Sudão do Sul: MSF condena bombardeio de seu hospital em Old Fangak

Farmácia da organização foi totalmente queimada após ataque na cidade, que deixou pelo menos sete pessoas mortas e 20 feridas

Hospital de MSF em Old Fangak em chamas após ser bombardeado. Sudão, maio de 2025.

Médicos Sem Fronteiras (MSF) condena veementemente o bombardeio deliberado de seu hospital em Old Fangak, no Sudão do Sul, ocorrido no último dia 3 de maio. O ataque começou por volta das 4h30, quando dois helicópteros lançaram uma bomba sobre a farmácia de MSF, queimando-a completamente, e depois dispararam contra a cidade de Old Fangak por cerca de 30 minutos. Por volta das sete horas da manhã, um drone bombardeou o mercado de Old Fangak. Pelo menos sete pessoas foram mortas e 20 ficaram feridas.

“Às oito horas da manhã, recebemos cerca de 20 pessoas feridas em nosso hospital em Old Fangak, incluindo quatro em estado crítico. Há relatos de mais pessoas mortas e feridas na comunidade. Um paciente e dois acompanhantes – incluindo um de nossos profissionais – que já estavam dentro do hospital, foram feridos no bombardeio. Os pacientes que não estavam em estado crítico fugiram da instalação”, relata Mamman Mustapha, coordenador-geral de MSF no Sudão do Sul.

Hospital de MSF em Old Fangak em chamas após ser bombardeado. Sudão, maio de 2025.

O bombardeio do nosso hospital em Old Fangak resultou em danos significativos, incluindo a destruição completa da farmácia, que foi totalmente queimada. Era lá que estavam armazenados todos os suprimentos médicos para o hospital e para nossas atividades realizadas nas comunidades, o que comprometeu seriamente nossa capacidade de oferecer atendimento.

Condenamos veementemente esse ataque, que ocorreu apesar de a geolocalização de todas as estruturas de MSF, incluindo o hospital de Old Fangak, ter sido compartilhada com todas as partes envolvidas no conflito.”
Mamman Mustapha, coordenador-geral de MSF no Sudão do Sul

O hospital de Old Fangak é o único do condado, atendendo a uma população de mais de 110 mil pessoas que já tinham acesso extremamente limitado à assistência médica.

Ainda estamos avaliando a extensão total dos danos e o impacto sobre nossa capacidade de prestar atendimento, mas este ataque significa definitivamente que as pessoas ficarão ainda mais impossibilitadas de receber tratamento médico essencial.

“Pedimos a todas as partes envolvidas no conflito que protejam os civis e a infraestrutura civil, o que inclui profissionais de saúde, pacientes e instalações de saúde. Os hospitais nunca devem ser alvo de ataques, e as vidas dos civis precisam ser protegidas”, ressalta Mustapha.

Esta é a segunda vez que um hospital de MSF é afetado no último mês, após o saque armado de nosso hospital e nossas instalações em Ulang, no estado do Alto Nilo, em 14 de abril, o que fez com que toda a população do condado ficasse sem acesso a cuidados de saúde secundários.

Desde 2014, MSF vem oferecendo serviços de saúde secundária no condado de Fangak, uma área remota onde as pessoas lutam para ter acesso a cuidados médicos devido a inundações, insegurança e deslocamento. O hospital apoiado por MSF é a única instalação que atende a uma população de mais de 110 mil pessoas no condado de Fangak. Muitos pacientes viajam por dias de canoa para chegar até ele, principalmente durante a estação chuvosa, quando as inundações extremas isolam comunidades inteiras.

No Sudão do Sul, MSF trabalha em seis dos 10 estados do país e em duas áreas administrativas, oferecendo uma gama de serviços que incluem serviços de saúde gerais, cuidados de saúde mental e atendimento hospitalar especializado. Nossas equipes móveis também oferecem assistência médica a pessoas deslocadas e comunidades remotas. Além de responder a emergências e surtos de doenças, realizamos atividades preventivas, como campanhas de vacinação, quimioprevenção sazonal da malária, fornecimento de água potável e distribuição de itens de primeira necessidade.

 

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