Sudão do Sul: situação no campo de Yida está se agravando

Já são 63.500 refugiados sudaneses em uma área destinada para atender apenas 15 mil pessoas

Cerca de 500 pessoas por dia estão chegando ao acampamento de Yida. O Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) reportou um total de 63.500 refugiados em um já lotado acampamento, originalmente criado para atender 15 mil pessoas. Após ter andado por dias, algumas vezes semanas, cruzando as Montanhas Nuba para fugir dos conflitos e da insegurança alimentar do sul de Kordofan no vizinho Sudão, os refugiados chegam em péssimo estado de saúde.

 “A maioria de nossos pacientes estão em choque, e a mortalidade no hospital está crescendo, à medida que a população no acampamento cresce”, explica o Dr. Mego Terzian, assistente de emergência de MSF. “Devido ao enorme volume de pacientes, temos que focar nossas atenções naqueles cujas vidas estão em risco e em crianças com diarreia, infecções graves ou desnutrição.”

A maioria dos pacientes no hospital de MSF são crianças com menos de cinco anos. O número de crianças internadas dobrou em relação ao último mês, de 104 para 209. A porcentagem de crianças com desnutrição atendidas em consulta também cresceu e a mortalidade no hospital mais que dobrou em um mês – de 7% para 15%, principalmente devido à diarreia e a infecções graves, incluindo pneumonia. As equipes de MSF estão fazendo todo o possível para ajudar os pais a identificarem sintomas para que levem as crianças ao hospital o quanto antes.

O número de pessoas em Yida mais que triplicou desde abril de 2012. As chuvas já começaram e os recursos para saneamento básico e água são simplesmente insuficientes. Apesar dos esforços das organizações que atuam em campo, as condições de recepção e de vida para os 63.500 refugiados são absolutamente inadequadas.

 “A maioria das consultas realizadas nas instalações médicas de MSF são para tratamento de doenças relacionadas à água, que poderiam ser contidas, caso houvesse latrinas suficientes ou acesso adequado à água potável”, explica André Heller-Perrache.

Para responder às crescentes necessidades, MSF, a principal organização médica em campo, intensificou suas atividades, aumentando a capacidade do hospital para 60 leitos em três tendas adicionais. MSF está também engrossando sua equipe, que já é composta por 80 pessoas.

MSF está atuando em Yida, no estado de Unity no Sudão do Sul, desde novembro de 2011. A organização administra um hospital no campo de refugiados e um serviço de consultas, além de prestar serviços médicos na área do campo usada para cadastramento dos refugiados. Em junho, MSF vacinou mais de 14 mil crianças com menos de 15 anos contra sarampo e continua a vacinar crianças de seis meses a cinco anos na área de cadastramento do acampamento. Outras equipes de MSF estão prestando assistência a refugiados sudaneses no estado do Alto Nilo.
 

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