prevenção por meio de vacina.

O sarampo vem ganhando força por toda a Somália, principalmente nos últimos seis meses. Desde janeiro, MSF tratou 4.288 pacientes em seus centros de saúde por todo país, em sua maioria crianças 1. Até mesmo em áreas onde autoridades médicas afirmam que as campanhas de vacinação são efetivas, MSF trata dezenas de pacientes todos os dias. Em Burco, área não afetada por conflitos armados onde campanhas de vacinação são rotineiras, MSF admitiu 586 pacientes com sarampo desde o início do ano. Tal prevalência não seria possível com uma cobertura adequada de vacinação.

A vacinação demanda, além de uma boa cobertura – que deve superar 90% da população alvo para conter epidemias -, transporte adequado e armazenamento da vacina na temperatura correta. Isso explica as epidemias que surgem em áreas já cobertas por campanhas de vacinação. Ainda mais preocupante são áreas onde as autoridades se recusam a promover campanhas. Em diversas localidades, MSF não obteve permissão para vacinar a população e a razão para isso é o fato de que as autoridades simplesmente não permitem.

O sarampo tem assolado a Somália nos últimos meses e muitas das unidades de MSF tem estado cheias de crianças infectadas, como as de Khadijo. Ela agora espera, sentada em um colchonete na tenda de MSF, na ala de sarampo, cercada por seus seis filhos, que eles melhorem o suficiente para poderem viajar. A família de Kadhijo sofreu, como a maioria, com a seca do último ano. Eles perderam quase metade de seus animais e estavam se recuperando, até que o sarampo chegou à aldeia.

Em outubro de 2011, duas profissionais de MSF, Montserrat Serra e Blanca Thiebaut, foram sequestradas no acampamento de refugiados de Dadaab, no norte do Quênia, enquanto prestavam assistência emergencial à população da Somália. Elas continuam sequestradas, e MSF, que ainda atua salvando vidas em crises severas, suspendeu a abertura de quaisquer projetos não emergenciais na Somália até a soltura de ambas.

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